A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no sistema de pagamentos de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deve começar na primeira semana de agosto.
Único sul-mato-grossense titular da CPMI até agora, o deputado federal Beto Pereira (PSDB) sabe que é muito remota a chance de ele conseguir o cargo de mais destaque para deputados, que é a relatoria, mas vê uma pequena oportunidade, em razão de vários fatos que ocorreram no cenário político nacional neste mês.
"Ainda há uma discussão para definição do relator, mas, certamente, diante de fatos recentes ocorridos neste mês de julho, todos os deputados que lá estão hoje têm chance de pegar a relatoria", explicou Beto Pereira.
Uma fonte que transita pelo Congresso Nacional explicou ao Correio do Estado que existe uma forte tendência de que um deputado de centro e comprometido com a investigação fique com a relatoria da CPMI. Neste sentido, o sul-mato-grossense seria um nome entre um extremo, governista, e outro, de total oposição.
Na época da disputa envolvendo o Poder Executivo e a Câmara dos Deputados sobre o aumento na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), até mesmo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou a cogitar um dos líderes da oposição, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), como o relator da CPMI do INSS.
Depois de um embate de uma semana em redes sociais, em que o PT e o governo federal saíram das cordas com uma narrativa do "nós contra eles" em busca do que chamam de "justiça tributária", em que um dos alvos foi Hugo Motta, a situação mudou.
A relatoria nas mãos do PL perdeu ainda mais força depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), dos Estados Unidos, que depois do fim de sua licença vai deliberadamente faltar às sessões, reivindicou para si a articulação do tarifaço comercial de 50% dos EUA contra o Brasil, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Neste contexto, os partidos alinhados ao centro devem se unir para indicar o relator, situação em que é possível uma indicação de Beto Pereira, ainda que ele não figure entre os favoritos.
Pelo lado governista, integrantes da base do governo esperam que o relator tenha "perfil investigativo" e que a CPMI não vire palanque eleitoral. O desafio dos aliados do governo será reverter a narrativa que associa as fraudes do INSS ao Executivo.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), é o primeiro nome escolhido pelo PT para a CPMI.
O PL, maior patrocinador da comissão, ainda deve realizar reuniões internas para oficializar os nomes escolhidos. A sigla tem 90 deputados, e vários deles reivindicam vaga no colegiado.
O partido deve ter seis cadeiras, entre titulares e suplentes. Envolvidos nas articulações para criar a comissão, além de Nikolas Ferreira, os deputados Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Coronel Fernanda (PL-MT) são cotados para compor a "tropa de choque" do PL no colegiado.
Presidência
A presidência da CPMI deve ficar com um senador, e o partido que indicará a presidência da comissão é o PSD. Tudo indica que o senador Omar Aziz (PSD-AM) fique com o posto.
Entre os senadores, outro sul-mato-grossense pode participar da CPMI. Nelsinho Trad deve ser o suplente de Aziz na comissão. Ele ficaria no "banco de reservas".
30 integrantes
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada no mês passado para investigar descontos indevidos em benefícios do INSS será composta por 30 integrantes: 15 senadores e 15 deputados federais.
A presidência da comissão ficará com o Senado e o relator será da Câmara.




