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Sônia Puxian: "A sabedoria é um tesouro sem igual"

Jornalista

Redação

31/12/2015 - 00h00
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Comentou certa vez o discípulo, com o sábio: “Mestre, desde a minha infância, eu orei a Deus pedindo sabedoria, e Ele me deu. Hoje, pergunto a Deus o que fazer com ela”. E o sábio, curioso, perguntou: “Por quê?”. O discípulo respondeu: “Por onde quer que eu ande, encontro grosseria, falta de educação, falta de respeito, maledicência. Ugh! As pessoas perderam a noção do certo e errado, encontram sempre uma maneira de passar o outro pra trás... Isso me deixa indignado. Ao aplicar a minha sabedoria, ela se perde em meio a isso tudo”.  

O sábio respondeu: “Filho, a sabedoria é um tesouro sem igual, é a mais alta aquisição que um ser humano pode ter, de valor incalculável. Muitos a desejam, poucos a têm. Aplica sempre a sua sabedoria, pois ela te faz sentir-se mais valioso. Não importa quem a entenda ou não. A cada qual segundo o seu merecimento, e o seu é maior”. O discípulo alegrou-se.

“Veja o sol”, prosseguiu o sábio. “Ele é soberano e nasce a cada dia, cumprindo a sua missão. Não importa que haja nuvens, elas estão sempre abaixo dele. Pense nisso e brilhe cada vez mais... Deixe as nuvens abaixo de você”, finalizou o sábio. O discípulo agradeceu e saiu da presença do mestre com a alma engrandecida e feliz. Entendeu que a sua sabedoria era algo valioso demais para ser colocado à prova e uma conquista para poucos. 

Nem sempre as coisas boas são valorizadas, mas é claro que isso não implica em deixar de lado o que é bom. O importante é valorizar quem está ao lado, para receber o que você tem de bom; afinal, muitas vezes, desperdiçamos nossas qualidades em situações desfavoráveis, ou melhor, para quem não reconhece o seu esforço e mérito. Portanto, valorize-se! Dê o melhor de si pra quem é o melhor, só assim você se sentirá bem e evitará o desperdício.

A vida é um aprendizado, em que muitas lições são colocadas ao seu dispor. Algumas, fáceis de resolver; outras, não. E, de repente, ela te coloca diante de uma prova de fogo... O que fazer? Bem, tem horas que as pessoas se assustam e pensam que não vão dar conta do recado. É importante seguir passo a passo as regras que a própria vida te impõe, levar em conta o lado bom do problema e solucionar com sabedoria. 

A serenidade também é uma ferramenta importante. Ela dá o devido suporte para saber contornar a situação com calma e buscar a solução adequada. Eu me recordo que, ao término do curso de II Grau, a professora de Língua Portuguesa finalizou a última aula com a seguinte mensagem:  “Lembrem-se sempre de ter em mente esses três itens: serenidade, coragem e sabedoria. Serenidade para aceitar as coisas que não podem ser mudadas; coragem para mudar o que pode ser mudado, e sabedoria para discernir um do outro”. Essa frase me marcou muito e sempre me acompanhou!  

Se você optar pelas coisas boas, elas virão até você. E é claro que é preciso ter sabedoria e discernimento para resolver os impasses do dia a dia, mas resolver problemas nos deixa mais fortes e confiantes. Dedique algum tempo do seu dia para uma meditação audaciosa do que o está incomodando, entregue a solução do problema para o momento certo e, então, o tempo vai agir. Quando você menos esperar, a resposta virá ao seu encontro e, como num passe de mágica, o que o incomodava vai perder força.  

E agora, para complementar, anote o que diz Ala Szerman no livro “Maturidade Revista”: “A ginástica, o esporte, mesmo uma simples caminhada diária, funcionam como treinamento para uma vida melhor e mais longa. Essas atividades, quando praticadas constantemente, atuam na área respiratória, no coração e em toda a corrente sanguínea, ajudando a pessoa a chegar a uma idade avançada, inclusive com o cérebro mais preparado devido ao grande aumento de oxigenação do organismo”.

Para finalizar, a frase de Aristóteles: “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz”. Com essas dicas interessantes e úteis, desejo a todos um novo ano repleto de coisas boas, grandes realizações e novas conquistas, com muita saúde, paz e amor. Estar na companhia de vocês me torna sempre mais feliz! 

Desejo a todos incontáveis alegrias... Sejam felizes, sempre...

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O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

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O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

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A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

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Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

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