O vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre as fraudes no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) na terça-feira atingiu mais de 130 milhões de visualizações até ontem, e essa grande repercussão já está provocando embate entre os deputados federais da direita e da esquerda de Mato Grosso do Sul.
Na gravação, o congressista classificou o caso como “o maior roubo da história” e afirmou que há uma tentativa de culpar o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) pelos desvios, mas que, à época, o governo apresentou uma medida provisória para combater possíveis fraudes no INSS que “foi derrubada pela esquerda”.
Ele ainda disse que o esquema se intensificou durante a gestão do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e, com a ajuda de inteligência artificial, o deputado federal vai envelhecendo, em alusão aos aposentados lesados ao longo do tempo.
“Para chegar aqui diferente [no futuro], a gente precisa fazer algo diferente agora, porque o partido que prometeu cuidar do povo acabou explorando quem eles mais juraram defender”, disse, criticando o uso de recursos públicos para ressarcir as vítimas do esquema. “Resumindo, as vítimas vão ressarcir as vítimas. E os criminosos seguirão livres. Assim fica fácil roubar”.
Ferreira finaliza pedindo que a população pressione os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), pela abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os desvios no INSS.
OMISSÃO
Para o deputado federal Vander Loubet (PT), é fato que o vídeo de Ferreira omitiu várias informações importantes, como, por exemplo, que esse esquema de descontos indevidos começou lá em 2019.
“Também omite que a maior parte das entidades que praticaram esses descontos foram avalizadas durante o governo que ele apoiava. E o principal: omite que as investigações só começaram em 2023, já com o presidente Lula”, ressaltou.
Em nenhum momento, conforme o parlamentar petista, Ferreira questionou o porquê desse esquema ter passado os quatro anos do governo Bolsonaro em operação sem ser incomodado ou investigado pelas autoridades. “É um material bem tendencioso e cheio de informações falsas ou manipuladas”, afirmou.
De acordo com Loubet, o governo, além de usar os meios disponíveis para desmentir o vídeo, tem de focar na solução do problema.
“E a gente percebe um empenho, tanto por parte da CGU quanto por parte do novo presidente do INSS, no sentido de apurar o que tem que ser apurado, devolver o dinheiro de quem foi prejudicado e punir os culpados que causaram os desvios”, opinou.
Conforme o deputado federal petista, a determinação do presidente Lula nesse caso foi muito clara: o objetivo é investigar, doa a quem doer. “Por exemplo, já temos uma ação judicial apresentada contra 12 entidades que estariam envolvidas nas fraudes, inclusive com bloqueio de bens”, informou.
Ele também acrescentou que já está em andamento medidas judiciais contra os dirigentes das entidades envolvidas, como quebra de sigilos bancário e fiscal, bloqueio de atividades financeiras, suspensão temporária das atividades das associações investigadas e apreensão de passaportes dos dirigentes.
A VERDADE
Na avaliação do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), o vídeo do deputado federal mineiro viralizou porque escancara uma verdade que muitos tentaram esconder.
“O escândalo do INSS é, sem dúvida, um dos maiores casos de corrupção da história recente do Brasil, e por acaso o Lula na presidência”, declarou o parlamentar, que também é conhecido como Gordinho do Presidente.
De acordo com Nogueira, a indignação popular cresce à medida que mais brasileiros tomam conhecimento do esquema bilionário que sangrou os cofres públicos e penalizou justamente os mais vulneráveis. “E como sempre o Lula não sabia nem que seu irmão estava envolvido”, criticou.