Cidades

CARANDIRU

Advogado de policiais irrita-se com juiz, deixa plenário e julgamento é suspenso

Advogado de policiais irrita-se com juiz, deixa plenário e julgamento é suspenso

AGÊNCIA BRASIL

18/02/2014 - 16h45
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O advogado Celso Vendramini, que defende os 15 policiais que estão sendo julgados pela morte de 8 detentos que ocupavam o quarto pavimento do Pavilhão 9, da extinta Casa de Detenção do Carandiru, ficou irritado com o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo e deixou o plenário por volta das 16h, enquanto um dos réus estava sendo interrogado pelos promotores. Vendramini reclamou de não estar recebendo do juiz tratamento idêntico ao que era dado aos dois promotores, Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto.

Segundo o Tribunal de Justiça, após a saída do advogado do plenário, o julgamento foi suspenso e será agora marcada uma nova data para que tenha continuidade.

A terceira etapa do julgamento do Carandiru teve início na manhã de ontem (17), quando sete jurados foram escolhidos para compor o Conselho de Sentença. À tarde, duas testemunhas de acusação foram ouvidas, o perito Osvaldo Negrini Neto e o ex-diretor de Segurança da Casa de Detenção Moacir dos Santos. Durante o julgamento de Moacir dos Santos, já havia ocorrido uma pequena discussão entre os promotores e o advogado, que foram advertidos pelo juiz.

Na manhã de hoje (18), foram ouvidas duas testemunhas de defesa, o ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco Campo e o ex-agente penitenciário e chefe de plantão dos agentes Francisco Carlos Leme.

No momento em que o advogado abandonou o plenário, estava sendo interrogado o primeiro réu, coronel Arivaldo Sérgio Salgado, que era capitão na época do massacre e comandava a tropa do Comando de Operações Especiais (COE) no dia em que houve a chacina. Vendramini interrompeu o interrogatório do coronel pelo promotor Canto Neto e questionou o juiz sobre a conduta do promotor, que lia um trecho de um antigo depoimento dado por Salgado sobre o caso. Como o juiz considerou que não havia problemas no procedimento de Canto Neto e na leitura do depoimento, determinou que o interrogatório prosseguisse. Irritado, o advogado reclamou que o juiz estava valorizando o Ministério Público, tirou sua toga e deixou o local do julgamento. Na saída, teve sua conduta elogiada por alguns policiais que aguardavam do lado de fora do plenário.

“O procedimento do Ministério Público é fazer perguntas à testemunha. O que o Ministério Público estava fazendo era ler depoimento do réu, longo, e no final ele perguntava o que bem entendia. O correto, em um tribunal de júri, é fazer perguntas. Ontem, inclusive, no final, fui chamado de mal-educado pelo juiz”, reclamou o advogado, na saída do fórum. “Estou percebendo que, para o Ministério Público, tudo, e para a defesa, nada”, disse ele.

Para o advogado, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) precisa tomar alguma atitude no caso. Vendramini disse que pretende continuar defendendo os policiais, mas ressaltou que o ideal é que o juiz Rodrigo Tellini não presida o próximo julgamento do Carandiru. “Vamos ver se conseguimos achar um juiz que presida o julgamento de forma imparcial. E eu vou achar”, afirmou.

Já os promotores reclamaram da atitudedo advogado e disseram que a suspensão do julgamento causa, inclusive, prejuízo financeiro público. “Calculem o prejuízo para o Estado, que teve que montar este julgamento, as despesas, o prejuízo com os jurados, que tiveram de deixar suas casas para vir para cá. É lamentável que isso aconteça”, destacou Carvalho.

“Lamentamos profundamente. Isso foi uma surpresa para nós, um absurdo. O que foi feito hoje foi realmente uma afronta, um desrespeito à lei e à sociedade em geral”, disse Canto Neto.

Os promotores disseram também que é preciso haver algum procedimento para impedir que atitudes como essa de Vendramini se repitam. “É hora de pensar em uma alguma punição mais efetiva para o profissional que tome esse tipo de comportamento. Nem o juiz nem o promotor de Justiça têm qualquer ferramenta para impedir isso”, disse Carvalho.

Esta não foi a primeira vez em que Vendramini deixou o plenário durante um julgamento. Em 2011, quando estavam sendo julgados quatro policiais militares acusados da morte de dois jovens, ele abandonou o plenário como protesto porque havia no local pessoas usando camisetas com fotos das vítimas.

PAIRA A DÚVIDA

No radar, volta do horário de verão é tida como improvável no curto prazo

Anteriormente adotada no mês de outubro de cada ano, medida seguia até fevereiro seguinte para reduzir pressão sobre o sistema elétrico

15/09/2024 18h00

Horário de verão foi extinto em 2019

Horário de verão foi extinto em 2019 Arquivo

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Mesmo que tenha entrado no radar, interlocutores do governo apontam - ao sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado -, que a possibilidade de volta do horário de verão é considerada improvável no curto prazo, já que o mecanismo requer um amplo planejamento prévio, inclusive com companhias aéreas.

Anteriormente adotada no mês de outubro de cada ano, até fevereiro do ano seguinte, o argumento central para um possível retorno do horário de verão é a possibilidade de redução da demanda no horário de pico e, consequentemente, a diminuição da pressão sobre o sistema elétrico, especialmente tendo em vista o cenário hidrológico desfavorável do momento, que tem levado ao acionamento de termelétricas, de custo mais elevado.

Porém, o governo já tem buscado adotar outras medidas para aumentar a confiabilidade do sistema, sem precisar imediatamente da volta do horário de verão, apontou uma fonte.

Do ponto de vista do planejamento e redução da demanda em horário de ponta, há um movimento em prol do avanço do programa Resposta da Demanda (RD) - quando grandes consumidores apresentam ofertas de redução de demanda em troca de uma remuneração. Ontem, a Aneel apresentou um novo desenho desse programa.

Fala de especialistas

O ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Carlos Ciocchi, que deixou a instituição em maio, comenta que todos os anos o Operador costuma realizar, a pedido do governo federal, estudos sobre os benefícios, do ponto de vista elétrico, de retomar o horário de verão, atualizando os dados de acordo com a situação de cada ano.

"Nos anos anteriores, o resultado sempre foi que, do ponto de vista energético, a diferença é pequena, não vale a pena [adotar o horário de verão]", diz.

Ele cita, porém, que outros benefícios devem ser levados em consideração, como maior estímulo ao turismo.

Procurado hoje para comentar sobre estudo atualizado sobre o tema, o ONS evitou responder e indicou questionar o Ministério de Minas e Energia.

Diante de reservatórios de hidrelétricas mais baixos e temperaturas mais elevadas, que estimulam maior consumo, o preço da energia tem acelerado, em especial no fim da tarde, entre 17h e 19h - justamente no período que seria influenciado pela mudança no relógio.

Na semana passada, por exemplo, o preço spot horário da energia - tecnicamente conhecido como Preço de liquidação das diferenças (PLD) - chegou a bater os R$ 712 por megawatt-hora (MWh), às 18 horas.

Para Ciocchi, a adoção do mecanismo somente alteraria o horário do preço-teto diário, sem efetivamente provocar benefício substancial de redução de custos, porque não haveria mudança significativa na demanda de ponta.

Ele explica que o preço sobe no fim do dia justamente quando a geração solar diminui, exigindo maior produção de energia - basicamente hidrelétricas e termelétricas.

"Todos os dias, quando o sol se põe, vemos uma rampa de 20 a 25 gigawatts para cobrir; o sol se põe na hora que ele tem que se pôr, se você chama aquela hora de 5, 6 ou 7 horas da noite, pouco importa, a rampa é a mesma."

Na visão do sócio da CBIE Advisory Bruno Pascon, a retomada do horário de verão traria "alguma ajuda", mas nada significativo.

Ele lembra que a razão original do mecanismo era deslocar o pico de consumo de energia, que se dava quando as pessoas voltavam para casa e utilizavam chuveiros elétricos no início da noite. Atualmente o pico ocorre entre 14h30 e 15h30, devido ao uso de ar condicionado.

"Com essa dinâmica, o efeito do horário de verão é muito pontual", diz Ele cita que em 2018,último ano de vigência do mecanismo, o efeito de economia de energia foi de somente 0,4%.

Para o ex-diretor da Aneel Edvaldo Santana, o horário de verão jamais deveria ter sido cancelado. "Diante da situação atual, de escassez de recursos hídricos, que limita a geração de energia exatamente na hora da demanda máxima, que é entre o fim da tarde e o início da noite, o horário de verão seria positivo. Não é nada excepcional, mas ajuda" argumenta.

Já o ex-diretor-geral do ONS Luiz Eduardo Barata avalia que a política do horário de verão é positiva, pois reduz a geração de termelétricas. Na direção do ONS à época em que o governo acabou com a medida, ele ressalta que foi contra o fim do adiantamento dos relógios e considera que a decisão de voltar "é política e não técnica".

"Eu não acredito que a mudança no clima [favorável para os reservatórios] vai ocorrer de forma abrupta, a nossa expectativa é contar com temperaturas altas por mais tempo", diz, em relação às propostas para a confiabilidade do sistema elétrico, incluindo o horário de versão.

Por sua vez, o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica, Alexei Macorin, lembra que o País tem aumentado a inserção de fontes intermitentes (solar e eólica) - em que a curva de demanda não acompanha a curva de geração.

Ele também defende o horário de verão como alternativa viável para aliviar o sistema, no horário de pico de demanda.

 

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JARDIM IMÁ

Falta de iluminação pública em avenida da Capital vira alvo do Ministério Público

Reclamações ocorrem desde 2022 e moradores relatam que escuridão gera insegurança, além de pagarem taxa de iluminação mesmo sem contar com o serviço na rua

15/09/2024 17h29

Parte da Avenida Ulisses Serra não tem nem postes de iluminação, no Jardim Imá

Parte da Avenida Ulisses Serra não tem nem postes de iluminação, no Jardim Imá Reprodução / Google Street View

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a adoção de políticas públicas por parte do município de Campo Grande para a prestação de serviço público de iluminação pública na Avenida Ulisses Serra, no bairro Jardim Imá.

A falta de iluminação pública na região é alvo de reclamação dos moradores há alguns anos, já havendo duas notícias de fato registradas no órgão ministerial, relatando insegurança e possível irregularidade, pois há cobrança da taxa de iluminação, mesmo sem o efetivo serviço.

A reiteração do teor das reclamações motivou a abertura do novo procedimento administrativo, que está disponível no Diário Oficial do MPMS de segunda-feira (16), 

Segundo o órgão, há a necessidade de políticas públicas referentes à iluminação pública na rua Ulisses Serra, que se situa em bairro localizado nas proximidades do aeroporto da Capital, além de ser conveniente acompanhar a implementação das mesmas.

Denúncias

Em 2022, foram registradas duas reclamações junto à Prefeitura de Campo Grande e, sem sucesso, também na ouvidoria do Ministério Público Estadual com a mesma reclamação e denunciou uma possível irregularidade na prestação do serviço, pois os moradores pagam a taxa de Contribuição de Serviço de Iluminação Pública (Cosip), mesmo não havendo postes na rua.

Uma moradora relatou que a rua Ulisses Serra é de pista dupla, separadas por canteiro central e árvores muito altas que, durante o dia, proporcionam grande cobertura e sombras, enquanto na parte da noite acabam por deixar a via ainda mais "sombria".

Isto porque não há iluminação pública e a rua fica no escuro, causando medo nos moradores e pessoas que passam pelo local, pois, ainda segundo a denúncia, ocorrem muitos roubos e furtos na região.

"Além disso, instalado na via pública encontra-se um estabelecimento de reciclagem, o qual é muito frequentado por andarilhos que coletam resíduos e despacham no local, de modo que se faz imprescindível a instalação de iluminação para fins de resguardar a segurança pública dos residentes locais", diz ainda a reclamação.

Em primeira análise, de 2022, o Ministério Público deliberou pelo arquivamento do procedimento.

Na ocasião, o promotor citou que outros procedimentos já tramitaram na Promotoria de Justiça com o mesmo objeto e a então Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação esclareceu que a necessidade do serviço de iluminação pública é determinada pelo adensamento populacional da localidade.

Com relação ao pagamento da Cosip mesmo sem contar o serviço na rua de suas casas, foi considerado que não há lesão aos consumidores, pois a legislação que permite a cobrança para o custerio foi julgada constitucional pelo Tribunal de Justiça.

"A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública não confere ao sujeito passivo da relação tributária a garantia e o direito de contar, imediata e diretamente, com iluminação pública especificamente na rua de sua casa. Tem de haver, isso sim, iluminação pública na cidade onde o sujeito passivo da relação reside. E não há dúvida, por ser público e notório, que Campo Grande dispõe de iluminação pública", disse o promotor, na ocasião.

"Sem maiores delongas, a verdade é que no município e no Jardim Imá há iluminação pública, havendo ausência desse serviço apenas em alguns pontos do referido bairro, o que se mostra insuficiente, dada a natureza da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública, para acusar lesão a direito", acrescentou, afirmando que o fato não configura lesão aos direitos dos consumidores.

Desta forma, a notícia de fato foi arquivada.

Outra denúncia, do mesmo teor, foi feita em 2023, na ouvidoria do MPMS, onde a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) foi oficiada para adotar medidas visando solucionar a demanda.

Segundo a moradora, equipe chegou a ir até o local para supostamente realizar a instalação, mas como não há postes, informaram que seria feito um comunicado para a concessionária de energia elétrica, a Energisa, mas não houve mais retorno 

Assim, a mesma moradora realizou nova denúncia que motivou a abertura do novo procedimento.

 

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