O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), desconversou e preferiu não se manifestar sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta quinta-feira (11), o Supremo Tribunal Federal (STF), formou maioria de votos para condenar Bolsonaro e mais sete aliados na ação penal da trama golpista.
"Eu não vou falar sobre o STF, quando acabar a votação eu falo", se limitou a dizer Riedel, durante agenda pública na tarde de hoje.
Não é a primeira vez que Riedel desconversa sobre o julgamento do ex-presidente. No início do mês, antes do início da sessão do STF, o governador afirmou que o não falaria sobre o caso de forma isolada e ampliou o debate, dizendo que toda a discussão política no Brasil interfere nas eleições.
“Eu não coloco de maneira isolada, toda discussão política que existe no País vai interferir nas eleições de 2026. As várias questões que estão sendo colocadas, movimentações partidárias, discussões nacionais, tudo isso faz parte do ambiente político que está sendo construído para 2026”, disse o governador, no dia 1º de setembro.
Riedel acrescentou que as eleições estão longe e é necessário se preocupar com o presente e com o amanhã nas áreas de saúde, educação e infraestrutura, que é o que a população espera.
“A eleição é em 2026, tem um ano e meio pela frente ainda, tudo que acontece de natureza política vai interferir lá, mas o nosso foco é na ação para o cidadão, que é o que a gente precisa entregar”, concluiu o governador.
Condenação
A Primeira Turma do STF formou nesta quinta-feira (11) maioria de votos para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados na ação penal da trama golpista.
A maioria foi formada com o voto da ministra Cármen Lúcia. Com o entendimento da ministra, o placar pela condenação de todos os réus está em 3 votos a 1. Falta o último voto, que será proferido em seguida pelo ministro Cristiano Zanin, presidente do colegiado.
Em sua manifestação, a ministra disse que o julgamento da trama golpista remete ao passado do Brasil, com rupturas institucionais.
"O que há de inédito nesta ação penal é que nela pulsa o Brasil que me dói. A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com seu passado, com seu presente e com seu futuro na área das políticas públicas dos órgãos de Estado", afirmou.
Cármen Lúcia também destacou que Bolsonaro e os demais réus não podem questionar a legitimidade da Lei 14.197/21, norma que definiu os crimes contra a democracia e que foi usada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para basear a acusação.
A norma foi sancionada pelo ex-presidente e pelos réus Anderson Torres, Braga Netto e Augusto Heleno, ex-integrantes do governo.
“Não é apenas legitima [a lei], como ainda não se pode dizer que se desconhecia que tentaram atentar contra a democracia. Quatro dos oito réus são exatamente os autores, os que têm a autoria do autógrafo", disse.
Nas duas sessões anteriores, Alexandre de Moraes e Flávio Dino se manifestaram pela condenação de todos os réus. Luiz Fux absolveu Bolsonaro e mais cinco aliados e votou pela condenação de Mauro Cid e o general Braga Netto pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito.
O tempo de pena ainda não foi anunciado e será definido somente ao final dos votos dos cinco ministros, quando é feita a chamada dosimetria. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 30 anos de prisão em regime fechado.




