A Resolução nº 356, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que obriga os entregadores de gás a mudarem a forma de transporte dos botijões, cuja aplicação foi adiada de agosto deste ano para agosto de 2012, está causando polêmica no setor, que afirma que não só eles serão prejudicados pela medida, mas também os consumidores. De acordo com o Sindicato dos Revendedores de GLP de Mato Grosso do Sul (Simpergascms), o gás poderá ficar, no mínimo, 33% mais caro, ultrapassando a casa dos R$ 60, se os comerciantes do produto tiverem que atender a todas às exigências da lei.
Entre elas está a instalação do sidecar. O acessório é uma espécie de caixa acoplada na lateral da moto, e custa, em média, R$ 2 mil. Dessa forma, ficaria proibída a utilização das gaiolas em motocicletas, hoje principal forma de transporte do gás no Estado. O custo da nova obrigatoriedade, inclui ainda um kit, de colete e capacete com faixas refletivas, mata-cachorro, antena corta-pipa – mais os custos de legalização do veículo.
“Têm comerciantes que trabalham com cinco, oito motocicletas de entrega e arcar com toda essa mudança vai sair caro, por um motivo que não procede. O governo fala em segurança, mas hoje, da forma como está, não se vê acontecer acidente de trânsito envolvendo entregadores de gás – é um transporte seguro da forma como está, não há necessidade disso”, afirma o presidente do Simpergascms, Pedro Carlos Nantes.
Atualmente, o Estado conta com cerca de dois mil revendedores de gás e, a opinião do presidente é unanimidade entre os comerciantes do produto. Segundo o proprietário de revenda, Maickon David de Oliveira Lopes, de Campo Grande, o setor poderá vir a desempregar com a medida, uma vez que o veículo adapatado aumentará o tempo de entrega e reduzirá o volume das vendas.
“Enquanto com a moto comum, com a gaiola, levamos cerca de 20 minutos, com o sidecar levaremos 40 minutos, no mínimo. É um acessório que deixa muito lento o percurso e, o consumidor, além de ter que pagar mais pelo gás, por conta do repasse do custo da mudança, ainda vai ter que esperar mais para receber o gás”, pondera.
Com 12 anos de experiência no ramo, o revendedor Adilson Araújo Dias, afirma que não há viabilidade nenhuma na regra, não só pelos custos. “Em ruas de chão, esburacadas, a moto com sidecar não entra. E como vai ficar o consumidor que mora em locais assim?”, questiona.
A única forma de conseguir entregar o gás em casos como esse, seria com carro ou pick-up.
E é assim que Antônio Barboza, que atende cerca de 100 pedidos por semana, pretende fazer para não perder clientela, caso a regra, atá agosto de 2012, não seja alterada. “Tenho uma moto e um carro. Estou pensando ou em aposentar a moto, ou em adaptá-la, mas usar mais o carro para as entregas”, afirma.
A resolução do Contran deveria ter entrado em vigor em agosto passado, mas passa a valer em 2 de agosto do próximo ano, porque os sidecars precisam de homologação no órgão e até então nenhuma empresa havia se manifestado nesse sentido. O novo prazo também servirá para que seja ampliada a quantidade dos kits de segurança exigidos no mercado, que também estão com distribuição restrita.