Dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica deste ano, que foi lançado ontem e traz informações sobre a qualidade, infraestrutura e ocupação do ensino em cada estado, registrou que os estudantes do Ensino Médio em Mato Grosso do Sul tiveram uma melhora significativa na aprendizagem das matérias de português e de matemática em comparação com o balanço de 2024.
Segundo o documento, os estudantes que estão com nível adequado de aprendizagem em língua portuguesa e matemática são: 35% no 5º ano; 13,7% no 9º ano; e 7,1% no 3º ano do Ensino Médio.
Em comparação com outros estados, MS aparece em 14º em todas as etapas, literalmente no meio da tabela. Ao considerar apenas o Ensino Médio, São Paulo lidera, com 83, enquanto o Amapá é o pior, com 52.
Mesmo que os dados sejam considerados baixos, Mato Grosso do Sul apresentou uma melhora de um ano para outro no quesito no Ensino Médio. No anuário de 2024, apenas 4,9% apresentavam capacidade adequada nas duas matérias mais relevantes da educação básica, o que significa um aumento de 2,2 pontos percentuais para este ano.
Ao Correio do Estado, o secretário de Estado de Educação, Hélio Daher, refletiu sobre os dados do Anuário e disse qual o maior desafio para tentar melhorar a qualidade da educação no Ensino Fundamental e Ensino Médio.
“A partir do final dos anos iniciais do Ensino Fundamental é perceptível a queda na proficiência dos estudantes, tanto em língua portuguesa quanto em matemática. O desafio maior é melhorar a qualidade na aprendizagem atrelada ao compromisso pela permanência dos estudantes na escola, além de investimento direto na formação de professores e estratégias pedagógicas específicas para melhoria da aprendizagem”, explica o secretário estadual.
Ademais, o Anuário afirma que, a cada 100 alunos, 95 concluem o Ensino Fundamental 1 (1º ao 5º ano) até os 12 anos, 77 concluem o Ensino Fundamental 2 (6º ao 9º ano) até os 16 anos e 69 concluem o Ensino Médio até os 19 anos, o que também representa uma defasagem entre idade e série escolar, além de uma taxa de evasão significativa.
Comparado com a pesquisa do ano passado, o Estado apresentou 90, 80 e 77 estudantes nos quesitos citados, respectivamente.
“A defasagem idade/série é um grande desafio e está diretamente relacionada ao abandono escolar. Estudantes deixam os estudos, muitos em busca de espaço no mercado de trabalho, e depois retornam para concluir os estudos. Da mesma maneira tínhamos números consideráveis de reprovação no Ensino Médio”, disse Daher ao destrinchar os dados acima.
Curiosamente, Katia Stocco Smole, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo (Ceesp) apontou Mato Grosso do Sul como referência em Educação Básica no País, principalmente em matemática, impulsionada pela criação da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação Básica (Fadeb) no Estado, como mostrou reportagem do Correio do Estado.

CRECHES
De acordo com o Anuário, a cada 100 crianças, 91 ingressam na Pré-escola, etapa também conhecida como jardim de infância e muito importante para o desenvolver habilidades cognitivas, sociais, motoras e emocionais nos primeiros anos de vida. Mesmo com uma taxa de 91%, Mato Grosso do Sul fica em 7º entre os piores estados no quesito.
Ao todo, 73,5 mil crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches privadas, estaduais ou Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), o que representa 41,6% das crianças sul-mato-grossenses nesta faixa etária.
“Esse é um grande desafio por parte dos municípios sul-mato-grossenses. O governo do Estado vem anualmente disponibilizando vagas de Ensino Fundamental anos iniciais aos municípios para que possam abrir vagas às crianças desta faixa etária”, disse o secretário.
Hélio Daher também fala que o governo estadual já emprestou quatro unidades escolares somente para Campo Grande, além de disponibilizar 1.600 vagas este ano para a Capital e mais 1.600 serão disponibilizadas em 2026. No interior, ele cita que ultrapassa as 8 mil vagas disponibilizadas.
Em fevereiro deste ano, o Correio do Estado reportou que Campo Grande tinha quase 7 mil alunos na lista de espera para serem matriculados em Emeis. Em 2022 este dado chegou a estar em 13 mil e, em 2023, em 9 mil.
ESTRUTURA
Ainda conforme o Anuário, Mato Grosso do Sul tem 1.807 escolas, destas 998 são municipais, 448 são privadas, 350 são estaduais e 11 são federais. Sobre os professores, são 35.319 ativos no Estado, dos quais 54,2% atuam em redes municipais, 26,9% estaduais, 17,5% em redes privadas e 1,4% federais. Ademais, há 679.596 alunos matriculados e 1.936 diretores escolares, a grande maioria do sexo feminino.
Acerca da infraestrutura dos complexos de ensino, a grande maioria apresenta banheiro (99,8%), água potável (96,4%) e energia (98,7%). Porém, nos dados de rede pública de esgoto e salas climatizadas, Mato Grosso do Sul fica distante, com 61,4% e 74,7%, respectivamente. Isso significa que quase 700 escolas não apresentam esgoto e um quarto das escolas não têm ar-condicionado.
*SAIBA
A pesquisa é publicada pela organização Todos Pela Educação e é uma das principais referências quando o assunto é monitoramento da educação.




