Política

INVESTIGAÇÃO

Procuradoria no TCU pediu 10 vezes mais investigações no governo Bolsonaro

O recordista de pedidos no período foi o subprocurador-geral do TCU, Lucas Furtado, que ingressou com 539 representações

Continue lendo...

O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) aumentou em quase dez vezes os pedidos para abertura de processos durante os quatro anos de gestão de Jair Bolsonaro (PL).

De 2015 a 2018, o órgão fez 65 requisições para análise de ilegalidades ou irregularidades na gestão pública. Já entre 2019 e 2022, o número subiu para 618.

O recordista de pedidos no período foi o subprocurador-geral do TCU, Lucas Furtado, que ingressou com 539 representações. Só em 2022, foram 122 pedidos, grande parte a partir de denúncias publicadas na imprensa.

Deste número, 45 foram arquivados, 17 foram anexados a outros processos, e o restante aguarda trâmites burocráticos do tribunal.

Furtado moveu representações contra as chamadas emendas de relator -usadas como moeda de negociação política na gestão de Bolsonaro- e sobre mudanças promovidas pela Caixa Econômica Federal nos critérios para concessão de empréstimo consignado do Auxílio Brasil após as eleições.

Também houve pedidos de investigação sobre os custos da ação do PL (partido de Bolsonaro) para anular o segundo turno das eleições e ainda para a suspensão de pagamentos antecipados de dividendos por parte da Petrobras, assim como sobre a interferência do presidente na política de preços da empresa.

Entram ainda nessa lista a análise de possível omissão da PRF (Polícia Rodoviária Federal) para combater os bloqueios nas estradas feitos por caminhoneiros após as eleições e o caso do repasse de R$ 6,2 milhões pelo governo federal a duas "ONGs de prateleira" do ex-jogador Emerson Sheik e de Daniel Alves, lateral-direito da seleção brasileira de futebol.

Para serem aceitas e se converterem em processos na corte, as representações devem apresentar indícios de irregularidade ou ilegalidade e serem de competência do tribunal. A análise é feita por auditores, e a investigação fica com o ministro relator.

Os processos podem ter como consequência a suspensão ou cancelamento de licitações, a proibição de empresas de contratar com o poder público, multas e prazos para o cumprimento de determinações.

Internamente, integrantes do tribunal atribuem o aumento de representações a uma resposta contra investidas de Bolsonaro contra as instituições democráticas.

Isso envolveria o esvaziamento e inércia de órgãos como o MPF (Ministério Público Federal) e PF (Polícia Federal) no período.

Em contrapartida, há quem avalie que a ferramenta perde a sua importância ao ser usada tantas vezes, pois reduz a possibilidade de acompanhamento de cada caso e vê-lo esclarecido.

À Folha Furtado disse que se afastou do cargo por motivo de saúde (AVC) e, quando retomou as atividades, o Brasil havia caído na posição que ocupava no ranking da Transparência Internacional, despertando a preocupação do Ministério Público junto ao TCU.

Ele admitiu que a grande maioria dos processos ainda não foi julgada, mas disse que, se 1 em 100 for aceito, "seu trabalho já vai ter valido a pena".

"Respeito muito o trabalho da imprensa investigativa, e grande maioria das representações que faço se baseia nele.

Antes, o que ela levantava não era aprofundado pelo poder público. Nós podemos fazer isso", disse.
"Há casos muito difíceis de fiscalizar, como checar se um determinado serviço foi efetivamente prestado.

Há como saber se foi construído algo, mas um show, por exemplo, como atestar que foi prestado, sem gastar muito com essa fiscalização? E sempre há problemas em contratações sem licitação, como os contratos emergenciais para combater a Covid", afirmou.

Já Elísio Freitas, advogado especialista em TCU e procurador do Distrito Federal, disse que as representações seguiram a tradição atuante do Ministério Público.

"Uma atuação tempestiva e concomitante com os gastos naturalmente se concentra sobre os que detêm a caneta no momento. Além disso, um procedimento não é excessivo simplesmente pela quantidade numérica deles, já que são abertos a partir das informações que estão surgindo", disse.

Questionado sobre o assunto, o Ministério Público no TCU afirmou que é "importante registrar que a atuação não se restringe apenas às representações".

Também afirmou que são "fruto de atuação individual de cada membro, a partir da própria interpretação dos fatos à luz do direito, não refletindo, assim, por evidente, o pensamento uníssono de todo o Parquet de Contas Federal".

Criado em 1892, por meio do decreto que instituiu o tribunal, o Ministério Público no TCU dispõe de sete procuradores e subprocuradores.

POLÍTICA

Carla Zambelli renuncia ao mandato após STF determinar que suplente assumisse

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal.

14/12/2025 15h00

Deputada Federal Carla Zambelli

Deputada Federal Carla Zambelli Divulgação

Continue Lendo...

Na tarde deste domingo (14), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao cargo parlamentar. A decisão foi tomada após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o suplente, Adilson Barroso (PL-SP),  assumisse o cargo em até 48 horas.

Em nota, a Câmara informou que a deputada comunicou à Secretaria-Geral da Mesa a sua renúncia. "Em decorrência disso, o presidente da Câmara dos Deputados determinou a convocação do suplente, deputado Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse", informou a Casa em nota.

Em maio, Zambelli foi condenada pela Corte a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita pelo hacker Walter Delgatti Neto. O caso dela transitou em julgado, sem mais chances de recursos, em junho. 

A decisão foi levada para análise do plenário da Câmara. Na madrugada de quinta-feira (11), foram 227 votos a favor da cassação do mandato de Zambelli contra 170 votos pela manutenção. Eram necessários 257 para que ela perdesse o cargo.

Porém, na sexta-feira (12), o STF anulou a deliberação da Câmara e determinou a perda imediata do mandato. A Corte apontou que a votação violava a Constituição no dispositivo que impõe perda de mandato nos casos de condenação com trânsito em julgado.

Estratégia

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal. Segundo aliados de Zambelli, seria uma estratégia para preservar os direitos políticos dela.

“Ao renunciar antes da conclusão da cassação, preserva direitos políticos, amplia possibilidades de defesa e evita os efeitos mais graves de um julgamento claramente politizado”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara.

Carla Zambelli está presa na Itália, desde julho deste ano, depois de fugir do Brasil em decorrência do trânsito em julgado do processo no STF. O Supremo aguarda a extradição.

Assine o Correio do Estado

 

ACEITOU

Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

Continue Lendo...

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).