OSCAR ROCHA
Há quase três décadas, o músico, compositor e ator Rolando Boldrin mantém a mesma proposta: divulgar a boa música. “A música brasileira é eterna”, afirma categórico. Amanhã, às 21h, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, mostrará aquela porção da música produzida no Brasil que merece essa definição. Principalmente, a que não foi atingida por modismos impostos pelo mercado.
O público já tem uma ideia por meio da performance que ele faz, com regularidade desde 1981, na televisão, quando estreou, na Rede Globo, o “Som Brasil”. “A diferença será que não terei convidado, apenas eu em cena”, avisa. Atualmente, comanda a atração “Sr. Brasil”, exibida na TV Cultura.
Sozinho no palco, Boldrin repassará músicas de várias regiões do Brasil e contará muitas histórias. “Os tipos brasileiros sempre estão presentes nas minhas apresentações”.
Batizada “Cara do Brasil”, a turnê iniciou-se há um ano e passou por diversas cidades brasileiras, patrocinada por uma empresa do setor de colheitadeiras. Segundo ele, há roteiro estabelecendo começo, meio e fim da apresentação. Porém, isso não quer dizer que não pode haver improvisação, tornando cada apresentação única. “Há dias em que a gente lembra de certas histórias e decide contar. No caso das músicas, tem algumas que cantamos em um local e não em outro. O roteiro é bem liberal”, afirma.
Boldrin não observa mudança em torno da valorização da música folclórica e regional pelo Brasil, quando comparada ao início da década de 1980. “Acho que tudo está do mesmo jeito. Não acho que modificou muito. No meu caso, sempre recebo atenção de um público amplo, desde um ancião de cerca de 100 anos até de crianças. De modo geral, a música estrangeira sempre é uma ameaça. Assim como o cinema americano, que começou um domínio desde os anos 40. O que valorizamos é uma música de resistência, que é feita por todo o Brasil”. Ele considera sua apresentação não somente musical, mas teatral também, mostrando o talento para interpretações cômicas e até dramáticas.
Novelas
As novas gerações não conhecem de perto todas as possibilidades artísticas de Boldrin, pois além de cantor e compositor, durante muitos anos participou de novelas, especiais e de filmes. “Recebo constantemente convites para atuar em novelas, mas não tem como dividir meu tempo. Fazer um programa de televisão e shows tomam muito tempo. Seria muito complicado participar de uma novela agora”. A última na qual atuou foi “Os imigrantes”, da Rede Bandeirantes, em 1980. Anteriormente, foi protagonista de produções como “Ovelha negra” (TV Tupi) e “Os deuses estão vencidos” (TV Record). “Lembro que fiz várias visitas a Campo Grande nos anos 70. A novela ‘Os deuses...’ fez muito sucesso na cidade. Eu interpretava um barão do café. O pessoal até hoje me chama por Barão em alguns lugares. Não conheço o local onde será o show desta vez, mas lembro que vi o Teatro Glauce Rocha, quando estava sendo construído. Como ele está agora?” perguntou.
A relação com a cidade também aconteceu numa faixa gravada por Boldrin em um dos seus álbuns. A música “Campo Grande”, de Raul Torres, um dos maiores nomes da música caipira de todos os tempos, homenageia a cidade, recebeu versão do músico, mas não fará parte do roteiro do show.