Cerca de 600 turistas, entre eles mais de cem brasileiros, estão impossibilitados de deixar a cidade de Puerto Natales, no Chile, devido aos protestos contra o aumento do preço do gás natural no país. Todos os acessos foram bloqueados, impedindo o retorno das pessoas aos seus países.
Lisa Ficker e seu marido Daniel Chvaicer estão "presos há cinco dias na cidade" e relatam que os manifestantes bloquearam as estradas e estariam "usando [os turistas detidos] para conseguir negociar" com o governo chileno.
Ficker conta que, apesar de saberem que está havendo negociações em Puerto Arenas, até a tarde deste sábado, eles não tinham recebido previsão de quando poderiam voltar aos seus países.
"O que há são informações desencontradas, não temos nenhum representante do Consulado brasileiro aqui em Puerto Natales para nos ajudar, mas sabemos que há de outros países."
Contudo, por volta das 15h (16h no horário de Brasília) deste sábado, o governo chileno avisou aos turistas que alguns ônibus os transportariam, aos poucos, para seguirem para El Calafate (Argentina) e Puerto Arenas (Chile), e, assim, embarcarem para seus países. No entanto, os turistas têm informações não confirmadas de que parte do espaço aéreo chileno também está fechado.
Durante o período, a Cruz Vermelha preparou instalações para centenas de turistas, que se dividiram entre pousadas da região e uma escola equipada com colchões e alimentação. Apenas ambulâncias e alguns caminhões com comida têm entrada livre.
Os turistas que viajaram ao país de carro, caso de Ficker e seu marido, tentam uma escolta para acompanhá-los até a Argentina, caso contrário, terão de deixar o carro lá e embarcarem de avião.
ENTENDA O CASO
Desde que a Enap (Empresa Nacional de Petróleo), a estatal chilena, anunciou que o gás natural em Magalhães subiria 16,8%, a comunidade da região se mobilizou para refutar fortemente o aumento, o que implicará em elevação do custo de vida para os habitantes.
Os manifestantes estão brigados com o presidente Sebastián Piñera. Piñera havia assegurado em visita à região que o setor residencial de Magalhães seguiria recebendo o benefício de contar com subsídio do governo sobre o preço do gás.
"O setor residencial de Magalhães tem um tratamento especial nos preços do gás natural, e esse preço não será alterado. Por essa razão, quero dizer que não há nada a temer", disse Piñera pouco antes do estouro da crise.