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Sônia Puxian: "Ops! De novo, não! Caí no buraco"

Jornalista

Redação

21/10/2015 - 00h00
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Assim não dá!

“Sônia, você não viu o buraco?”, me perguntaram enquanto eu dirigia. UGH! Eu vi, respondi, mas eram três, desviei de dois, cai no terceiro... Impossível desviar de todos porque na maioria das vezes tem carro ao lado.  

Assim está a realidade do asfalto de nossa cidade, muitos buracos, alguns profundos e é necessário decorar os buracos próximos a sua casa para não cair repetidamente nos mesmos... Parece brincadeira, mas não é!  

Que o asfalto está em condições precárias todos sabem, e o que todos sabem também é que o trânsito em Campo Grande é muito indigesto. É impossível percorrer pequenas distâncias no horário de pico sem ficar parado por muito tempo nos semáforos, nas filas de carro intermináveis que se formam. Como bem disse certa vez um condutor: “Permaneci no mesmo semáforo por três vezes”, ou seja, estava tão lento que demorou para cruzar a rua. 

Sem falar no cansativo movimento de anda, para; anda, para; anda para... Pequenos trechos ficam intermináveis em determinados horários. O semáforo é muito demorado e isso ocasiona acúmulo de carros, e onde há “Retorno” o trânsito fica lento e atrapalha quem vem pela avenida por conta dos carros acumulados aguardando o sinal abrir. 

Uma das saídas seria diminuir o tempo de farol vermelho para fazer fluir melhor o trânsito: “menos tempo de vermelho”, mais agilidade para fluírem os veículos promovendo menos aglomeração. Vale destacar que o semáforo lento cria trânsito nas duas ruas em que os carros circulam.  

Outro aspecto a se levar em conta é que em ruas de pequeno tráfego o tempo de espera é longo e passa a ser inútil, porque não vêm carros na outra direção e o motorista é obrigado a ficar parado. OPS! E são várias quadras nessa situação e mais uma vez: “anda, para; anda, para; anda para...”. Pra que isso? Gasta mais combustível, torna o percurso cansativo e não tem necessidade de tanta parada inútil. Pode-se adotar o sistema de semáforo piscante em estado de atenção.

Seria interessante desenvolver uma engenharia de tráfego para agilizar o trânsito e demarcar um novo tempo de espera seguindo a necessidade de ruas e avenidas,  sobretudo em trechos extensos, como a Avenida Afonso Pena, Mato Grosso e instituir a “onda verde”, onde o tempo de sinal verde permanece mais demorado para dar vazão a maior número de carros. 

Como se não bastasse, em algumas ruas os buracos foram pintados com um círculo branco ao redor, o que achei ótimo, pelo menos fica mais fácil desviar, e em alguns deles escreveram até mensagens... OPS! Só faltava essa. Você já deve ter visto.

Campo Grande, Cidade morena, lugar lindo de se viver e trabalhar, cidade arborizada, próxima a lugares onde a Natureza esbanjou beleza e nos brindou com o que há de melhor em seus atributos naturais: Bonito, Pantanal, entre outros, merece tudo de bom e uma atenção redobrada na manutenção de sua beleza e bem-estar.

Ah, vai aqui o lembrete: “Não se esqueça de decorar o lugar dos buracos próximo a  sua casa para você desviar. É sério! Ugh! Eu mesma já cai várias vezes até decorar onde estavam”. 

“Campo Grande”, cidade que a todos acolheu de braços abertos, sua gente é linda e hospitaleira e o seu povo trabalhador. Nós te amamos e desejamos tudo de bom. Que a cada dia seja melhor para se viver aqui”. 

E, pra finalizar, quero registrar alguns comentários de leitores assíduos que me dizem: “Leio todos seus textos, gosto muito do seu jeito de escrever, leitura agradável!”. Outro leitor destacou: “Leio tudo o que você escreve, seus títulos chamam atenção”. E mais: “Procuro pelos seus textos assim que abro o jornal, sou seu fã e admirador, te leio sempre e aprecio seu vasto conhecimento literário”, e ainda: “Leio sempre seus artigos, gosto muito, você escreve bem”. 

Agradeço a todos e quero destacar que escrevo com pureza de intenção e verdade de sentimentos. 

Tenham ótimos dias e muitas alegriasssssss...

ARTIGOS

O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

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O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

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A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

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Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

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