Política

MOBILIZAÇÃO

Senadores e deputados de MS assinam pedido de uma CPMI do Banco Master

Criação surge em meio a escândalo político e financeiro que tem como um dos envolvidos o ministro Alexandre de Moraes, do STF

Continue lendo...

Dois senadores e quatro deputados federais de Mato Grosso do Sul assinaram, no dia 29 de dezembro de 2025, o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o Banco Master, um requerimento que necessita das assinaturas de 171 deputados federais e 27 senadores da República para ser apresentado no Congresso Nacional –até o fechamento desta matéria já tinha mais de 160 assinaturas só de deputado federais.

Conforme apuração do Correio do Estado, já assinaram o pedido os senadores Tereza Cristina (PP) e Nelsinho Trad (PSD) e os deputados federais Rodolfo Nogueira (PL), Marcos Pollon (PL), Dr. Luiz Ovando (PP) e Beto Pereira (PSDB), demonstrando que não deve demorar para atingir as assinaturas necessárias para investigar o Banco Master.

Em entrevista para a reportagem, o senador Nelsinho Trad disse que o pedido chega em meio a um escândalo político e financeiro que ganhou força nos últimos meses e que tem como um dos envolvidos o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Uma situação que, no mínimo, precisa ser devidamente esclarecida”, afirmou.

Já a senadora Tereza Cristina lembrou que, mesmo no recesso, segue atenta às graves denúncias envolvendo o Banco Master, liquidado pelo Banco Central e o suposto conflito de interesses com integrantes do STF. “É dever do Senado acompanhar e fiscalizar.

O Legislativo não pode se omitir. Já assinei o pedido de CPMI para investigar o caso, pois reforço que ninguém, nos Três Poderes, está acima da lei”, declarou.

DEPUTADOS FEDERAIS

O deputado federal Rodolfo Nogueira escreveu em suas redes sociais um duro discurso sobre o caso. “Alice! Alice! O Brasil realmente é o País das maravilhas. Pelo menos é isso que os petistas dizem. O Brasil voltou à normalidade, sim, voltou. À normalidade da corrupção, dos escândalos, dos cofres públicos sangrando. Voltou ao velho padrão que todos conhecem”, postou.

Ele continuou suas críticas ao dizer que o “escândalo é grande demais para ser escondido”.

“Envolve todo mundo: políticos, Supremo Tribunal Federal, bancos, poder econômico. Envolve o coração do sistema”, disse.

Rodolfo reforçou que o requerimento da CPMI, que ainda está em fase de coleta de assinaturas, busca apurar irregularidades associadas ao banco, cujo colapso financeiro gerou prejuízos a investidores e provocou investigação da Polícia Federal por emissão fraudulenta de títulos de crédito.

“A CPMI é um instrumento essencial para garantir transparência e responsabilização diante das graves denúncias que surgiram”, completou.

O deputado federal Marcos Pollon – que também interrompeu o recesso parlamentar e participou da reunião de emergência da bancada de oposição na Câmara dos Deputados em que foram anunciadas medidas contra o ministro Alexandre de Moraes e a abertura de uma CPMI do Banco Master – avaliou:

“Atingindo as 171 assinaturas dos deputados federais e dos 27 senadores da República, o pedido de abertura da CPMI terá prosseguimento, enquanto o processo de impeachment é uma questão política, mesmo assim já protocolamos, pois a verdade está nua. Esse caso é muito mais grave que a [Operação]Lava Jato. Esse é o maior escândalo que poderia se acometer sobre uma nação, pois os seus protagonistas são membros da mais alta corte”.

Pollon destacou que as denúncias envolvendo Moraes e sua esposa são gravíssimas. 

“O direito e as garantias fundamentais vêm sendo solapados pelo Supremo [Tribunal Federal]. Usurparam as competências dos outros poderes, perseguem deputados de oposição e agora atacam o sistema financeiro nacional. Algo que pode jogar o Brasil na fossa. Risco real de perdemos a credibilidade, pois segurança jurídica não existe mais”, argumentou.

Ele lembrou que, durante uma coletiva realizada em Brasília (DF), a bancada de oposição na Câmara dos Deputados anunciou novo pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes pelas novas denúncias reveladas pela imprensa em relação ao Banco Master, e de acordo com os parlamentares, o pedido já conta com mais de 170 assinaturas de deputados e senadores.

Esse não é o primeiro pedido de impeachment apresentado por Pollon, pois, em agosto de 2025, o deputado federal protocolou outro pedido contra Moraes por proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções, segundo o art.39, item5 da Lei de Crimes de Responsabilidade.

MAIS DOIS

O outro deputado federal que assinou o pedido de criação da CPMI do Banco Master e também o protocolo de impeachment do ministro do STF foi o Dr. Luiz Ovando. “Assinei sim o pedido de impeachment de [Alexandre de] Moraes e apoio a CPMI do Banco Master porque o Brasil não pode normalizar abusos de poder”, declarou.

O parlamentar ainda complementou que não se trata de vingança, nem de disputa pessoal, mas de respeito à Constituição Federal, bem como aos limites e de responsabilidade institucional.

“Quando um ministro concentra poderes, ignora garantias legais e passa a atuar sem os freios previstos na lei, o Parlamento tem o dever de reagir. O Congresso não pode se omitir. Assinar é um ato de coragem cívica, de respeito à democracia e de compromisso com um país onde ninguém esteja acima da lei”, ressaltou.

Para o deputado federal Beto Pereira, assinar o pedido de criação da CPMI do Banco Master é imprescindível diante da grave crise financeira e moral que afeta todo o mercado.

“Precisamos investigar esse fato que coloca em jogo a credibilidade das instituições financeiras do Brasil. Precisamos investigar para restaurar a confiança”, concluiu.

*Saiba

Entenda o escândalo do Banco Master

O Banco Master se tornou foco de intensas investigações depois que medidas administrativas, como a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central, e ações policiais apontaram fraudes bilionárias envolvendo a instituição. Há relatos de que títulos de crédito falsos teriam sido emitidos, aprofundando a crise que atingiu clientes, investidores e fundos de previdência.

Além disso, o episódio ganhou dimensão política após reportagens sugerirem relações entre o banco e figuras do cenário jurídico e político nacional, incluindo um contrato relevante envolvendo o escritório de advocacia da esposa de Alexandre de Moraes.

Esses desdobramentos elevaram a pressão no Congresso por uma investigação mais ampla.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, arquivou um pedido para investigar o ministro pela suposta atuação em favor do Banco Master. Gonet analisou uma representação criminal apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas decidiu que ela não deve ter prosseguimento.

A representação foi apresentada pelo advogado Enio Martins Murad, com base em notícias de que Moraes teria procurado o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar sobre o Master. As conversas foram reveladas pela colunista Malu Gaspar. Murad também destacou o contrato entre o escritório da mulher de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e o Master.

O ministro do STF nega que tenha atuado a favor dos interesses do banco e afirma que as conversas com o Banco Central giraram em torno das sanções da Lei Magnitsky, da qual havia sido alvo por parte do presidente Donald Trump. A autoridade monetária também negou ter tratado sobre o caso master com o magistrado.

Assine o Correio do Estado

Política

Bolsonaro é encaminhado ao centro cirúrgico para novo procedimento para amenizar soluços

O procedimento ocorreu no início da tarde desta terça-feira, 30

30/12/2025 15h15

Crédito: Valter Campanato / Agência Brasil

Continue Lendo...

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi encaminhado ao centro cirúrgico no início da tarde desta terça-feira, 30, para um novo procedimento para amenizar o quadro recorrente de soluços que ele sofre. A informação foi divulgada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em sua conta no Instagram.

"Meu amor apresentou quadro de soluços às 10h da manhã, que não cessaram até o momento. Diante disso, a equipe médica optou pela realização de um reforço no bloqueio do nervo frênico. Ele acaba de ser encaminhado ao centro cirúrgico", afirmou Michelle na publicação.

O ex-vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro já havia informado, na manhã desta terça, em publicação no X, que seu pai continuava com o quadro de soluços, apesar do procedimento realizado no dia anterior.

Este será o terceiro bloqueio anestésico do nervo frênico ao qual Bolsonaro é submetido desde que passou por cirurgia recente O primeiro procedimento foi realizado no sábado, 27, após uma crise intensa de soluço na noite anterior, que provocou dificuldades para dormir. Na ocasião, o bloqueio foi feito no lado direito do nervo.

Na segunda-feira, 29, foi realizado um novo procedimento para o bloqueio, desta vez direcionado ao lado esquerdo. Michelle não informou como seria a aplicação nesta terça-feira. A equipe médica de Bolsonaro não se pronunciou até o momento.

Jair Bolsonaro está internado no hospital DF Star, em Brasília. Ele passou por uma cirurgia no dia 25 de dezembro e por outros procedimentos para corrigir o quadro recorrente de soluços que tem. A previsão, segundo os médicos informaram na tarde de segunda-feira, 29, é que o ex-presidente possa ter alta no dia 1º de janeiro. Assim que isso acontecer, ele retornará à superintendência da Polícia Federal, onde cumpre pena após ser condenado por tentar da um golpe de Estado no País.

Assine o Correio do Estado

NA BERLINDA

Soraya se envolve em novo escândalo em ano pré-eleitoral

Senadora foi filmada fazendo compras em loja de luxo nos EUA com lobista acusado de extorquir empresários de bets

30/12/2025 08h20

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) durante reunião da CCJ do Senado

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) durante reunião da CCJ do Senado Saulo Cruz/Agência Senado

Continue Lendo...

Com um mandato marcado por polêmicas e escândalos, a senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) voltou a protagonizar mais um nesta última semana em um ano pré-eleitoral, quando, teoricamente, a parlamentar deveria evitar qualquer imagem negativa, afinal, em 2026, ela tentará a reeleição para mais oito anos no Senado.

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos) durante reunião da CCJ do SenadoA senadora Soraya Thronicke durante as compras em loja de luxo em Orlando (EUA), com lobista - Foto: reprodução/metrópoles

Conforme reportagem publicada ontem pelo site Metrópoles, Soraya Thronicke foi filmada, na noite da sexta-feira, fazendo compras ao lado do controverso lobista Silvio Assis em uma loja da grife francesa Louis Vuitton, no The Mall at Millenia, um dos principais shoppings de luxo em Orlando, no estado da Flórida, nos Estados Unidos, onde ambos passam férias. 

Nos últimos anos, o lobista esteve envolvido em uma série de escândalos, incluindo, desde a suspeita de pedido de propina para facilitar compras de vacinas contra a Covid-19 até a acusação de extorquir empresários do setor de apostas on-line, as famosas bets, as quais foram alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado em que a relatora foi a parlamentar sul-mato-grossense.

Nas imagens obtidas pelo site, é possível ver a senadora sul-mato-grossense e o lobista na loja com taças de espumante e em um dos vídeos Soraya aparece próximo ao provador elogiando uma peça que Silvio Assis experimentava.

A assessoria de imprensa da parlamentar confirmou que esteve na loja com o lobista, mas não deu mais detalhes, revelando apenas que está curtindo o recesso com a família nos Estados Unidos.

ESTREITA RELAÇÃO

A estreita relação entre a senadora e o lobista veio à tona durante os trabalhos da CPI das Bets em dezembro de 2024, quando a revista Veja revelou que Soraya empregava a irmã e o genro de Assis como assessores em seu gabinete, no Senado.

Em 2018, o lobista foi preso pela Polícia Federal após gravações telefônicas interceptadas com autorização judicial flagrarem ele negociando pagamento de R$ 3,2 milhões em propina para facilitar a liberação de registros sindicais no Ministério do Trabalho.

Essa aproximação de ambos acabou refletindo na CPI das Bets, pois os senadores membros rejeitaram o relatório final de Soraya Thronicke, ficando quatro votos contrários e três favoráveis ao texto. Com isso, o colegiado teve suas atividades encerradas sem medidas a serem adotadas.

A senadora sul-mato-grossense entrou para a história do Senado, pois foi a primeira vez, nos últimos 10 anos, que uma CPI da Casa de Leis teve o relatório rejeitado.

O documento elaborado pela relatora acusava 16 pessoas de cometer crimes (indiciamento), incluindo influenciadores digitais como Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra.

O texto ainda apresentava 20 projetos de lei para conter os malefícios causados pelas apostas virtuais. 

Entre eles, havia projetos para a proibição de jogos semelhantes a caça-níqueis (como o Jogo do Tigrinho, o que não afetaria apostas esportivas de tempo real) e a proibição de pessoas inscritas no CadÚnico (instrumento que identifica famílias de baixa renda) de apostar na internet.

Após a reunião, Soraya afirmou que, mesmo com a rejeição, entregaria os documentos às autoridades.

A senadora tentou minimizar a derrota do seu relatório, afirmando que, se fosse aprovado na CPI, não haveria uma “força maior” nos pedidos de indiciamentos.

Os indiciamentos aprovados pelas CPIs são enviados ao Ministério Público ou à Polícia Federal, que podem ou não acatar o procedimento.

A maior parte dos pedidos de indiciamento no relatório são para empresários e empresas do setor de apostas, como a MarjoSports e a Brax Produção e Publicidade.

O relatório ainda pedia o indiciamento de Virgínia Fonseca, por estelionato e propaganda enganosa; e de Deolane Bezerra, que chegou a ser presa pela Justiça de Pernambuco, por estelionato, exploração não autorizada de jogos de azar, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa (assim como seus sócios na empresa de apostas Zeroum Bet); de Adélia de Jesus Soares, advogada de Deolane e proprietária da Payflow Processadora de Pagamentos, que atua no setor de apostas; de Daniel Pardim Tavares Lima, por falso testemunho perante a CPI, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa; de Pâmela de Souza Drudi, influenciadora digital, publicidade enganosa e estelionato; de Fernando Oliveira Lima, conhecido com Fernandinho Oig, dono de empresa de aposta, e de duas pessoas a ele vinculadas, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Com o total de 21 reuniões, a CPI escutou 19 pessoas. Isso representa pouco mais de 10% do total de depoimentos aprovados. 

Além disso, em diversas ocasiões os integrantes do colegiado foram surpreendidos com a ausência dos convocados: seis pessoas não apareceram para depor.

A comissão ainda analisou 192 requerimentos de informações sigilosas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), dos quais metade foi aprovada. Em resposta aos requerimentos, o Coaf enviou 63 documentos à comissão até o início de junho.

A CPI das Bets foi instalada em novembro de 2024 para investigar o impacto que as apostas on-line causam no orçamento das famílias brasileiras, apurar supostos vínculos com o crime organizado e identificar irregularidades na atuação de influenciadores que divulgam essas apostas.

As chamadas apostas de quota fixa se referem às apostas on-line esportivas (bets) e aos jogos on-line que se assemelham aos cassinos (como o Jogo do Tigrinho). A “quota fixa” é aquela que permite ao apostador saber de antemão quantas vezes a mais ele receberá sobre o valor apostado, caso seja premiado.

O setor passa por uma abertura desde 2018, com a Lei nº 13.756. O período sem regras explícitas para atuação gera divergência entre especialistas quanto à legalidade de determinadas atividades do setor.

INDÚSTRIA DO TABACO

Soraya Thronicke ainda enfrenta impasse na atuação parlamentar, já que, enquanto “combate” as apostas on-line, é autora de projeto de lei que prevê a regulamentação do cigarro eletrônico no Brasil, cujo mal à saúde da população mundial está amplamente comprovado.

Quando fala sobre os cigarros eletrônicos, a senadora costuma contar uma história que lhe ocorreu em 29 de maio de 2024, quando estava em Bolonha, na Itália, fazendo um tour pelas instalações da Philip Morris International, a gigante do tabaco, que custeou toda a viagem internacional e tem interesse na aprovação do projeto de lei.

Thronicke visitou a fábrica acompanhada por dois senadores do PSD, Sérgio Petecão e Irajá. 

A certa altura da visita, perguntou para o seu guia: onde fica o setor que fabrica os cigarros tradicionais de tabaco?

O funcionário não soube responder. Desinteressado, disse apenas: “Mas isso é passado”.

Thronicke acha que o episódio é uma ilustração adequada sobre o caráter visionário e inovador dos cigarros eletrônicos: eles são o futuro.

O futuro do emprego, o futuro dos investimentos e, acredita ela, até o futuro de uma população de fumantes mais saudável.

A senadora concorda com a maior bandeira da propaganda dos fabricantes: que os cigarros eletrônicos – também chamados de vaporizadores, ou apenas vapes – são uma alternativa menos prejudicial ao organismo do que os cigarros tradicionais. Por isso, apresentou no ano passado um projeto de lei que regulamenta os vapes, atualmente proibidos no Brasil.

No gigantesco complexo da empresa, o grupo conheceu todas as etapas da produção do cigarro eletrônico, da trituração das folhas de tabaco – importadas do Sul do Brasil – ao empacotamento nas caixinhas da Philip Morris.

Thronicke diz ter ficado impressionada com o que viu. “Não se investe mais em cigarro comum. Só países de terceiro mundo, subdesenvolvidos, incluindo o Brasil”, comentou mais tarde.

A viagem é tratada com enorme discrição, conforme a revista Piauí, que chegou a perguntou à Philip Morris sobre o patrocínio da visita, mas a empresa, em nota, limitou-se a dizer que “a viagem foi organizada pela Câmara de Comércio Italiana de São Paulo [Italcam]”.

O vice-diretor geral da Italcam, Alfredo Pretto, disse que não comentaria o patrocínio, por se tratar de “informações organizativas internas”, e que o responsável pela visita foi o ex-senador paraibano Cássio Cunha Lima.

Procurado, Cunha Linha, dono de uma consultoria que faz lobby para a Philip Morris em Brasília, não quis falar sobre o assunto em função de “restrições contratuais”. Recomendou à revista Piauí que procurasse a Philip Morris – fechando, assim, o círculo do silêncio.

O cigarro eletrônico está proibido no Brasil desde 2009, depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o considerou um produto altamente nocivo à saúde pública e que causa dependência. 

Desde então, numerosos estudos científicos e fatos médicos vieram corroborar essa avaliação. A indústria tabagista, porém, continua a propalar as vantagens dos vapes e não tem medido esforços para convencer políticos brasileiros.

Em 2023, quando ficou claro que a proibição seria mantida, a indústria do tabaco começou a se mexer para o que chamava internamente de “solução legislativa”, ou seja, virou seus canhões para o Congresso Nacional, indo bater na porta do gabinete de Soraya Thronicke.

A senadora agiu rápido: em setembro de 2023, convocou uma audiência pública para discutir o cigarro eletrônico.

Assim que a audiência acabou, ainda no corredor do plenário, ela anunciou à imprensa que faria um projeto de lei propondo a legalização do produto.

A Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), que congrega as gigantes do setor em atuação no Brasil – Philip Morris, BAT e, até maio deste ano, Japan Tobacco International –, logo enviou ao gabinete da senadora exemplos de regulamentação em diferentes países, para embasar seu projeto. 

EMENDAS

A senadora Soraya Thronicke também foi alvo de outra polêmica ao destinar R$ 8 milhões em dinheiro do Orçamento da União de 2024 a uma Organização Não-Governamental sediada no Rio de Janeiro, que atua discretamente em projetos a municípios fluminenses, ou seja, um estado bem distante do colégio eleitoral que a elegeu em 2018 na famosa “onda bolsonarista”, quando candidatos apoiados pelo então candidato a presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, tiveram esmagadoras votações.

O valor que Soraya mandou para o Instituto de Desenvolvimento Socioambiental (IDS) poderia ser distribuído entre pelo menos 20 entidades em Mato Grosso do Sul – média de R$ 400 mil para cada uma. A ONG fluminense tem representação “avançada” em Brasília (DF), São Luís (MA), Rio Branco (AC) e Santo André (SP).

Soraya explica que a ONG realiza feiras em todo o País, inclusive em Mato Grosso do Sul, porém, o valor padrão destinado por parlamentar federal a feiras, por exemplo, não passa de R$ 300 mil. Caso o dinheiro destinado ao Rio fosse mandado para Mato Grosso do Sul, os municípios poderiam realizar pelo menos 25 feiras para a divulgação do trabalho desenvolvido pelos agricultores familiares.

Os recursos poderiam ainda ser utilizados para comprar máquinas e equipamentos agrícolas para famílias de assentados, cujas propriedades sofrem com a falta de infraestrutura básica.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).