O poder que João Amorim, dono da empreiteira Proteco, exerce sobre as obras públicas de Campo Grande, é ainda maior do que foi visto na primeira fase da Operação Lama Asfáltica, que apontou que ele também comandava a empreiteira LD Construções, de seu genro e, indiretamente, o Consórcio CG Solurb. Ao todo, o empresário está ligado à sete empresas do ramo de construção com contratos milionários de obras públicas na Capital, e outras nove para atividades paralelas nas áreas contábil, financeira e agropecuária. Juntas, segundo a Polícia Federal, estas empresas formavam um cartel para dominar as obras públicas da Capital.
De acordo com relatório da PF, a Gerpav Engenharia, Conspar Engenharia, Socenge/LD, AS Construções Assessoria e Planejamento, MBM Construções, DMP Construções e Proteco Construções são as empresas utilizadas por Amorim para reinar nas obras públicas da Capital, sobretudo no período entre 2008 e 2012, último mandato de Nelsinho Trad, e quando o grupo, que a Polícia Federal prefere chamar de cartel, ganhou mais concorrências, com valores que ultrapassam os R$ 100 milhões. Todas estas sete empresas têm forte ligação entre si, e chegam a compartilhar endereços, sócios, patrimônio e funcionários.
A estratégia de “dividir para reinar”, adotada pelos imperadores romanos no passado, continuou muito atual para João Amorim. Para ganhar licitações e se adequar às regras dos editais (geralmente restritivos e direcionados, conforme concluiu a investigação) o empresário aumentava e diminuia o capital das empresas, abria e fechava, e trocava seus donos, em uma frequência incomum.
*A reportagem, de Eduardo Miranda, está na edição de hoje do Jornal Correio do Estado.