Três adolescentes de Bertioga, no litoral norte de São Paulo (103 km da capital), estão internadas por suspeita de reações provocadas pela vacina contra o HPV (papilomavírus humano).
A vacina, administrada a adolescentes entre 11 e 13 anos, protege contra o câncer de colo de útero.
As menores relataram sintomas comuns: dor de cabeça, vermelhidão pelo corpo e o mais grave, perda de sensibilidade nas pernas.
Entre quarta (3) e quinta-feira (4) desta semana, os mesmos sintomas foram relatados por outras oito adolescentes de Bertioga, que também receberam uma dose da vacina.
Elas foram internadas no Pronto-Socorro da cidade, mas já receberam alta hospitalar.
Todas as adolescentes que sofreram alguma reação supostamente contrária à vacina são estudantes da Escola Estadual William Aureli, localizada no Jardim Rio da Praia.
Foi na escola que todas elas receberam uma dose da vacina.
Por meio da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Bertioga diz que ainda não é possível associar os sintomas relatados pelas menores à vacina.
"O lote com as doses que foram administradas nas adolescentes estava com prazo de validade em dia e refrigerado", afirma a assessoria.
O mesmo lote, reafirma a assessoria, continua sendo utilizado no Estado, por recomendação da Secretaria Estadual de Saúde.
Duas das três menores internadas chegaram a ser liberadas nesta sexta-feira, mas, horas depois, voltaram a ser hospitalizadas devido à manifestação dos sintomas.
Neste sábado (6), uma terceira vítima diagnosticada com as mesmas reações também foi hospitalizada.
Elas foram transferidas para o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, e lá, serão submetidas a uma série de exames clínicos.
A Prefeitura de Bertioga deverá instaurar uma sindicância nesta segunda-feira (8) para apurar o caso.
A Folha não conseguiu localizar os pais ou responsáveis das adolescentes até a publicação desta reportagem.
Vacinação
A aplicação da segunda dose da vacina contra o HPV, que é distribuída pelo SUS (Sistema Único de Saúde), teve início neste mês em todo o país.
Quem tomou a primeira dose em março deve tomar a próxima para garantir a imunização completa.
A expectativa do Ministério da Saúde é de que 80% das 4,9 milhões de meninas nessa faixa etária sejam imunizadas no país nos próximos meses.
O vírus do HPV é um dos causadores do câncer de colo de útero, terceiro tumor mais frequente em mulheres no país e terceira principal causa de morte entre mulheres no país, de acordo com o Ministério da Saúde.
A imunização contribui para a redução dos casos de câncer de colo de útero mas outros métodos de proteção precisam continuar sendo usados, como o uso de camisinhas, e o exame de papanicolau, recomendado para mulheres a partir dos 25 anos, também deve continuar sendo feito mesmo por quem já tomou a vacina.