Política

Disputa interna

Grupo de Simone articula para tirar Puccinelli e assumir o MDB

O primeiro ato desta movimentação é o lançamento da candidatura do deputado estadual Marcio Fernandes, do grupo da ministra do Planejamento, para disputar a presidência estadual do partido

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Os dias de comando do ex-governador André Puccinelli à frente do MDB de Mato Grosso do Sul podem estar contados em razão do fortalecimento nacional de Simone Tebet, que se licenciou do mandato de senadora para assumir o Ministério do Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fontes ouvidas pela reportagem do Correio do Estado revelaram que o grupo encabeçado pela parlamentar licenciada pretende assumir o controle da legenda em represália ao fato de o diretório estadual da sigla não ter apoiado sua candidatura à Presidência da República nas eleições do ano passado.

Segundo essas mesmas fontes, o primeiro ato desse projeto de poder do grupo é o lançamento da candidatura do deputado estadual reeleito Marcio Fernandes à presidência do Diretório Estadual do MDB, disputando o cargo com o atual presidente, deputado estadual eleito Junior Mochi.

Essa candidatura seria um recado direto a André Puccinelli de que seu grupo, que além de Junior Mochi também conta com o ex-senador Waldemir Moka, enfrentará resistência a partir de agora.

O grupo encabeçado por Simone Tebet, além de Marcio Fernandes, contaria ainda com o deputado estadual licenciado Eduardo Rocha, marido da ministra, e com o deputado estadual reeleito Renato Câmara.

Além da projeção nacional graças ao bom desempenho de Tebet na eleição presidencial do ano passado, quando ficou em 3º lugar, e com a conquista do Ministério do Planejamento por ela, o grupo também obteve relevância estadual com a escolha de Eduardo Rocha para secretário-chefe da Casa Civil no governo de Eduardo Riedel (PSDB) – ele já era o secretário estadual de governo na gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Essa projeção em nível local e nacional acabou por credenciar o grupo de Simone Tebet a alçar voos mais altos em Mato Grosso do Sul, batendo de frente com André Puccinelli, que neste início de ano ficou ativo nas suas mídias sociais já de olho nas eleições municipais de 2024.

De acordo com as fontes ouvidas pelo Correio do Estado, essa “pré-campanha” antecipada pelo ex-governador para prefeito de Campo Grande teria provocado a ira do novo grupo, que não considera mais o nome dele viável para disputar nenhuma eleição pelo MDB no Estado.

Ministra

Em conversa com o Correio do Estado, Simone Tebet disse que nunca teve outro partido na sua vida pública senão o MDB.

“Essa fidelidade partidária eu sei que é coisa que muitos até questionam, considerando como algo menor, mas, para mim, é fundamental, e faço e fiz política sempre sob as hostes da legenda”, declarou.

Ela acrescentou que tem grandes companheiros dentro da sigla e, sobre a troca de comando, afirmou que essa é uma decisão que será tomada em momento oportuno pelo próprio MDB.

“O partido tem excelentes pessoas nos seus quadros e ainda não tive tempo de me reunir com os companheiros para saber qual a decisão em relação à nova direção partidária”, revelou a ministra.

Simone Tebet frisou que o mandato do atual presidente [deputado estadual eleito Junior Mochi] só termina no meio do ano.

“Então, temos tempo para analisar de forma coletiva qual vai ser o melhor caminho que o MDB vai seguir internamente e, depois, obviamente, os espaços de parceria, não só com o governo estadual, mas também com o governo federal”, projetou.

Primeiro embate

Com eleição para a presidência do Diretório Estadual do MDB programada para janeiro deste ano, os dois grupos devem disputar voto a voto e será um tira-teima sobre quem comandará a legenda em Mato Grosso do Sul nos próximos anos.

As “feridas” surgidas durante as eleições gerais deste ano dentro do MDB do Estado ainda estão abertas, tanto para o grupo ligado à ministra quanto para o grupo capitaneado por André Puccinelli.

Em entrevista ao Correio do Estado, Eduardo Rocha disse que ainda está filiado ao MDB, mas está afastado, e, por isso, pretende conversar com as outras lideranças da sigla para saber se elas consideram importante que ele continue na legenda.

Apesar de dizer que não guarda mágoa pelo fato de a candidatura da esposa não ter recebido apoio do partido em Mato Grosso do Sul, fez questão de frisar: “Simone não recebeu nenhum apoio do MDB na campanha para presidente da República, mas a eleição passou. A gente entende que era um momento de polarização muito forte e as pessoas ou eram Jair Bolsonaro [PL], ou eram Lula, e não teve respaldo do partido, tocando a campanha dela sozinha”, disse.

Ele garantiu que o domicílio eleitoral da futura ministra do Planejamento continua em Campo Grande e não há previsão de mudar como chegou a ser cogitado.

Já Marcio Fernandes confirmou ao Correio do Estado que vai mesmo disputar a presidência do Diretório do MDB em Mato Grosso do Sul e que está construindo essa possibilidade.

“Estamos construindo isso com os deputados estaduais do partido e também com Eduardo Rocha e Simone Tebet. Eu acredito que temos um caminho a ser construído com parceiros que já tivemos por muitos anos e sempre obtivemos sucesso”, declarou.

O deputado referiu-se ao PSDB, com quem a legenda caminhou lado a lado na Assembleia Legislativa, governo do Estado, Câmara Municipal e Senado Federal.

Ele também prega a oxigenação do MDB e a volta de Simone Tebet e do marido Eduardo Rocha.

“Sobre a possibilidade de assumir o comando do diretório, se esse for o entendimento também das lideranças do MDB, e acredito que seja, eu estarei à disposição para cumprir essa missão”, assegurou.

No entanto, Junior Mochi garantiu à reportagem do Correio do Estado que ainda é muito cedo para dizer se terá ou não uma disputa pela presidência do diretório estadual do partido.

“Não temos nem sequer a data definida para acontecer a eleição e, por isso, é prematuro falarmos sobre isso”, destacou o presidente, completando que Eduardo Rocha está apenas licenciado do MDB, mas ainda é filiado.

“Portanto, ele é sempre bem-vindo. Jamais as portas da legenda estiveram fechadas para ele”, reforçou. Entretanto, durante a cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos neste ano, o ex-governador André Puccinelli não escondeu a mágoa com dois dos três deputados eleitos pela sigla.

Quando foi questionado sobre o MDB e as articulações políticas, André disse que aguarda para saber quantos lhe gostam e quantos não lhe gostam no partido, deixando claro que os “desafetos” seriam Marcio Fernandes e o deputado estadual reeleito Renato Câmara.

Ele ainda destacou que agora não pode contar nem com os companheiros, referindo-se novamente aos dois deputados estaduais.

No momento, a presidência do MDB está garantida com Junior Mochi até o meio do ano, apesar de seu mandato ter sido findado no dia 19 de dezembro do ano passado, foi prorrogado por mais seis meses.

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ACEITOU

Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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