Em cerimônia dos melhores da competição, Federação Paulista concede prêmio à Daiane Muniz, que vai com moral para a disputa do Brasileirão
Natural de Três Lagoas, Daiane Muniz foi eleita a melhor Árbitra de Vídeo (VAR) desta última edição do Campeonato Paulista, mesmo após polêmicas durante a competição.
Na última sexta-feira (28), um dia após a definição do Corinthians como campeão diante do Palmeiras, a Federação Paulista de Futebol (FPF) realizou a cerimônia de premiação dos melhores do Paulistão, do qual premiou jogadores, treinadores e árbitros que foram destaques durante todo o desenrolar do torneio.
Na categoria melhor VAR e AVAR, Daiane Muniz e Amanda Matias foram as escolhidas. Ao todo, a árbitra sul-mato-grossense participou de 12 jogos nesta edição do campeonato, incluindo clássicos e partidas decisivas:
- Novorizontino 0 x 1 Ponte Preta (Paulistão)
- Portuguesa 1 x 2 São Paulo (Paulistão)
- Velo Clube 0 x 1 Mirassol (Paulistão)
- Inter de Limeira 1 x 1 RB Bragantino (Paulistão)
- Palmeiras 1 x 1 Corinthians (Paulistão)
- Ferroviária 2 x 2 Santo André (Paulistão)
- Portuguesa 2 x 2 Corinthians (Paulistão)
- São Paulo 1 x 2 Ponte Preta (Paulistão)
- Corinthians 2 x 0 Mirassol (Paulistão - Quartas de Final)
- Corinthians 0 x 0 Palmeiras (Paulistão - Final)
Além desses citados acima, Daiane também participou de um jogo da Copinha e dois da Série A2 do Paulistão. Agora, a três-lagoense deve atuar no Campeonato Brasileiro, e chega com moral para a competição após a premiação.
Polêmicas
Nesse Campeonato Paulista, Daiane esteve envolvida em algumas polêmicas que irritaram torcedores e jogadores. O primeiro deles foi no dérbi paulista que aconteceu no início de fevereiro, pela fase de grupos. O jogo teve três polêmicas principais, das quais todas aconteceram na segunda etapa.
Após o apito final, foi noticiado que o Palmeiras iria à Federação Paulista de Futebol (FPF) protocolar reclamação. Na coletiva de imprensa, Abel Ferreira, técnico palmeirense, criticou a arbitragem e falou que "a regra existe para se cumprir".
Nas quartas de final da competição, em Corinthians x Mirassol, Daiane foi árbitra principal e também ouviu reclamações dos dois lados. No primeiro tempo, faltas marcadas contra a equipe corintiana irritou jogadores, comissão técnica e os mais de 44 mil torcedores presentes na Neo Química Arena.
Porém, quem terminou o primeiro tempo se queixando foi o Mirassol. No finalzinho da primeira etapa, quando já estava 1x0 para a equipe da casa, André Carrillo efetuou um carrinho por trás e atingiu o tornozelo do atacante Clayson com as travas da chuteira.
Daiane marcou a falta e deu cartão amarelo para o jogador corintiano, mas a equipe do interior reclamou (e muito) para a árbitra expulsar o atleta. Nada feito. Após a partida, o lateral-esquerdo Reinaldo, capitão do Mirassol, comentou sobre o lance na zona mista.
“Com certeza [fomos prejudicados]. Se fosse à favor do Corinthians, ela já viria com vermelho. Sabemos que é assim, temos que jogar até contra eles [arbitragem]. O lance poderia ter mudado o jogo, deixando eles com 1 a menos, e a gente poderia ter ficado com a classificação”, disse.
A última polêmica aconteceu no jogo de volta da final, entre Corinthians x Palmeiras, na Neo Química Arena. O lance capital aconteceu aos 25 minutos do segundo tempo, quando Vitor Roque é lançado, vence Félix Torres na corrida, mas é atingido por um carrinho por trás do zagueiro equatoriano. Matheus Candançan, árbitro principal, prontamente assinalou o pênalti e não mostrou cartão amarelo para o defensor corintiano, o que seria o seu segundo e, consequentemente, seria expulso.
O Corinthians reclama que não foi pênalti, mas sim uma falta fora da área. Já o Palmeiras diz que, além da falta ser dentro da área, o que foi marcado, Félix deveria receber mais uma advertência, o que não aconteceu. Do minuto da marcação da penalidade até a cobrança, Abel Ferreira e sua comissão técnica ficaram indignados com a omissão do árbitro ao não mostrar o cartão ao zagueiro.
Durante um de seus gritos, o treinador teria falado ao quarto árbitro que “vocês têm que ver direito, é tudo contra nós, isso é absurdo, tais a roubar”, como relatado em súmula. Com isso, Matheus Candançan expulsou o português do jogo, que foi obrigado a assistir ao restante da partida no vestiário alviverde.
Mesmo com esse “rolo” todo, Daiane Muniz não sugeriu nenhuma revisão e o VAR não interrompeu o jogo, ou seja, se manteve a decisão de campo. Para “sorte” do quadro de arbitragem, Raphael Veiga perdeu o pênalti e Félix Torres faria mais uma falta dois minutos depois e, assim, também foi expulso.
Ainda nos minutos finais, o VAR finalmente foi acionado, após uma briga entre jogadores das duas equipes. Ao assistir filmagens da confusão, Matheus Candançan expulsou Marcelo Lomba, goleiro reserva do Palmeiras, e José Martinez, volante do Corinthians.
História
Árbitra FIFA desde 2018, Daiane iniciou sua carreira no Campeonato Sul-mato-grossense em junho de 2014, inclusive foi a primeira mulher a ser árbitra principal no estadual, no jogo entre Corumbaense e Maracaju, em 2020, mas mudou-se para São Paulo logo depois, tanto que hoje faz parte do quadro de arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF).
A partir deste momento, ganhou reconhecimento nacional e comandou o VAR em vários jogos da primeira divisão nacional e chegou até a Copa do Mundo Feminina de 2023, disputada na Austrália, onde ela também trabalhou como assistente de vídeo.
No ano passado, ela também esteve no quadro de árbitros para comandar o VAR em Paris, durante a realização dos Jogos Olímpicos, chegando a apitar a final masculina, entre Espanha e França, e a disputa de bronze no feminino, entre Espanha e Alemanha.
Ainda, atuou na Copa do Mundo Feminina sub-17, onde também apitou a final, disputada entre Coreia do Norte e Espanha.
Saiba
Na cerimônia, também foram escolhidos o craque da competição e os melhores de cada posição. Confira os premiados em cada categoria:
Goleiro: Hugo Souza (Corinthians);
Lateral-direito: Matheuzinho (Corinthians);
Zagueiros: Arboleda (São Paulo) e Murilo (Palmeiras);
Lateral-esquerdo: Escobar (Santos);
Meio-campistas: Richard Ríos (Palmeiras), Carrillo (Corinthians) e Lucas Moura (São Paulo);
Atacantes: Estêvão (Palmeiras), Guilherme (Santos) e Yuri Alberto (Corinthians);
Técnico: Ramón Díaz (Corinthians);
Craque: Yuri Alberto (Corinthians);
Craque da galera: Yuri Alberto (Corinthians);
Gol Mais Bonito: Neymar (Santos), contra a Inter de Limeira;
Artilheiro: Guilherme (Santos), com 10 gols marcados;
Drible mais bonito: Memphis (Corinthians), contra o Palmeiras, na fase de grupos;
Revelação: Vinicinho (Bragantino);
Craque do interior: Carlão (Noroeste);
Prêmio Djalma Santos Fair Play: Mirassol;
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