Política

RACHA FAMILIAR

Nelsinho reclama que irmãos com viés "esquerdista" atrapalham sua reeleição

O senador também abriu as portas do PSD para abrigar os parlamentares do PSDB que não tiverem espaço no PP e no PL

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O senador Nelsinho Trad, presidente do PSD em Mato Grosso do Sul, reconheceu, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, que o fato de seus dois irmãos – o vereador e ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PDT) e o ex-deputado federal Fábio Trad (PT) – terem adotado um viés mais à esquerda vai atrapalhar sua campanha eleitoral para a reeleição em 2026.

Ele explicou que, como sempre esteve ligado à direita e ao ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL), os eleitores bolsonaristas do Estado podem estranhar que seus dois irmãos estejam filiados em partidos diferentes, afetando-o na hora que sair a campo pedindo votos.

“Porém, creio também que, com a evolução da campanha, os próprios eleitores vão saber diferenciar os campos ideológicos escolhidos e compreenderão, separando essas escolhas”, projetou.

O parlamentar disse que “[em] todas as últimas eleições disputadas, 10 ao todo, inclusive, muitas delas com os meus dois irmãos juntos comigo, tivemos o PT como adversário”.

“Porém, após a última eleição para governador, a de 2022, em que o Marquinhos ficou em quinto lugar para o cargo de chefe do Executivo estadual e o Fábio não conseguiu se reeleger deputado federal, evidenciou-se o racha entre nós”, admitiu.

O parlamentar ainda completou que, no segundo turno da eleição para governador, o diretório estadual do PSD “democraticamente optou por apoiar a candidatura do atual governador Eduardo Riedel, que era do PSDB, enquanto o Marquinhos decidiu ficar do lado do ex-deputado estadual Capitão Contar [PRTB]”.

“Já o Fábio não apoiou nenhum dos dois, declarando voto apenas para presidente da República, no caso, o Lula [PT], que acabou vencendo o pleito”, recordou.

Na última eleição para a Prefeitura de Campo Grande, no ano passado, Nelsinho reforçou que ele e os irmãos, mais uma vez, também escolheram caminhos diferentes.

“No primeiro turno, o PSD municipal apoiou a candidatura do deputado federal Beto Pereira [PSDB], enquanto, no segundo, a legenda liberou seus membros”, explicou.

De acordo com o senador, seu irmão Fábio Trad, que ainda estava na legenda, ficou do lado da ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), enquanto ele ficou do lado da prefeita Adriane Lopes (PP), que foi reeleita

“O Marquinhos, que já tinha sido eleito vereador pelo PDT, também foi com a Rose”, detalhou, revelando que não é surpresa que não poderá contar com os dois para as eleições do próximo ano.

PORTAS ABERTAS

Mudando de assunto, Nelsinho também abriu as portas do PSD para os parlamentares tucanos que não terão espaço no PP, para onde foi o governador Eduardo Riedel, nem no PL, que ficará sob o comando do ex-governador Reinaldo Azambuja, que ainda está filiado ao PSDB, mas já comunicou ao presidente nacional da sigla, Marconi Perillo, que deixará a legenda para tentar ser senador.

“Na hora dos arranjos, nem todos os deputados estaduais e federais do PSDB vão ter espaço no PP ou no PL, muitos pela ideologia mais à direita dessas duas legendas, outros porque podem continuar no ninho tucano. Para aqueles que vão sair, o PSD está pronto para recebê-los, pois temos tempo de rádio e televisão, bem como um Fundo Eleitoral bem gordo”, avisou.

Porém, conforme ele, o PSD precisa se encorpar para poder fazer frente a uma disputa eleitoral aqui em Mato Grosso do Sul. 

“Mas não adianta a gente querer colocar o carro na frente dos bois. Muita calma nessa hora e sem sofrer por antecipação. Vamos esperar todo mundo se ajeitar, e penso que, a partir do momento que isso acontecer, o PSD vai ser um partido interessante para poder abrigar alguns que não couberem na janela do ônibus, tanto do PL quanto do PP. A gente tem a mesma linha de pensamento, e é isso que nós vamos colocar, com muita maturidade, com muita tranquilidade”, assegurou.

A respeito das últimas movimentações partidárias, o parlamentar disse que a filiação do governador Riedel ao PP já era esperada, em razão de sua ligação com a senadora Tereza Cristina, presidente estadual do partido, assim como está próxima a concretização da ida de Azambuja para o PL. 

“O senador Rogério Marinho [PL-RN] já tinha me adiantado no Senado sobre essas mudanças”, revelou, não escondendo o desejo de fechar uma dobradinha com Azambuja na disputa pelas duas vagas ao Senado.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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