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Datena agride Marçal com cadeirada e é expulso de debate da TV Cultura

Debate foi interrompido e voltou com os outros quatro participantes, que lamentaram o episódio e atribuíram a responsabilidade do ocorrido tanto a Datena quanto a Marçal

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O candidato José Luiz Datena (PSDB) agrediu Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada em meio ao debate na TV Cultura neste domingo (15). O primeiro foi expulso, e o segundo deixou o programa que reunia os postulantes à Prefeitura de São Paulo.

O debate foi interrompido em seguida e voltou com os outros quatro participantes, que lamentaram o episódio e atribuíram a responsabilidade do ocorrido tanto a Datena quanto a Marçal.

O candidato do PRTB provocou o apresentador nos blocos anteriores ao resgatar uma denúncia de assédio sexual contra Datena. O jornalista respondeu que o caso não foi confirmado pela polícia e acabou sendo arquivado pela Justiça. Disse ainda que o fato atingiu sua família e levou à morte de sua sogra.

"Senhoras e senhores, nós vamos às manchetes dos debates pela pior cena já vista em debates. Peço que se comportem para terminarmos bem o debate", disse o mediador Leão Serva após a confusão, afirmando que a agressão foi um dos "eventos mais absurdos da história da TV brasileira".       

A assessoria de Marçal disse que o influenciador e autodenominado ex-coach seguiu para um hospital para receber atendimento. Ele também demonstrou contrariedade com a continuação do debate sem sua presença.

Após a agressão, no quarto bloco, jornalistas que acompanhavam o debate de uma sala de imprensa se dirigiram à porta do estúdio, mas foram impedidos de seguir primeiro pela segurança do local e, depois, pela polícia. O debate foi realizado no Teatro B32, na avenida Faria Lima. O combinado era que não haveria plateia no teatro e, por isso, os jornalistas acompanhavam o embate do lado de fora.

Antes disso, o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) se tornou o principal alvo do debate, também marcado por uma tentativa de isolar Marçal, que foi ora ignorado ora criticado pelos rivais.

Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo), os outros três convidados do programa, usaram perguntas e respostas para desqualificarem a gestão de Nunes, que se defendeu. O emedebista teve confrontos verbais sobretudo com Boulos, seu principal oponente.

O debate teve Datena no primeiro bloco se recusando a direcionar uma pergunta, quando sorteado, para o representante do PRTB por causa da postura de "transformar debate em um mero programa de internet dele".

O caso citado por Marçal ocorreu em 2019, quando Bruna Drews, então repórter do programa Brasil Urgente, apresentado por Datena na Band, disse ter sido assediada pelo tucano. A jornalista afirmou, na época, que o apresentador frequentemente fazia comentários sobre seu corpo, em tom sexual.

Após a repercussão do caso, ela se retratou e protocolou uma declaração em cartório em que afirma ter mentido. Dias depois, afirmou nas redes ter sido induzida a se retratar.

"A minha vida é aberta, quem é bandido, acusado, condenado, quer mentir sobre seu passado", afirmou o tucano acusando Marçal. Datena disse ainda que o influenciador continua sendo "ladrãozinho de banco", em alusão a esquema que chegou a levar o rival a ser condenado em primeira instância.
 

Datena reagiu a Marçal, indignado com a acusação e afirmando que ele não tinha conhecimento do que falava. "Você foi condenado como bandidinho, ladrão de dados da internet. Isso [acusação] me custou muito para minha família. O que você fez comigo hoje, foi terrível, e espero que Deus lhe perdoe", disse.

Em sua vez, o candidato do PRTB chamou Datena de arregão. O apresentador, que usou a cadeira destinada a Marina Helena no cenário para acertar o oponente, já havia partido para cima de Marçal no debate anterior, realizado por TV Gazeta e Canal MyNews no dia 1º, mas sem chegar a agredi-lo.
 

Datena disse, já fora do local onde agrediu o rival neste domingo, que "infelizmente" perdeu a cabeça. O tucano afirmou que reagiu ao ter sido acusado de cometer o que jamais cometeu. Ele declarou ainda que pretende continuar na corrida eleitoral, afastando os rumores recorrentes de que desistiria.

Segundo assessores e candidatos que estavam no teatro, Marçal foi atingido no braço e chegou a se posicionar de volta no púlpito para seguir no debate, mas desistiu de continuar após consultar sua equipe.

Ainda de acordo com os relatos, antes da agressão, Marçal provocou Datena fora do microfone, e o apresentador teria se revoltado porque o tema da acusação de assédio envolve sua família.

Assessores afirmam que, após a agressão, seguranças entraram em cena para separá-los, mas Marçal fechou os punhos, provocando Datena para uma briga. O influenciador ainda teria dito ao tucano que iria colocá-lo na cadeia.

O debate transcorreu sob regras mais rígidas, motivadas pela pressão de adversários de Marçal insatisfeitos com o descumprimento de acordos por ele em encontros anteriores e a ausência de punições. A queixa era que ele usava os embates como palanque e ofuscava a discussão de propostas.

Durante a semana, contudo, o influenciador prometeu manter o estilo incendiário e provocativo contra os rivais, dizendo esperar que o programa deste domingo fosse "a maior baixaria de todos os tempos".

O regulamento previa sanções como advertência e perda de tempo em caso de desobediência, chegando à pena de expulsão após a terceira infração. O debate não teve plateia, o que foi motivo de confusão em outras ocasiões, e os postulantes foram proibidos de manusear celulares, usar bonés e falar palavrões.

A mais recente pesquisa Datafolha, de quinta-feira (12), mostrou Nunes (27%) e Boulos (25%) isolados na dianteira, em empate técnico, com Marçal (19%) recuando após um salto na rodada anterior. Tabata registrou 8% e Datena teve 6%. O próximo debate será o da RedeTV! e UOL, nesta terça (17), às 10h20.

OUTROS MOMENTOS DO DEBATE

Marina, que nos embates anteriores mantinha uma relação amistosa com o autodenominado ex-coach, reclamou que Marçal não endereçava perguntas diretamente a ela e preferia pedir para ela comentar um tema, o que a candidata disse ver como desrespeito.

Ela afirmou que o influenciador não se posiciona sobre o impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. "A direita está cansada de ser enganada, precisamos de líderes com coragem", disse Marina, que relembrou que esteve no protesto do 7 de Setembro, discursou no caminhão de som e clamou por "fora, Xandão".

O debate teve ainda embate direto entre Nunes e Boulos, que perguntou ao prefeito sobre o ar-condicionado quebrado no Hospital do Campo Limpo. Nunes tentou aproveitar uma proposta de Marçal para que Boulos comentasse, mas o deputado do PSOL reagiu dizendo que o prefeito é "confuso".

O emedebista, então, afirmou que Boulos tem vários artigos e vídeos defendendo a liberação das drogas. "Isso acaba com as famílias, é terrível para os nossos jovens", disse. O candidato do PSOL disse apenas defender a diferenciação entre usuário e traficante.

Boulos afirmou que Nunes construiu uma relação com empresas de transporte acusadas de lavar dinheiro para o PCC e lembrou o caso de quando o emedebista foi detido, em sua juventude, por dar um tiro na porta de uma boate.

Nunes também atacou Marçal, lembrando que o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, afirmou em áudio ter relação com o PCC. "Eu estou fazendo um trabalho de combate ao crime organizado, por isso não vou deixar ele [Marçal] chegar perto da cadeira [de prefeito", disse Nunes.

Em pergunta para Tabata sobre violência doméstica, Boulos alfinetou o prefeito sem citá-lo, já que Nunes tem um boletim de ocorrência contra ele registrado por sua mulher, que o acusou de ameaçá-la. "Não tem Patrulha Maria da Penha em Interlagos, onde mora o prefeito, e faz falta", disse o deputado.

Os candidatos também expuseram propostas para áreas como habitação, mobilidade, segurança pública, educação e saúde. Ao responderem, os oponentes de Nunes aproveitaram para criticar sua gestão. Boulos, por exemplo, lamentou que os índices de ensino da capital tenham piorado e estejam atrás do desempenho de outras cidades, mesmo com São Paulo tendo recursos para ser referência na área.

Muitos dos postulantes usaram o espaço para avisar que estavam "subindo agora na rede social" alguma informação sobre os adversários, tentando levar o debate para além da TV e ampliar o engajamento em seus perfis.

Marçal apresentou um tom mais ameno em sua primeira intervenção, apontando rivais como Datena e Nunes por não terem respondido diretamente às questões e dirigindo-se aos eleitores para dizer que "dá para fazer uma política diferente" e falando que é preciso "tirar esse consórcio comunista".

Marçal também atacou e associou Nunes à facção criminosa PCC. "O marqueteiro dele [Nunes] mandou dizer que eu quem tenho vínculo, isso é mentira", disse o candidato do PRTB.

Em sua vez, Nunes foi interrogado sobre proposta diante das milhares de pessoas em situação de rua. O atual prefeito, primeiro, focou sua artilharia contra Boulos e Marçal. "Aqui do meu lado o tal do 'M' do mentiroso. Um condenado que vem falar de envolvimento meu com o PCC?", rebateu o prefeito. Nunes também insistiu na tese de que Boulos é a favor da liberação de drogas, o que deixou o psolista irritado.

"Eu vou livrar São Paulo dos ratos. Aliás, quando a gente vê Ricardo Nunes e Pablo Marçal, um acusando o outro de ligação com o tráfico, eu acho até engraçado, porque nesse caso eu concordo com os dois", disse Boulos.

(Infonrmações da Folhapress)
 

LETALIDADE POLICIAL

Aluno de medicina morto pela PM sonhava em ser pediatra

Ele foi atingido por um disparo durante uma abordagem feita por PMs na Vila Mariana, zona sul de São Paulo

21/11/2024 07h11

Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, é filho de pais médicos e seus dois irmãos também são médicos, e por isso sua morte gerou maior comoção

Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, é filho de pais médicos e seus dois irmãos também são médicos, e por isso sua morte gerou maior comoção

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Marco Aurélio Cardenas Acosta, morto aos 22 anos por um PM durante abordagem na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, era de uma família de médicos, estava no 5º ano de medicina da Universidade Anhembi Morumbi e planejava se tornar pediatra.

Acosta se dava bem com crianças, também tinha um carreira como MC e gostava de jogar futebol, segundo descreve seu irmão mais velho, Frank Cardenas, 27, médico cirurgião. "Ele era uma boa pessoa, com um bom coração. Um filho amado e que ainda assim conseguia amar ainda mais seus pais."

Além de Marcos e Frank, outro irmão também é médico, além do pai e da mãe deles. "Era para sermos 5 médicos."
"Nossa vida acabou hoje, nossa alegria se foi com ele", resume o irmão mais velho.

"Mas, se eu pudesse dizer a principal característica, é que ele era muito carinhoso, um excelente filho. Era o único que ligava todos os dias para minha mãe no plantão. E era meu melhor amigo, a pessoa que eu mais amava nesse mundo."

Marcos foi morto com um tiro dentro de um hotel. Conforme registro policial, uma equipe da PM fazia patrulhamento na região da rua Cubatão, quando, por volta das 2h, foi acionada para atender uma ocorrência envolvendo o estudante.

No local, ainda conforme versão oficial, o rapaz parecia agressivo e desferiu um tapa no retrovisor da viatura quando os policiais tentaram abordá-lo. Na sequência, o estudante saiu correndo e entrou em um hotel próximo.

Os policiais teriam seguido Acosta até o hotel, onde entraram em confronto. A vítima derrubou um dos PMs, momento em que o parceiro efetuou um disparo, que atingiu a vítima no abdômen.

"Dois homens de 1,80 metro não conseguiram conter meu irmão de 1,60 metro? Ele nunca lutou. Não tinham alternativas?", questiona o irmão do jovem.

O estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas teve duas paradas cardiorrespiratórias antes de ser submetido a uma cirurgia. Ele morreu por volta das 6h40.

Policiais informaram que a vítima não tinha passagem criminal.

A ação dos agentes deve ser analisada pela Comissão de Mitigação, que vai verificar todos os aspectos da ocorrência e apontar as eventuais falhas. O caso poderá ser usado para reorientação da tropa e, dependendo, a comissão pode sugerir o afastamento dos policiais por mais tempo.

Em nota, a Secretaria da Segurança informou que tanto a PM quanto a Polícia Civil investigam a circunstância da morte do rapaz. "Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações", diz nota.

A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia. "As imagens registradas pelas câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)", finaliza a nota.
 

(Informações da Folhapress)

 

FERIADO NACIONAL

Maioria dos brasileiros admite que país é racista, diz Datafolha

Entre mulheres, 74% afirmam considerar que todos ou a maior parte dos brasileiros são racistas, número que fica em 53% entre homens

20/11/2024 07h43

A percepção de que a discriminação racial aumentou nos últimos anos atinge 45% dos entrevistados

A percepção de que a discriminação racial aumentou nos últimos anos atinge 45% dos entrevistados

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A maioria dos brasileiros diz acreditar que a maior parte do país é racista, segundo dados do Datafolha. O instituto questionou qual o tamanho da parcela da população que discrimina negros pela cor da sua pele. Para 59%, a maioria é racista, enquanto outros 5% dizem que todos são racistas. Para 30%, uma menor parte da população é racista e, para 4%, ninguém o é.

Entre mulheres, 74% afirmam considerar que todos ou a maior parte dos brasileiros são racistas, número que fica em 53% entre homens.

A percepção de que a discriminação racial aumentou nos últimos anos atinge 45% dos entrevistados, ao passo que 35% dizem que permaneceu igual e 20% que o racismo tem diminuído. Pretos se destacam entre aqueles que tem a percepção de que a discriminação racial cresceu (54%), enquanto menos brancos responderam dessa forma (37%).

Pretos também são aqueles que relatam sofrer mais com a discriminação, com 56%. Entre pardos, o índice cai para 17%, e, no caso de brancos, para 7%.

No Brasil, o racismo é crime inafiançável e imprescritível, sujeito à reclusão.

O levantamento realizado pelo Datafolha ouviu 2.004 pessoas em 113 municípios, incluindo regiões metropolitanas e cidades do interior de todas as regiões do Brasil, entre os dias 5 e 7 de novembro. A pesquisa leva em consideração pessoas com mais de 16 anos e tem margem de erro de 2 pontos percentuais para o total da amostra, 5 pontos para pretos, 4 pontos para brancos 3 para pardos.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a sensação de que a maioria do país é racista e que a discriminação racial cresceu pode ser atribuída ao aumento do debate sobre a questão no Brasil, tanto na esfera pública como na particular.

Para Flávio Gomes, professor do Instituto de História da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o dado mostra a importância dos movimentos sociais negros, uma vez que houve um pensamento "branco, acadêmico e hegemônico" que negava o racismo no país.

"Atualmente, mesmo os setores conservadores que não consideram que a desigualdade passe pelo racismo não conseguem admitir a inexistência dele", diz.

O docente afirma que a percepção de que o racismo aumentou nos últimos anos se dá devido à melhoria de mecanismos de denúncias, como, por exemplo, vídeos de brutalidade policial e outras ações discriminatórias. "Porém, há ainda uma dificuldade de abordar como os debates sobre meio ambiente, ecologia, terra, emprego e saúde passam pela pauta do combate e eliminação do racismo", declara.
 

Flavia Rios, professora da UFF (Universidade Federal Fluminense) e pesquisadora do Afro Cebrap (Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), diz também que o reconhecimento do racismo auxilia na criação de políticas de enfrentamento à discriminação em diversas esferas.

"Não se trata de fazer a população reconhecer que o racismo existe, se trata de, junto com a população, pensar quais são as formas, quais são as possibilidades de superação dessa realidade racista."

(Informações da Folhapress)

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