Política

CORREIO EXPLICA

Regalias: saiba porque eleições são atrativas para os militares

Democracia brasileira é marcada por presença das forças armadas na administração da máquina pública, permitindo atos como reserva remunerada em 10 anos

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Candidatura de militares para cargos da administração pública têm crescido nos últimos anos - fruto do ambiente político-ideológico do país -, que faz da eleição do Brasil de 2022, aquela com maior participação das forças de segurança na política desde a ditadura militar de 1964. 

Vale ressaltar que, a Ditadura Militar durou de 1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985, sendo importante frisar que a redemocratização foi marcada, de um lado pela participação política da população brasileira e, do outro, pelo crescimento no número de representantes militares que entraram no xadrez político. 

Neste ano, 1.888 candidatos são oriundos das forças de segurança pública e defesa, frente a 1.469 candidatos na eleição de 2018. Lançando luz às candidaturas legislativas, a ascensão do grupo é incontestável nas últimas três eleições nacionais, conforme os dados extraídos do TSE.

Para as Assembleias Legislativas, a quantidade de candidatos com carreiras militares e policiais cresceu 20%, de 2014 a 2018; e 17%, de 2018 a 2022, foram apresentadas 797 candidaturas à eleição.

Já na disputa proporcional nacional, o avanço desse setor na política é ainda maior: 47%, de 2014 a 2018, e 73%, de 2018 a 2022, registrando 550 candidatos a deputado federal. 

Nas eleições deste ano, prevalecem nas candidaturas estaduais e nacionais, os policiais militares (60% e 55%), os militares reformados (16% e 19%) e os policiais civis (15% e 12%), respectivamente.

O site do G1 realizou um levantamento de anos anteriores e, conforme o levantamento em 2004 foram cerca de 5856 candidaturas militares; já em 2008, foram aproximadamente 5797 candidaturas do setor militar; passando a 6537, em 2012; houve uma pequena queda em 2016, onde houve 6007 candidaturas; por fim, foram realizadas 6755 candidaturas de militares na política brasileira no ano de 2020. 

Regalias

O militar de carreira das Forças Armadas da aeronáutica, por exemplo, pode receber de R$3.825,00 (na patente de 3º sargento), podendo chegar até R$11.088,00 enquanto major. As informações salariais estão disponíveis no site da Força Aérea Brasileira.

O militar das forças armadas pode candidatar-se aos cargos políticos administrativos mesmo sendo um funcionário público concursado, o militar elegível não ocupante de função de comando deverá estar afastado do serviço ativo no momento em que for requerido o seu registro de candidatura, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nas forças armadas, após 10 anos de prestação de serviços, o militar pode ser afastado e passa a ocupar o cargo de Militar da Reserva, e sua remuneração continua, mesmo quando eleito. 

Dessa forma, o militar das forças armadas que for eleito e passa a exercer cargos políticos, garante como soldo o salário referente ao seu cargo político juntamente com o salário da reserva, referente a sua respectiva patente. 

Vale ressaltar que, candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, Capitão "Renan" Contar é um desses exemplos de militares em reserva remunerada que, aliado à esse valor, recebe também o salário de parlamentar. 

Além desse cenário, existem emendas constitucionais em constante tramitação para deixar essas questões ainda mais brandas para o militar que adentra na política, por exemplo a medida da PEC 38/2019, de autoria do deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA), visa diminuir o tempo de contribuição militar para 3 anos, ao invés de dez, para que ele possa entrar no cargo de Militar da Reserva.

Atualmente esperando posição da CCJC, na Câmara dos Deputados, a PEC permite que o militar com mais de três anos de serviço que for eleito para cargo político retorne ao serviço ativo após o fim do mandato, na posição hierárquica que lhe caberia por antiguidade. 

Atualmente, a Constituição estabelece que o militar com mais de dez anos de serviço que for eleito passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Além da grana

Conforme levantamento realizado pela revista Piauí, a lista de privilégios que o militarismo brasileiro carrega consigo é histórica. As Forças Armadas têm 42 hospitais militares espalhados por todas as regiões do país. 

Segundo o Ministério da Defesa, eles atendem exclusivamente a 1,8 milhão de membros da “família militar” – grupo que compreende os militares da ativa, inativos, pensionistas, seus dependentes e servidores civis ligados às Forças. Os militares contribuem todo mês para manter esse sistema de saúde, mas o restante do dinheiro provém do governo federal.

Só em 2021, o Ministério da Defesa destinou 3,7 milhões de reais das verbas destinadas à pandemia para equipar o Hospital das Forças Armadas. Embora o ano tenha apenas começado, esse valor já é seis vezes maior do que os 505 mil reais empenhados em 2020. O hospital serviu ao alto escalão do governo: Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, Eduardo Pazuello e Augusto Heleno – todos membros da “família militar” – receberam atendimento exclusivo das Forças Armadas quando foram diagnosticados com Covid, no ano passado.

Outra questão importante sobre os privilégios militares, foi apontada em um levantamento realizado pela Folha de S.Paulo, que apontou que a remuneração de militares inativos e seus pensionistas chegou a custar em média R$ 146,2 mil por beneficiário no ano de 2021. Esse valor equivale a cerca de 6,4% maior, em relação ao ano anterior e indica um ritmo de crescimento mais acelerado do que entre segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou servidores civis.

 

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

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