A menor pressão exercida pelos alimentos em dezembro foi a principal responsável pela redução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em relação a novembro, de 0,83% para 0,36%. Na passagem de um mês para outro, a taxa referente ao grupo alimentação e bebidas diminuiu de 2,22% para 1,32%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados hoje (7), produtos que haviam impactado a taxa de novembro com altas expressivas tiveram resultados mais moderados no mês seguinte. Ainda assim, eles foram os principais responsáveis pela elevação da inflação em 2010, tendo contribuído com 40% para o IPCA do ano.
O índice, que mede a inflação oficial do país, fechou o ano com elevação acumulada de 5,91%, maior do que a verificada em 2009, de 4,31%.
O documento do IBGE destaca que, mesmo com menor ritmo de crescimento, o grupo alimentação e bebidas teve 0,31 ponto percentual de contribuição, o que corresponde a 49% do IPCA de dezembro.
Entre os produtos que pressionaram menos a inflação em dezembro estão as carnes, que passaram de alta de 10,67%, em novembro, para 2,22%. Com isso, o item refeição em restaurante passou a representar a principal influência ao IPCA do mês, passando de 1,40% para 1,98% e contribuindo com 0,09 ponto percentual da formação do índice.
Entre as quedas, o destaque foi o feijão carioca (de –6,64% para –16,45%), que representou a mais baixa contribuição do mês (-0,05 ponto percentual). Outros alimentos que também ficaram mais baratos no período foram a batata-inglesa (de 7,30% para –11,96%), o feijão-preto (de 2,11% para –1,93%) e o feijão-mulatinho (de –1,21% para –5,83%).
Por outro lado, alguns itens continuaram apresentando taxas em elevação, como o açúcar refinado (de 6,52% para 7,02%), o frango inteiro (de 3,35% para 4,81%) e o frango em pedaços (de 1,36% para 3,44%).
Entre os produtos não alimentícios, a taxa de 0,42% ficou bem próxima do 0,41% registrado em novembro. Os transportes tiveram alta de 0,13% para 0,29%, com destaque para passagens aéreas (de –1,26% para 7,61%) e ônibus interestadual (que não tinha registrado variação e passou para 0,16%) e automóveis novos (de –0,21% para 0,13%).
Também ficaram mais caros os itens de vestuário (de 1,25% para 1,34%), saúde e cuidados pessoais (de 0,36% para 0,39%) e artigos de residência (de –0,12% para 0,10%). Já habitação teve alta menos intensa (de 0,57% para 0,49%), com a influência de aluguéis residenciais (de 1,05% para 0,73%) e da energia elétrica (de 0,48% para 0,02%). O mesmo movimento foi observado em despesas pessoais (de 0,74% para 0,57%), com a menor elevação em empregado doméstico (de 1,34% para 0,72%).
Entre os índices regionais, Recife (1,07%) apresentou o maior resultado, puxado pela alta de 1,79% em alimentos. Já Belo Horizonte (0,35%) ficou com a taxa mais baixa, também influenciada pelos alimentos (0,17%).
Calculado pelo IBGE desde 1980, o IPCA se refere às famílias com rendimentos de até 40 salários mínimos e abrange nove regiões metropolitanas do país, além do município de Goiânia e de Brasília. Para calcular o índice de dezembro foram coletados preços entre 30 de novembro e 28 de dezembro, que foram comparados aos vigentes entre 29 de outubro e 29 de novembro.