Na audiência pública “A violência contra a imprensa e seus profissionais”, representantes do MPE (Ministério Público Estadual) e da Polícia Militar defenderam ações para impedir a fuga de pistoleiros e mandantes para os países vizinhos. O evento foi realizado nesta sexta-feira (9) no plenário Julio Maia por proposição do deputado Alcides Bernal (PP), que é radialista e advogado.
Para o promotor de Justiça de Amambai, Ricardo Rotunno, é necessária uma parceria com o Paraguai para impedir o refúgio de criminosos naquele país. “Precisamos mobilizar a polícia com o Ministério Público e buscar parceria com o governo paraguaio. A fronteira está aberta para que quiser fugir e buscar guarita no Paraguai”, disse.
Rotunno trabalhou no caso do jornalista Samuel Romã, da Rádio Conquista, que foi morto na frente do filho a mando do então prefeito de Coronel Sapucaia (na fronteira seca com Capitan Bado, no Paraguai), Eurico Mariano. “Foi um caso inédito da prisão de um mandante com poder político, econômico e social”, afirmou.
O promotor destacou ainda que a elucidação do crime e a prisão dos autores e mandante só foi possível graças à colaboração da sociedade, que não se intimidou. Eurico Mariano acabou solto por um habeas corpus e, segundo o promotor, está em liberdade no Paraguai, apesar de ser condenado no Brasil pelo crime.
Representando o Ministério Público Estadul (MPE), o promotor de justiça Paulo Cezar dos Passos disse que a Procuradoria de Justiça tem se dedicado à elucidação dos crimes. “O Ministério Público, em conjunto com a Polícia Civil e a Polícia Militar, vem investigando e se empenhando, muitas vezes com informações que não podemos divulgar, para chegar até os criminosos. É muito duro e frustrante para mim e para outras pessoas ver que esses crimes se repetem”, declarou.
Paulo Cezar dos Passos defendeu ainda o direito à liberdade de imprensa e afirmou que a prisão dos criminosos depende da colaboração da sociedade. “O ataque à imprensa atinge toda a sociedade e isso reclama uma resposta dura”, informou.
Já o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto David dos Santos, alertou que “infelizmente a fronteira estimula esse tipo de crime” porque assassinos podem fugir para países vizinhos. Ele apontou ainda como ponto positivo o Plano Estratégico de Fronteira, do Governo Federal, e defendeu a presença das Forças Armadas na fronteira.