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Riedel diz que se Bolsonaro for absolvido, não "precisa de anistia"

Governador de MS defende rever julgamentos para corrigir excessos do 8 de Janeiro, mas evita opinar sobre anistia a Bolsonaro, que ainda responde no STF por tentativa de golpe

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Perguntado sobre o projeto de Lei que tramita na Câmara que prevê anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nas manifestações do dia 8 de janeiro de 2023 que resultaram em vandalismo e depredação do patrimônio público e do patrimônio histórico, o governador de Mato Grosso do Sul Eduardo Riedel (PP) disse ser favorável a rever os julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) para “equilibrar, pacificar o país em torno dos excessos”. 

No que se refere do alcance do projeto às acusações do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), acusado pela Procuradoria-Geral da República de tramar golpe de estado, abolição violenta do Estado de Direito, entre outros crimes, Riedel evitou comentar.

“O (ex-) presidente Bolsonaro não foi julgado ainda. (O julgamento) Está em curso, então não há o que se falar até que haja uma determinação”, afirmou Riedel. “Ele pode não ser condenado e não ter anistia, porque ele não foi condenado”, complementou. 

“Agora, do que já aconteceu e onde houver excesso, eu acho que a gente tem que rever para equilibrar. Pacificar o País em torno dos excessos”, disse.  

Perguntado sobre se há excessos no julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, o governador de Mato Grosso do Sul, Riedel disse que não é possível comentar durante o julgamento.

“Nós vamos ter que entender depois do julgamento. A gente não tem como falar nada. Se ele for absolvido, não há que se falar em excesso”, afirmou. 

O julgamento

O ex-presidente Jair Bolsonaro é formalmente réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), instaurada em março de 2025, pela tramitação conjunta da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Ele enfrenta cinco graves acusações: 1) organização criminosa armada; 2) tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; 3) tentativa de golpe de Estado; 4) dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; e 5) deterioração de patrimônio tombado. A denúncia menciona ainda que Bolsonaro teria conhecimento e envolvimento direto com documentos como a “minuta do golpe” e o plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previam ações como assassinato de autoridades e a decretação de estado de sítio no TSE.

Além de Bolsonaro, outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” também foram transformados em réus no mesmo processo e respondem pelos mesmos cinco crimes. São eles: o general Walter Braga Netto (ex-ministro e vice na chapa presidencial), general Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Alexandre Ramagem (ex-diretor da ABIN), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Mauro Cid (ex-auxiliar de ordens e delator). 

Conforme decisão unânime da Primeira Turma do STF, foram satisfeitos os requisitos de materialidade e autoria suficientes para o recebimento da denúncia, dando início à fase de instrução processual.

Esse processo histórico, conduzido pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes no STF, segue em andamento. A instrução envolve interrogatórios, coleta de provas e depoimentos, culminando em julgamento por um colegiado de cinco ministros. A soma das penas pelos cinco crimes pode ultrapassar os 30 anos de prisão. Enquanto isso, Bolsonaro nega as acusações, afirmando que não há provas concretas e alegando que é alvo de perseguição política.

Dia extra

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido do ministro Alexandre de Moraes e marcou uma sessão extra para o julgamento da ação penal sobre a trama golpista. A nova sessão será realizada na quinta-feira, 11, das 9 horas às 19 horas. A sessão plenária que costuma ser realizada nas quintas à tarde foi cancelada.

Já havia sessões marcadas para a terça-feira (das 9 horas às 19 horas), quarta-feira (9 horas às 12 horas) e para a sexta-feira (9 horas às 19 horas).

A próxima sessão, na terça, deve ser ocupada integralmente pelo voto do relator, ministro Alexandre de Moraes.

Depois votam os demais ministros, nessa ordem: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Qual anistia?

As cúpulas dos três Poderes se articularam em uma contraofensiva à investida da oposição e do Centrão na Câmara por uma anistia aos acusados e condenados por participar da tentativa de golpe de Estado e do 8 de Janeiro, o que beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro. A reação envolve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma proposta do senador que reduz as penas dos condenados foi negociada com uma ala do STF em troca do arquivamento do projeto que pede uma anistia ampla. Lula prometeu manter os indicados por Alcolumbre no governo, mesmo após o União Brasil ter anunciado o rompimento com a gestão do petista, no início da semana. Mas um dos textos articulados pela bancada bolsonarista na Câmara para anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e os condenados pelo 8 de Janeiro prevê o perdão total a todos os alvos do Supremo por atos antidemocráticos desde 2019.

Em entrevista à Rádio Eldorado, o cientista político Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da FGV EAESP, considerou como “um mal menor” a proposta de Alcolumbre e contestou o argumento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que de que a anistia promoveria a “pacificação” do País. “Isso é referendar a legitimidade do golpe”, afirmou.

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ACEITOU

Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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