Política

DIRETO NA CONTA

Governo federal empenha em emendas Pix mais de R$ 40,9 milhões ao Estado

Valores estavam paralisados até a primeira semana deste mês por causa das mudanças de regras impostas por ministro do STF

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Com o empenho parado desde o ano passado por causa das mudanças de regras impostas pelo ministro Flávio Dino, do Superior Tribunal Federal (STF), o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou, na primeira semana deste mês, R$ 2,3 bilhões em emendas Pix, que são emendas individuais da modalidade Transferências Especiais (TE), conforme informações do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop).

De acordo com consulta feita pelo Correio do Estado no Painel Transferegov, vinculado ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, apenas para Mato Grosso do Sul, foram empenhados R$ 40,9 milhões após pressão de deputados federais e senadores para destravar os recursos o quanto antes.

Desse total de recursos destinados ao Estado, 93,3%, ou seja, R$ 38,197 milhões, foram para atender os parlamentares sul-mato-grossenses do Centrão e da oposição. Trata-se do primeiro lote deste ano liberado para todo o Brasil após as mudanças determinadas por Flávio Dino para que haja o rastreamento da aplicação.

Para os parlamentares de Mato Grosso do Sul, foram 56 empenhos de emendas Pix, totalizando R$ 40,9 milhões que só puderam ser feitos após serem aprovados o plano de trabalho de como o recurso será aplicado e a abertura de conta específica pelo município ou pelo governo estadual para receber o dinheiro.

Antes, não havia nenhum controle sobre a aplicação dessas emendas, de forma que não podiam ser rastreadas e estavam sem controle sobre a utilização, não havia como verificar se foram aplicadas de forma correta.

As emendas Pix para o Estado são de nove parlamentares federais sul-mato-grossenses, com os maiores valores beneficiando parlamentares do Centrão e da oposição ao governo de Lula. Um deles é o senador Nelsinho Trad (PSD), que foi “agraciado” com R$ 12 milhões, o maior valor individual.

O oposicionista Rodolfo Nogueira (PL) é o segundo mais beneficiado pelo Planalto, tendo empenhado R$ 10,6 milhões de emendas Pix. Outro opositor é o terceiro mais atendido, o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP), que teve liberado R$ 6,7 milhões.

Do PSDB, que faz críticas a Lula, os deputados federais Dagoberto Nogueira e Beto Pereira foram atendidos com R$ 4,2 milhões e R$ 2,4 milhões, respectivamente, enquanto a senadora Soraya Thronicke (Podemos) recebeu R$ 1,8 milhão em emendas Pix para atender suas bases.

Já os deputados sul-mato-grossenses da base de apoio do governo de Lula, Camila Jara e Vander Loubet, ambos do PT, foram beneficiados com o empenho de R$ 2 milhões e R$ 763 mil, respectivamente, totalizando R$ 2,7 milhões, enquanto o deputado federal Marcos Pollon, do PL, teve liberado apenas R$ 396 mil.

O deputado federal Geraldo Resende, do PSDB, e a senadora Tereza Cristina, do PP, não foram atendidos com recursos das emendas Pix. Do valor total, R$ 17,2 milhões são destinados ao governo estadual, e a maior liberação é no valor de R$ 9,9 milhões.

Depois, vem Dourados, com R$ 5,94 milhões, seguido por Maracaju, com R$ 2,08 milhões, Ivinhema, com R$ 1,98 milhão, Nioaque, com R$ 1,88 milhão, Iguatemi, com R$ 1,78 milhão, Glória de Dourados, com R$ 1,26 milhão, e Juti, com R$ 297 mil. Ao todo, essas 56 emendas Pix são para 17 municípios e para o governo estadual.

ENTENDA

O recurso federal saiu na semana em que a oposição pressionava para votar um projeto de lei de anistia ampla para os condenados pelas invasões de prédios públicos no 8 de Janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL).

Bem como em meio à atuação dos parlamentares de Centrão e da direita na Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) para investigar os desvios indevidos e benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), e em meio ao desembarque do União Brasil e do PP da base aliada do governo de Lula.

Este ano o procedimento de empenho foi adotado com até três meses de atraso em comparação com 2024 e 2023, em decorrência das novas regras para transferências especiais. Agora, com a adoção das mudanças determinadas pelo ministro Flávio Dino e das orientações do Tribunal de Contas da União (TCU), os empenhos começaram a ser feitos.

No ano passado, o ministro Flávio Dino ordenou a suspensão dos pagamentos, que só seriam liberados mediante algumas condições, entre elas o plano de trabalho. Neste ano, o governo também está exigindo a apresentação do plano de trabalho para aprovar a liberação dos recursos.

Isso significou uma mudança importante em relação a como as emendas Pix funcionavam: na prática, o dinheiro ia para municípios e governadores sem um carimbo sobre a destinação dos recursos, ou seja, prefeitos e governadores poderiam decidir como usar o dinheiro sem depender de aval do governo federal.

Agora, não apenas a aplicação da verba precisa estar atrelada a um objeto previamente definido, mas também o plano de trabalho deve ser aprovado pelo ministério correspondente.

No ano passado, emendas Pix alimentaram bases eleitorais, irrigaram festas, micaretas e até corridas de automóvel, como mostrou auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) entregue ao STF em novembro.

*SAIBA

Em 24 de junho, a Secretaria de Relações Institucionais, comandada por Gleisi Hoffmann, publicou uma nota em que defende o governo das críticas à falta de pagamento das emendas.

“Diferentemente de anos anteriores, em que o orçamento da União foi aprovado pelo Congresso Nacional no mês de dezembro e sancionado em janeiro, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 foi votada e aprovada em 20 de março, tendo sido sancionada em 10 de abril”, diz o texto.

Com isso, o ministério afirma que teve pouco mais de 50 dias para a autorização dos pagamentos. Desde então, houve uma aceleração no processo – ainda insuficiente para os congressistas. A maior rapidez em liberar as emendas parlamentares está relacionada a uma tentativa de melhorar as relações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois do anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A estratégia não surtiu efeito: o decreto do IOF foi derrubado em votação no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, o placar foi de 383 votos a 98 em favor do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 314 de 2025, que revoga integralmente o decreto do governo.

No mesmo dia, o Senado endossou a suspensão do decreto em votação simbólica. A fase do empenho é diferente do pagamento. O empenho é o 1º estágio da execução da despesa pública. É quando o governo formaliza que reservará uma parte do dinheiro disponível no Orçamento para o projeto proposto por algum deputado ou senador.

Depois do empenho, o valor é reservado. Funciona como um seguro da autoridade de que o pagamento será feito. Com isso, o serviço indicado por uma emenda pode ser contratado – na expectativa de que o pagamento vai de fato ocorrer em algum momento.

Depois do empenho, vem o estágio da liquidação – quando o governo reconhece que o serviço contratado foi entregue – e, por último, o pagamento de fato, com a liberação da verba na conta de quem executou o serviço contratado.

POLÍTICA

Carla Zambelli renuncia ao mandato após STF determinar que suplente assumisse

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal.

14/12/2025 15h00

Deputada Federal Carla Zambelli

Deputada Federal Carla Zambelli Divulgação

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Na tarde deste domingo (14), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao cargo parlamentar. A decisão foi tomada após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o suplente, Adilson Barroso (PL-SP),  assumisse o cargo em até 48 horas.

Em nota, a Câmara informou que a deputada comunicou à Secretaria-Geral da Mesa a sua renúncia. "Em decorrência disso, o presidente da Câmara dos Deputados determinou a convocação do suplente, deputado Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse", informou a Casa em nota.

Em maio, Zambelli foi condenada pela Corte a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita pelo hacker Walter Delgatti Neto. O caso dela transitou em julgado, sem mais chances de recursos, em junho. 

A decisão foi levada para análise do plenário da Câmara. Na madrugada de quinta-feira (11), foram 227 votos a favor da cassação do mandato de Zambelli contra 170 votos pela manutenção. Eram necessários 257 para que ela perdesse o cargo.

Porém, na sexta-feira (12), o STF anulou a deliberação da Câmara e determinou a perda imediata do mandato. A Corte apontou que a votação violava a Constituição no dispositivo que impõe perda de mandato nos casos de condenação com trânsito em julgado.

Estratégia

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal. Segundo aliados de Zambelli, seria uma estratégia para preservar os direitos políticos dela.

“Ao renunciar antes da conclusão da cassação, preserva direitos políticos, amplia possibilidades de defesa e evita os efeitos mais graves de um julgamento claramente politizado”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara.

Carla Zambelli está presa na Itália, desde julho deste ano, depois de fugir do Brasil em decorrência do trânsito em julgado do processo no STF. O Supremo aguarda a extradição.

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Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

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