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Indicação de Eduardo à embaixada dos EUA tem resistência em comissão

Indicação de Eduardo à embaixada dos EUA tem resistência em comissão

ESTADÃO CONTEÚDO

13/07/2019 - 15h37
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O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deve enfrentar resistência para assumir a embaixada de Washington caso sua indicação seja confirmada pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro. Dos atuais 17 integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado - responsável por analisar o nome -, seis disseram ao Estado ser contrários, outros sete afirmaram ser favoráveis, três preferiram não comentar e apenas um não se manifestou, a senadora Renilde Bulhões (PROS-AL).

Para ter sua nomeação como embaixador confirmada, Eduardo deverá passar por uma sabatina na comissão e, em seguida, ser submetido a uma votação secreta. Depois, é a vez de o plenário do Senado dizer se aceita ou não o escolhido pelo presidente. Ele precisará do voto favorável da maioria dos 81 senadores - também em votação secreta.

Conforme registros da Comissão de Relações Exteriores, apenas uma indicação presidencial para embaixador foi rejeitada ao longo da história. Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff enviou o nome de Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, para a vaga de embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), mas ele não teve aval da maioria dos senadores.

O Estado apurou que o irmão mais velho de Eduardo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), entrou em contato com colegas para medir a "temperatura" do Senado em relação à indicação. Flávio não faz parte da Comissão de Relações Exteriores. Os partidos, porém, podem trocar os nomes dos integrantes a qualquer momento

O principal argumento dos que rejeitam a indicação é a falta de experiência de Eduardo. Segundo parlamentares, o filho "03" de Bolsonaro não tem o perfil adequado para assumir a embaixada americana, considerada a mais representativa do País no exterior "Para assumir a embaixada de Washington precisa de muitos outros atributos, como no mínimo 30 anos de carreira e não apenas falar bem o inglês", disse o senador Marcos do Val (Cidadania-ES), vice-presidente da comissão. 

Senadores afirmaram ainda que a confirmação do nome do filho daria ao presidente a sinalização que ele poderia "fazer o que quiser". "Às vezes, parece que Bolsonaro brinca de ser presidente e isso é muito sério", disse Mara Gabrilli (PSDB-SP).

Outros, porém, alegaram que o fato de ser filho do presidente pode representar uma vantagem para Eduardo no cargo. "O tratamento será bem diferente do que seria dado a qualquer outro embaixador", declarou Romário (Podemos-RJ).

Ressalvas

Mesmo parlamentares que declaram apoio fizeram ressalvas à indicação. "Não seria adequado, mas não é ilegal", disse o senador Mecias de Jesus (PRB-RR), representante do seu partido na Comissão de Relações Exteriores. "Se fosse eu o presidente da República não convocaria meu filho, mas, se ele convocou, deve ser porque o rapaz tem condições", afirmou Zequinha Marinho (PSC-PA), integrante do colegiado. 

Presidente da comissão, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) disse que vai trabalhar para que a indicação seja aprovada em até 60 dias. Antes, porém, precisará limpar a pauta e analisar as indicações de quatro embaixadores que estão na fila: Romênia, Hungria, Cingapura e Malásia.

Trad se reuniu ontem com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para tratar do assunto. "O Eduardo não chegou onde chegou só pelo sobrenome. Ele tem as virtudes dele também", disse o senador. "Vou votar a favor e vou ajudar para que o nome dele passe." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tarifaço

Eduardo Bolsonaro grava novo vídeo pedindo que Trump puna Moraes e outros políticos do Brasil

No vídeo, ele diz que políticos liderados pelo PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atuam para prendê-lo em razão da atuação dele em solo americano

13/07/2025 20h00

Marcelo Camargo / Agência Brasil

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O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo nas redes sociais neste domingo, 13, pedindo para que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, puna o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e outros políticos brasileiros com a Lei Magnitsky, que permite a imposição de sanções econômicas a acusados de corrupção ou de graves violações de direitos humanos.

No vídeo, ele diz que políticos liderados pelo PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atuam para prendê-lo em razão da atuação dele em solo americano. O parlamentar licenciado publicou ainda foto do vice-presidente Geraldo Alckmin em cerimônia de posse do presidente do Irã em que ele está ao lado de líderes do Hamas e Hezbollah, sugerindo que esta é uma prova de que o Brasil não é mais uma democracia e insinuando que a atual gestão tem ligação com grupos terroristas do Oriente Médio.

"Eu peço humildemente ao presidente Trump, (secretário de Estado Marco) Rubio, peço a vocês para vocês aplicarem a Lei Magnitsky contra essas pessoas. Eles não são políticos comuns, eles são criminosos, pessoas desonestas. Por favor façam isso para resgatar nossa democracia", disse Eduardo Bolsonaro.

Para o deputado licenciado, o Brasil também não seria uma democracia em razão da perseguição judicial contra a família dele mesmo. "Quase todo mundo na minha família está enfrentando julgamentos injustos", afirmou.

A Lei Magnitsky foi criada no governo Barack Obama e passou por alterações. Essa legislação permite punição a estrangeiros que tenham violado gravemente os direitos humanos fiquem com bens e contas bancárias bloqueados nos EUA, além de ter o visto cancelado e receber a proibição de entrar em solo americano.

Para sair da lista, é preciso provar que não teve ligação com as atividades ilegais que levaram à punição, que já respondeu na Justiça por isso ou que mudou de comportamento de forma significativa.

Para se impor a sanção, o presidente dos EUA deve apresentar provas das violações ao Congresso americano, que avalia o que foi apresentado. O Partido Republicano, de Trump, tem a maioria na Câmara dos Representantes e no Senado.

Bolsonaristas desejam que Alexandre de Moraes seja o alvo da lei Magnitsky. No vídeo, Eduardo ainda chamou o juiz de "ministro maluco".

Eduardo Bolsonaro foi aos EUA e pediu licença parlamentar não remunerada de 122 dias em março para permanecer no país americano sem perder o mandato parlamentar. Ele afirma que está nos EUA para combater as ameaças à liberdade de expressão no Brasil.
 

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Política

Lindbergh pede inclusão de Flávio e Jair Bolsonaro em inquérito por obstrução de investigação

O inquérito, aberto por decisão do ministro Alexandre de Moraes após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR)

13/07/2025 19h00

Crédito: Wilson Dias / EBC

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O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sejam incluídos no inquérito aberto no STF contra o deputado Eduardo Bolsonaro para apurar possível tentativa de obstrução de investigação em relação ao ex-presidente.

O inquérito, aberto por decisão do ministro Alexandre de Moraes após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), apura se Eduardo teria cometido os crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O motivo para o processo é a atuação do filho do ex-presidente nos Estados Unidos nos últimos meses. Eduardo tem falado abertamente sobre seu trabalho no sentido de convencer autoridades dos Estados Unidos a sancionar Moraes e o Brasil por causa das investigações contra seu pai.

No pedido, Lindbergh alega que "é notório que o deputado federal Eduardo Bolsonaro se encontra nos Estados Unidos, atuando junto a autoridades e agentes políticos para viabilizar apoio às sanções contra o Brasil, apresentando o STF como inimigo da liberdade e promovendo investida diplomática contra os interesses nacionais".

O petista cita uma entrevista do senador Flávio Bolsonaro à CNN Brasil e uma publicação de Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Na entrevista, Flávio disse que o "primeiro passo" para o Brasil conseguir reverter a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seria aprovar uma anistia "ampla e irrestrita". Jair Bolsonaro, por sua vez, pediu "aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas para resgatar a normalidade institucional". Nas palavras do ex-presidente, "ainda é possível salvar o Brasil".

"As ações do núcleo político-familiar liderado por Jair Bolsonaro evidenciam a tentativa de transformar o Brasil em satélite de um projeto internacional de extrema-direita, comprometendo a autonomia do Estado brasileiro e o funcionamento regular das instituições democráticas", declarou Lindbergh no pedido apresentado ao STF.

O caso é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem caberá decidir se Flávio e Jair Bolsonaro serão de fato incluído no inquérito para apurar suspeita de tentativa de obstrução de justiça.

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