Enquanto o governo enfrenta a maior onda de ataques cibernéticos da história, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira que pretende convidar grupos de hackers (violadores de sistemas de segurança on-line) para ajudarem a desenvolver meios de dar mais transparência aos portais do ministério.
“Hackers são jovens talentosos e criativos que eu, inclusive, quero incorporar no meu ministério. Quero convida-los para um ‘Hackers Day’. A gente chama os hackers para eles desenvolverem soluções próprias. Estou desenvolvendo um projeto para dar transparência total no ministério, todos os gastos, tudo. Quero chamar os hackers para ajudarem a construir os indicadores e as formas de transparência. É para abrir as informações. Quero que seja uma referência”, disse Mercadante.
Segundo ele, os ataques feitos a sites do governo são obra de crackers, termo usado para descrever vândalos virtuais. “Este é um problema que todos os países vivem hoje. Eu não chamaria hackers, chamaria crackers”, disse o ministro.
Segundo ele, a onda de ataques serve de alerta para o governo sobre a necessidade de melhorar os sistemas de segurança. “Os crackers fazem este tipo de ataque ou para dar uma mensagem política ou pelo prazer deste tipo de desafio. De qualquer forma ele fazem parte da sociedade e temos que saber nos proteger. É uma experiência importante para mostrar que temos que investir e nos preparar para termos uma estrutura de defesa mais eficiente”, afirmou.
Histórico
Iniciada na semana passada, a onda de ataques a sites oficiais levou o governo a mobilizar órgãos como a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) num esforço para identificar a origem das invasões. Desde a última quarta-feira, crackers quebrou a segurança de um site do Exército e acessaram páginas da Presidência, do Governo Brasileiro, da Petrobras, do Senado, do IBGE, além de vários ministérios e órgãos oficiais. No último fim de semana, um dos grupos que reivindicavam a autoria das invasões chegou a anunciar que os ataques cessariam, mas os problemas continuaram atingindo diversas páginas governamentais.
Como o iG mostrou, a estratégia do governo brasileiro diante de ameaças virtuais costumava ser a do contra-ataque. No Exército, por exemplo, a tarefa cabe ao general José Carlos dos Santos, apelidado de "General Firewall", que comanda um centro encarregado de detectar ataques de vírus e outras ameaças.
Na medida em que se viu uma escalada no número de ataques, o tom das ameaças também aumentou. Na última sexta-feira, em uma invasão ao site do IBGE, um grupo de hackers disse que, neste mês, o governo vai viver o maior número de ataques virtuais da sua história. Eles descrevem a ação como uma forma de protesto de quem quer um Brasil melhor. Integrantes do grupo cracker Fatal Error Crew, por outro lado, se descreveram como pessoas "comuns". "Pegamos balada, bebemos", disse ao iG um membro do grupo.