Cidades

ENTREVISTA

"Acho que tem que se prever um programa de pagamento de incentivo a serviços ambientais"

Em entrevista ao Correio do Estado, o diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, Leonardo Gomes, fala a respeito das mudanças necessárias da nova lei do bioma e dos desafios de aliar economia e preservação

Continue lendo...

O Pantanal tem sido destaque na pauta sul-mato-grossense e brasileira. Na última semana, ocorreu o maior evento de debates sobre a conservação do bioma, reunindo autoridades, especialistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil para discutir possíveis soluções para um futuro sustentável do Pantanal. 

Entre os especialistas presentes no evento estava Leonardo Gomes, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, que discursou no fórum e relata ao Correio do Estado que Mato Grosso do Sul está em um momento crucial para decidir sobre o futuro do Pantanal e preservar as características únicas do bioma. 

Neste mês, o governo do Estado se prontificou a rever o Decreto Estadual n° 14.273, que permitia o desmatamento de até 60% da vegetação nativa (não arbórea) e de até 50% das árvores nas áreas de fazenda, enquanto a Embrapa aponta em nota técnica que a supressão de vegetação nativa deveria ser de até 35%. 

Enquanto isso, Leonardo aponta que Mato Grosso, estado vizinho, tem uma lei ambiental que é embasada em critérios científicos e foi revisada no ano passado.

Além disso, Gomes também afirma que entende as mudanças na economia e defende, inclusive, a criação de incentivos financeiros para produtores que ajudarem a preservar o bioma.

“Acho que tem sim que se prever um programa de pagamento de serviços ambientais, de incentivos, porque você tem uma pecuária de menor impacto, menor emissão, menor desmatamento do que na média do Brasil”, detalha. Confira mais na entrevista.

____

O governo do Estado suspendeu as licenças de desmatamento do Pantanal para a elaboração de uma nova Lei do Pantanal. Que regras o SOS Pantanal considera essenciais para serem impostas?

A gente vai recomendar formalmente cinco pontos. Acho que o principal objeto dessa discussão toda é observar o que coloca o artigo 10 do Código Florestal, que por ser área de uso irrestrito os estados podem regulamentar, principalmente o licenciamento, considerando as recomendações dos institutos oficiais de pesquisa.

Então, precisa ser um processo embasado tecnicamente, principalmente no que tange às restrições, ao limite de supressão, isso tudo precisa estar embasado. 

A gente hoje consegue imaginar algumas possibilidades de fazer isso, lá atrás foi apresentado um estudo muito claro e bem embasado da Embrapa, que não foi considerado.

O que estava no decreto não reflete o embasamento teórico que a Embrapa apresentou, que, a meu ver, é uma das instituições mais qualificadas, se não a mais, para fazer esse processo. 

O outro ponto é a revisão do processo de licenciamento, à luz da metodologia que hoje a gente considera mais completa, e inclusive foi recomendada pelo Ministério do Meio Ambiente, que é a avaliação ambiental estratégica, que é você avaliar não só em nível de propriedade, mas em nível também de paisagem, os efeitos cinéticos, os efeitos que você vai ter em uma supressão ou um empreendimento, em uma escala mais ampla.

Verificar qual o efeito daquilo na vegetação, na fauna, até mesmo em cursos d’água, e acompanhar os efeitos a posteriori também.

O que a gente tem visto é que muitas vezes existem impactos subsequentes, por exemplo, a degradação de campos. 

A gente tem um dado no MapBiomas que mais de 80% dos campos do Pantanal são degradados, em nível moderado ou severo, porque você faz a substituição da gramínea, ok, dentro da legislação, mas depois não mantém essa gramínea e ela vai se degradando ao longo do tempo, até que perde a capacidade de suporte até para a pecuária. Então, hoje o rito de licenciamento não é adaptado para o Pantanal, esse é o ponto. 

E a gente tem um outro ponto, que é a vedação a atividades intensivas, principalmente a monocultura de soja e de milho, que a gente entende que não são atividades compatíveis com a planície.

São culturas que exigem adaptações, intervenções, provavelmente irreversíveis. Você precisa drenar as áreas, precisa fazer uso de fertilizante, uso de defensivo. Aí precisa de uma logística muito intensiva para tirar essa soja de lá. A gente entende que seria um caminho sem volta ter a soja expandindo. 

O próprio governador assumiu que há cerca de 2 mil hectares de soja no Pantanal. A gente tem várias dessas áreas identificadas, com coordenadas, foto de sobrevoo, tudo isso, que a gente validou os dados e mapeou.

Então, por enquanto é pequeno, né? Mas isso não pode ser um argumento de tolerância, porque a soja também não era uma realidade no Cerrado, por exemplo, e hoje basicamente domina o Cerrado inteiro.

Além dessas questões e da participação da sociedade civil nesse debate, a gente tem que integrar a questão das nascentes e das cabeceiras. 

O Pantanal é uma área úmida, ele é um bioma que está intrinsecamente ligado com o que acontece no planalto, no nível da Bacia do Alto Paraguai, então, se a gente não tiver uma estratégia para conservar as cabeceiras, os recursos hídricos que tornam o Pantanal uma área úmida, que mantém suas características ecológicas, a gente vai perder a oportunidade e vai ter também uma degradação do Pantanal, a médio e a longo prazo. Se a gente fizer uma lei só para a planície, a gente não vai estar defendendo o bioma. 

Relatório do Ministério Público diz que chamaram a Esalq [Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz] para fazer esse relatório, depois a própria Esalq disse que não foi bem assim. E o decreto autorizava até 60% de desmatamento, sendo que a Embrapa falava em torno de 35%. Como vocês veem esse debate entre porcentagens diferentes? Vocês acreditam que tem de ser até menos do que a Embrapa fala?

A recomendação é que seja revisado esse estudo da Embrapa. Ela própria coloca que, especialmente para a parte de campos alagáveis, seja revisado o estudo dali há cinco anos, e isso já tem nove anos.

Então, ele precisaria, de fato, ser revisado, porque o Pantanal tem essa realidade dinâmica, o desmatamento aumentou muito, você tem um ciclo plurianual de seca e cheia que tem alterado significativamente. 

Por mais que a gente tenha tido água esse ano, a tendência é de seca nos últimos anos. Então, a primeira recomendação seria que se revisasse, que se solicitasse à Embrapa um novo estudo, para esses mesmos princípios metodológicos.

O estudo da Embrapa tende a ser um estudo completo, que vai olhar a viabilidade da pecuária e vai olhar também a capacidade de suporte ecológico, a manutenção da diversidade ecológica mínima para manter o Pantanal com as suas características. 

{Perfil}
Leonardo Gomes 

Psicólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com MBA em Negócios Socioambientais pela Escas/IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. Tem 15 anos de experiência no terceiro setor, tendo atuado com programas no Brasil e em outros países da América Latina. Atualmente é diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, onde atua há quatro anos.

Ele [o estudo da Esalq] foi contratado diretamente com o professor Sérgio Desenho, que é uma referência na área agropecuária. O título dele traz a palavra ecologicamente, tem que confirmar o tema exato, mas não tem nada de ambiental.

Absolutamente nada. Inclusive, essa é a resposta do próprio professor em e-mail que a gente teve acesso, colocando que o estudo é puramente econômico.

Então, esse argumento de que você pega o número da Embrapa, pega o número do Sérgio Desenho e faz a média não é válido, porque esse estudo não está colocando a viabilidade ecológica.

E como a gente também viu em Mato Grosso, a gente entende que a Embrapa tem toda a condição de atender essa demanda.

Como aliar a economia e a preservação do bioma?

Essa resposta é fácil, e o pantaneiro já tem a resposta. Você tem esse equilíbrio ao longo dos últimos mais de 200 anos, e você tem de fato o bioma com 81% da sua vegetação original conservada.

Então, existe um caminho, o pantaneiro sabe desse caminho. A grande questão é que a realidade social econômica tem mudado, então você tem propriedades cada vez menores, e são necessárias novas alternativas para esse produtor. 

"Como que você incentiva que o produtor mantenha boas práticas adaptadas para o Pantanal e continue sendo bem remunerado? Por isso, acho que tem sim que se prever um programa de pagamento de serviços ambientais, de incentivos, porque você tem uma pecuária de menor impacto”
__________

“Mato Grosso fez 
esse processo lá em 2008. Eles têm uma lei estadual embasada em critérios técnicos” 

Porque se antes você fazia a pecuária em uma área de 30 mil, 50 mil hectares, hoje estamos falando de áreas de 5 mil, 10 mil hectares, que são justamente as subdivisões do processo natural de sucessão desses proprietários da atividade familiar da pecuária.

Então, você tem tanto essa subdivisão como também a entrada de novos atores e novas figuras no Pantanal, vindos de fora, com uma cultura diferente, querendo um retorno mais rápido, sem entender que você tem que respeitar, no Pantanal, os ciclos.

Você vai ter atividades diferentes na seca e na cheia, você precisa trabalhar muitas vezes o gado em regiões diferentes do Pantanal. 

Então, eu vejo que existe um conhecimento tradicional de como lidar com a produção na pecuária pantaneira de maneira equilibrada com a conservação ambiental, ao mesmo tempo você tem uma realidade nova do mundo, que demanda uma produtividade, uma competitividade muito grande, principalmente do Cerrado em relação à pecuária. Eu acho que são pontos importantes a serem considerados. 

Como que você incentiva que o produtor mantenha boas práticas adaptadas para o Pantanal e continue sendo bem remunerado?

Por isso, acho que tem sim que se prever um programa de pagamento de serviços ambientais, de incentivos, porque você tem uma pecuária de menor impacto, menor emissão, menor desmatamento do que na média do Brasil.

Então, acho que justamente essa lei é o momento para reconhecer e incentivar isso, e não tentar impor o modelo de outros biomas no Pantanal. 

Esse acho que é o grande ponto que está em debate. A gente não tem que flexibilizar o Pantanal a ponto de imaginar que ele vai ter as características de produção do Cerrado, de outras regiões.

Pelo contrário, a gente tem que entender o mérito, a vocação da pecuária no Pantanal, e como é que a gente pode trabalhar para que ela continue progredindo, se desenvolvendo, nas mesmas premissas. 

Acho que esse é o grande ponto, e tem um ponto interessante que a gente tem conversado com muitas embaixadas, com consulados do mundo inteiro, e eles ficam muito curiosos para entender: como é que você tem um bioma, o Pantanal, que tem mais de 80% da vegetação nativa e tem a pecuária extensiva em praticamente todas as regiões?

Como é que funciona essa relação? A gente costuma falar que a pecuária, no geral, é aliada da conservação, ela tem uma importância econômica, ecológica e cultural única nesse bioma, e temos a possibilidade de ter um case nacional de boas práticas, de uma pecuária tanto orgânica como de baixa emissão de carbono. 

Há um programa superinteressante em Mato Grosso, por exemplo, que faria todo o sentido a gente trazer para cá, que é o Fazenda Pantaneira Sustentável, que segue indicadores sociais, econômicos e ecológicos para produção pecuária no Pantanal.

Caso a vedação da soja no Pantanal não seja feita, o licenciamento ambiental é imprescindível nesse caso?

Com certeza. [É preciso] avaliação ambiental estratégica, impactos sinergéticos em fauna e flora, você tem que ter um processo muito rigoroso, para conseguir acompanhar os impactos posteriores disso.

Você vai ter toda uma cadeia de eventos a partir daquela nova atividade, que precisam ser avaliados e contemplados no processo de licenciamento. Precisa ser muito mais embasado tecnicamente.

O que a gente está falando é qual é de fato o impacto que aquela atividade econômica vai ter ao longo do tempo, tanto com o uso do defensivo, do fertilizante, como da logística. É um processo muito mais profundo.
 
Você considera positiva essa roda de discussão entre fazendeiros, ONGs que atuam na preservação do bioma e governo do Estado sobre o Pantanal? Espera que essa lei consiga resolver os problemas existentes na legislação atual?

O debate é saudável, é necessário, algum nível de divergência é esperado quando se tem objetivos e realidades muito diferentes sendo agrupados na mesma discussão, mas o primeiro ponto foi uma decisão corajosa, importante e necessária, para que a gente tenha um ambiente de governança e segurança jurídica adequado no Pantanal.

Acho que o que antecede esse momento é uma obrigação constitucional, de você ter uma legislação para o Pantanal, e depois vem o Código Florestal. 

Na ausência dessa legislação, os estados podem legislar embasados em critérios técnicos científicos, e aí Mato Grosso fez esse processo lá em 2008 e revisou agora.

Eles têm uma lei estadual embasada em critérios técnicos, e o que a gente tinha aqui era um decreto, claramente não embasado em critérios técnico-científicos, como várias instituições apontaram, o próprio Instituto SOS Pantanal, o Ministério Público, o Ministério do Meio Ambiente, tem notas técnicas muito bem embasadas mostrando isso, que o regramento aqui, que é um decreto, não era suficiente para fazer essa proteção.

Nessa nova dinâmica que a gente tem observado, social, econômica, ecológica, ele [o decreto] foi se tornando mais e mais obsoleto, então essa discussão era necessária, e a gente tem a expectativa, sim, de que os principais desafios e ameaças do Pantanal sejam contemplados nessa legislação e sejam endereçados de alguma forma. 

 

Assine o Correio do Estado

PARALISAÇÃO DOS ÔNIBUS

Audiência termina sem conciliação e greve dos ônibus continua em Campo Grande

Motoristas ficaram indignados com a decisão judicial, a qual determina que 70% da frota volte a funcionar em horários de pico.

16/12/2025 19h22

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho

Muitos motoristas do Consórcio Guaicurus compareceram à audiência no Tribunal Regional do Trabalho Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

Motoristas do transporte coletivo urbano de Campo Grande lotaram o plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, na tarde desta terça-feira (16), para acompanhar a audiência que debateu sobre a greve que paralisou os ônibus desde segunda-feira (14).

A audiência terminou sem conciliação e possibilidades entre o Consórcio Guaicurus, Município de Campo Grande e os profissionais da categoria. No entanto, o desembargador César Palumbo Fernandes determinou que 70% da frota voltasse a funcionar nos horários de pico.

"Não pode existir greve de 100% dos serviços essenciais. A determinação judicial deve ser cumprida. Amanhã, no primeiro período, a categoria vai estar trabalhando. Amanhã, pela manhã, o sindicato vai garantir que haja no período compreendido entre 6h e 8h30, 70% da frota funcionando. De 8h30 a 17h, 50% da frota atendendo a população. Entre as 17h e as 20h, 70% da frota. E após, 50% da frota no horário normal.", disse o desembargador.

Além disso, a multa, caso os ônibus não voltem a circular na manhã de quarta-feira (17), imposta ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, aumentou de R$ 100 mil para R$ 200 mil por dia de descumprimento da decisão.

Apenas metade da folha salarial de novembro foi paga, sendo que a outra parte não tem previsão de pagamento. Ao todo, a dívida em aberto chega a R$ 1,3 milhão líquidos a serem repassados aos trabalhadores.

Diante da decisão do desembargador, os profissionais da categoria se indignaram, levantaram e saíram da audiência. Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STCU-CG), disse que a greve está mantida por decisão dos próprios motoristas.

"A gente tá muito chateado com a Justiça do Trabalho por entender que quem paga a conta é sempre o trabalhador. No nosso entendimento, 70% ele simplesmente acabou com a greve. Infelizmente, vai continuar parado. Não é o que a gente quer, a população tá sofrendo muito, vai para três dias sem ônibus em Campo Grande, mas o trabalhador também precisa receber, todo mundo que trabalha precisa receber seus vencimentos", concluiu Demétrio Freitas.

O que disse o Município?

Na audiência, representando a Prefeitura de Campo Grande, a procuradora-geral do Município Cecília Saad afirmou que os repasses foram feitos pelo Executivo e, devidamente, depositados na conta do Consórcio Guaicurus.  De acordo com a representante, o valor destinado, na última sexta-feira (12), foi de R$  3.074.148,73.

Ela também relatou que, em junho/julho de 2024, foi publicado no Diário Oficial do Estado, que o governo se comprometeu em repassar quatro parcelas em torno de R$ 3 milhões, sendo duas no ano de 2025, e a terceira e a quarta em janeiro e fevereiro de 2026, respectivamente.

Diante destas afirmações, ela solicitou ao juiz o prazo de 24 horas para juntar a documentação e comprovar o pagamento ao Consórcio, o qual foi aceito pela autoridade.

Consórcio afirma que não tem dinheiro

Temis de Oliveira, presidente do Consórcio Guaicurus, confirmou o recebimento por parte da Prefeitura, mas alega que há outras pendências a serem pagas além da folha salarial, como os gastos com manutenção, diesel, mecânico, etc.  

"Hoje, o consórcio não tem caixa para pagar a parcela de 50% de novembro. Desses R$ 3 milhões (recebidos), haviam recursos que eram devidos de meses passados e a gente tinha outros compromissos".

"Sem aporte de alguma dessas verbas (cerca de R$ 4 milhões a serem recebidas pelo Consórcio), não temos mais saúde financeira, crédito nos bancos para poder buscar e resolver esses acordes", disse o prsidente Temis de Oliveira. Ele complementa: "Nós vamos procurar conversar com a Prefeitura para receber o que nós temos a receber ainda e negociar, negociar o tempo inteiro".

O presidente do Consórcio Guaicurus lembra que há o cumprimento do quarto termo aditivo do contrato, que precisa ser apurado mensalmente e um valor a ser recebido, algo que não ocorre desde 2022.

"Tem uma obrigação da AGEREG para, ao final de cada mês, fazer a apuração da diferença da tarifa pública para a tarifa técnica ou tarifa de remuneração e a prefeitura buscar os meios para pagar. Isso não tem sido pago desde 2022. Nós buscamos o recebimento dessas verbas também".

Assine o Correio do Estado

ALERTA

OMS emite alerta sobre falsificação de medicamento usado no tratamento do câncer de mama

De acordo com a OMS, os medicamentos falsificados foram identificados em países da África, do Mediterrâneo Oriental e da Europa

16/12/2025 19h00

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado Divulgação

Continue Lendo...

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a circulação de versões falsificadas do medicamento palbociclibe, comercializado sob o nome Ibrance.

O remédio, apresentado em cápsulas, é utilizado no tratamento do câncer de mama em estágio avançado.

De acordo com a OMS, os medicamentos falsificados foram identificados em países da África, do Mediterrâneo Oriental e da Europa.

Ao todo, nove lotes do produto foram relatados à organização em novembro deste ano, com registros na Costa do Marfim, Egito, Líbano, Líbia e Turquia.

Segundo o comunicado, os produtos falsificados foram oferecidos aos consumidores por meio de plataformas online e também encontrados em farmácias dessas regiões.

Fabricado pela Pfizer, o Ibrance tem alto custo. No Brasil, conforme dados da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a menor dosagem do medicamento pode chegar a R$ 10.182.

Lotes falsificados

Os lotes confirmados como falsificados são: FS5173, GS4328, LV1850 e TS2190.

Já os lotes considerados suspeitos, ou seja, possivelmente falsificados, são: GK2981, GR6491, GT5817, HJ8710 e HJ8715.

A OMS classifica esses medicamentos como falsificados por apresentarem, de forma enganosa, informações sobre identidade, composição e origem.

Testes realizados pela Pfizer indicaram que as amostras analisadas não continham nenhum princípio ativo farmacêutico.

Além disso, foram identificadas discrepâncias nas embalagens. Alguns produtos falsificados chegaram a utilizar números de lote legítimos, mas apresentavam anomalias na embalagem, na serialização e na impressão das cápsulas.

Riscos e recomendações

De acordo com a OMS, o uso de medicamentos falsificados, como no caso do Ibrance, pode resultar em falha no tratamento, progressão descontrolada do câncer e aumento do risco de morte devido à ausência de efeito terapêutico.

A organização orienta que profissionais de saúde comuniquem quaisquer reações adversas inesperadas, ausência de resposta ao tratamento ou defeitos de qualidade às autoridades regulatórias nacionais ou aos sistemas locais de farmacovigilância. Em caso de identificação de lotes suspeitos ou falsificados, a recomendação é notificar a OMS.
 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).