Elas parecem práticas, mas podem se tornar inimigas das crianças. Em clima de volta às aulas, não é muito difícil ver os estudantes carregando mochilas muito pesadas para a escola. São livros, cadernos, estojo, entre outros itens, que se transformam em peso diário e poderão ser responsáveis no futuro por uma série de problemas na coluna. O clínico e cirurgião da coluna André Luis de Souza Grava faz uma projeção preocupante. “As crianças de hoje em dia carregam muito mais peso do que os estudantes do passado. São mais livros, cadernos, e penso que em um futuro próximo será mais comum problemas na coluna relacionados ao peso excessivo da mochila”, observa. O estudante Pedro Oliveira Paiva, 9 anos, trocou a mochila de rodinha por uma nas costas desde o ano passado. “Eu já estou grande para usar estas de rodinhas”, declara. A mãe, Helen Rejane Oliveira, levou o filho ao ortopodista para saber se a troca não iria prejudicar a postura do filho. “Ele nos passou algumas dicas, por exemplo usar a mochila apoiada nos dois ombros, mas mesmo assim a i nda existe a preocupação”, diz. O peso diário já está incomoda ndo Pedro, que d iz não abrir mão da mochila nas costas. “O jeito é levar para a escola só o essencial, o que vai ser usado no dia”, cita a mãe. Com Isabela França, de 6 anos, não houve problema na hora de negociar a mochila ideal. “Foi inclusive uma escolha dela. As garotas nessa idade gostam de mochila com rodinhas”, ap ont a a mãe G eysi a ne Monteiro. Esta aliás, é a saída mais interessante para crianças e adolescentes que desejam se prevenir contra deformidades na coluna na fase adulta, segundo o médico André Luis. “Você tira o peso das costas e passa a empurrá-lo, é simples e é a melhor opção para não ter problemas na fase adulta”, sugere. Outra dica é ajustar a mochila ao tamanho da criança e não exceder o valor que corresponde a 10% do peso da criança na mochila. Este é um índice que pode variar, mas é uma média. O preparo físico da criança e o seu biotipo também interferem na capacidade da criança ao carregar peso. “É importante se preocupar com o peso da mochila do seu filho para que ele não tenha problemas na coluna amanhã. Muitos est ud a ntes que têm est a rotina vão precisar passar pelos consultórios médicos. Eles levam muito material, os pais devem separar o que realmente for necessário para ele usar no dia”, opina o médico. Problemas no futuro Uma criança ou adolescente que carregue mochila pesada pode sentir, a curto prazo, dores nas costas em decorrência do estresse dos músculos que são mais exigidos para sustentar o peso extra. A longo prazo, algumas deformidades estruturais podem ser notadas, dentre elas: escoliose, quando a coluna entorta para um dos lados e deixa um ombro mais alto que o outro. Isso pode acontecer se você carrega a carga em apenas um dos ombros. Outro problema comum é a hipercifose, quando existe o aumento da curvatura no meio da costas, dei xando ombros e pescoço inclinados para a frente, o que dá aspecto de corcunda. A hiperlordose, também deformidade da coluna, é o aumento da curva que fica próxima à base da coluna e pode ocorrer em quem carregou mochila pesada.