Em Mato Grosso do Sul, conforme a senadora, está tudo muito tranquilo, mas Goiás, Bahia e outros estados não desejam a aliança
A criação da “superfederação” partidária do PP com o União Brasil para as eleições gerais do próximo ano está praticamente parada, em decorrência da rejeição por parte de algumas lideranças do União Brasil em Goiás, Bahia, Paraíba e outros estados à formação desse novo bloco político.
A informação foi repassada com exclusividade ao Correio do Estado pela senadora Tereza Cristina, líder do PP no Senado, nesta sexta-feira, durante entrevista concedida no estande oficial da Prefeitura Municipal de Campo Grande na 85ª Expogrande, no Parque de Exposições Laucídio Coelho.
No dia 18 de março, em Brasília (DF), a senadora, o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP) e o diretor-tesoureiro do PP de Mato Grosso do Sul, Marco Aurélio Santullo, ajudaram a aprovar a confirmação da entrada da sigla em uma federação partidária com o União Brasil.
Entretanto, passados 24 dias, parlamentares federais e dirigentes estaduais do União Brasil ainda não oficializaram a federação com o PP, freando, dessa forma, o surgimento da maior bancada dentro da Câmara dos Deputados, com 109 deputados federais (50 do PP e 59 do União Brasil), e a terceira maior bancada do Senado, com 13 senadores (6 do PP e 7 do União Brasil).
“A federação está parada. Tenho conversado com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, sobre essa situação, e ele falou que está esperando o União Brasil. Ficou claro que deu chabu com o União Brasil, pois, em alguns estados, o partido está tendo dificuldades para alinhar a federação. Aqui está tudo tranquilo”, revelou.
Apesar da demora na aprovação por parte dos dirigentes e parlamentares do União Brasil para a criação da “superfederação”, Tereza Cristina acredita que o acrodo vai sair, pelo menos essa é a análise.
“Estão dizendo que sai. Os maiores críticos da criação da federação são os dirigentes de Goiás, do governador Ronaldo Caiado, e da Bahia, reduto eleitoral de Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto. Mas acredito que tem mais estados, como a Paraíba, por exemplo”, informou.
Questionada pela reportagem até quando deverá sair essa definição por parte do União Brasil, a senadora sul-mato-grossense acredita que será ainda neste primeiro semestre.
“O deadline, na minha opinião, tem de ser agora. Talvez não no mês de maio, mas até junho, com certeza”, projetou a parlamentar.
VANTAGENS
Com a “superfederação”, PP e União Brasil terão, para o pleito de 2026, direito ao maior repasse do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o famoso Fundo Eleitoral, algo em torno de mais de R$ 1 bilhão, para o custeio de campanhas eleitorais no Brasil, bem como o maior tempo de rádio e televisão.
Em março, Ciro Nogueira revelou que a aliança entre os partidos estava sendo costurada desde o ano passado e o modelo de federação foi o escolhido porque une as duas siglas, que passam a atuar como uma só por, no mínimo, quatro anos.
Os arranjos também estabelecem que deve haver um alinhamento das siglas nas campanhas, o que significa que a “superfederação” deve caminhar de forma unificada nas disputas, definindo conjuntamente candidaturas que representem a aliança, permitindo que os resultados eleitorais dos dois partidos sejam somados para o cálculo da cláusula de barreira.
Em Mato Grosso do Sul, o Correio do Estado apurou que a “superfederação” de PP e União Brasil lançará chapa única, tendo 1 candidato a senador, 9 candidatos a deputado federal (3 mulheres e 6 homens) e 25 candidatos a deputado estadual (9 mulheres e 16 homens).
A reportagem apurou ainda que a “superfederação” só terá um candidato ao Senado, pois está encaminhando uma aliança com o Republicanos, que também poderá lançar um candidato ao cargo, já que no pleito do próximo ano são duas vagas à Casa de Leis.
Com relação ao fato de não lançar candidato a governador, o motivo é que há um consenso de que tanto PP quanto União Brasil vão apoiar a reeleição do governador Eduardo Riedel (PSDB).
A decisão de candidatura única consta no acordo entre os dois partidos em obediência às normas legais, em especial, à Resolução nº 23.670, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Essa resolução assegura as mesmas garantias atribuídas às agremiações no que diz respeito às eleições, em especial, à quantidade mínima e máxima de candidatos para registro de todas as candidaturas em disputa.
Do mesmo modo, deve ser determinado às agremiações componentes da federação a obrigatoriedade de atenderem de forma igualitária, quanto à quantidade mínima, a cota de gênero para as eleições proporcionais.
Também ficou acertado que o comando da “superfederação” de PP e União Brasil no Estado ficará nas mãos dos progressistas, assim como no Acre, Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina, enquanto o União Brasil vai comandar no Ceará, Goiás, Amazonas, Bahia, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Norte e Rondônia
Ainda no Estado, a “superfederação” já nascerá com 1 senador, 1 deputado federal, 3 deputados estaduais, 18 prefeitos, 24 vice-prefeitos e 207 vereadores. Mesmo assim, continuará atrás do PSDB, que é o maior partido de Mato Grosso do Sul.
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