Política

SOB SUSPEITA

Justiça fecha cerco contra má utilização do "orçamento secreto" da União em MS

O ministro Flávio Dino, do STF, determinou que a CGU apurasse o leilão de 5 veículos seminovos em Vicentina

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Por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Controladoria-Geral da União (CGU) apertou o cerco contra a má utilização de recursos da União, via emendas parlamentares, por meio do “orçamento secreto” ou “emendas Pix” – emendas individuais da modalidade transferências especiais (TE) –, pelas prefeituras de Mato Grosso do Sul e de outras Unidades da Federação nos últimos anos.

No caso do Estado, as emendas enviadas via “orçamento secreto” para a prefeitura de Vicentina entraram na mira do ministro do STF, que, desde o ano passado, determinou mudanças nas regras para aumentar a transparência e fazer um pente-fino nos mais de R$ 20 bilhões enviados a municípios de todo o Brasil desde 2020.

A CGU colocou sob suspeita o ex-prefeito Marcos Bennetti (PSDB), o Marquinhos do Dedé, que, em 2024, levou a leilão cinco veículos do modelo Kwid, da Renault, ano 2022, modelo 2023, ou seja, seminovos, que tinham sido adquiridos com verbas federais e foram vendidos sem que o Executivo municipal informasse para onde foi o dinheiro obtido com os negócios.

Os cinco automóveis foram comprados com verbas do “orçamento secreto” – modalidade extinta em 2022 pela falta de transparência sobre os autores das emendas – e tinham como finalidade o transporte de pacientes da zona rural da cidade para unidades de saúde na zona urbana.

Conforme as notas fiscais das compras, cada veículo saiu por R$ 63,9 mil, mas foram vendidos por R$ 30 mil no leilão. Os cinco estavam rodando e apenas um tinha avarias. Por determinação de Flávio Dino, a CGU foi até a cidade no fim do ano passado para conferir como o dinheiro foi utilizado.

Entretanto, chegando lá, os auditores foram informados de que os veículos haviam sido vendidos em um leilão realizado no dia 21 de maio de 2024. Cobrada a prestar contas, a prefeitura não apresentou justificativas para a venda dos bens, tampouco documentação que embasasse o leilão.

Agora, neste ano, a CGU voltou a fazer novas cobranças e o atual prefeito está levantando a documentação necessária para saber que fim levou o dinheiro arrecadado com o pregão.

“Não consegui descobrir [para onde foi o dinheiro]. A antiga gestão sumiu com todas as informações do leilão. Não apareceu no balanço do ex-prefeito. Quando a gente assumiu, já tinha tido essa fiscalização [da CGU] e já tinham constatado as irregularidades”, afirmou ao Correio do Estado o atual prefeito, Cleber Dias da Silva (MDB), que tomou posse no dia 1º de janeiro deste ano.

Ainda à reportagem, ele disse que não sabe quem arrematou esses carros, pois foram comprados por terceiros. “A CGU pediu todas as informações, inclusive a auditoria de todas as “emendas Pix” que o ex-prefeito recebeu. Os carros foram adquiridos com emendas parlamentares destinadas para a saúde, era específico para a saúde, e não tinham nem dois anos de uso, eram todos seminovos”, disse.

Cleber Dias afirmou ao Correio do Estado que estranhou que carros com menos de dois anos de uso fossem a leilão, cuja finalidade era vender veículos considerados inservíveis e de recuperações antieconômicas para o uso do município. “O dinheiro arrecadado foi utilizado para outras finalidades, que não eram a reposição dos veículos para a própria saúde ou gastar na própria saúde”, revelou.

O atual prefeito disse que a CGU constatou essas irregularidades e notificou o município para que apresentasse os documentos que já tinham sido solicitados ao ex-prefeito, porém, ele ignorou completamente a determinação. “Desde então, estamos tendo esse problema”, lamentou.

A reportagem também procurou o ex-prefeito Marquinhos do Dedé, que administrava a prefeitura de Vicentina na época do leilão, mas ele não retornou aos contatos até o fechamento desta matéria, porém, o espaço continua aberto.

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ACEITOU

Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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