Foragido da justiça há três anos e com recompensas de mais de US$ 2 milhões por pistas sobre seu paradeiro, o traficante uruguaio Sebastián Enrique Marset Cabrera, conhecido como Jogador, que estaria vivendo na Bolívia, reapareceu esta semana em um vídeo em que ele e outras lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçam iniciar uma guerra na fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, o que expõe a fragilidade da fronteira de Mato Grosso do Sul.
De acordo com o vídeo, divulgado pelo jornal Metrópoles, o traficante, que apareceu com um fuzil na mão ao lado de outras lideranças da facção brasileira e que também estão armadas, fala como é fácil transitar pela região e ainda diz que “está pronto” para entrar em guerra “com quem for”.
“Eu posso estar hoje aqui, amanhã no Paraguai, outro dia na Bolívia, outro dia na Colômbia. Estamos preparados para fazer guerra com quem for, com a polícia, com o Colla. Sempre prontos. Não ligo para ninguém, melhor sermos amigos que inimigos. Quem escolhe a guerra com a gente não se dá bem”, diz a mensagem.
Colla seria o apelido de Erlan García López, ex-aliado de Marset e que atualmente seria um “inimigo”.
RECOMPENSA
Cabrera está foragido desde 2021 e é procurado no Paraguai, no Brasil e na Bolívia, e desde março deste ano, também passou a ser buscado nos Estados Unidos, onde há uma recompensa de US$ 2 milhões (cerca de R$ 10 milhões) por qualquer informação que leve à sua prisão.
A Bolívia também oferece recompensa pelo traficante, porém, segundo informações, ele estaria escondido no país desde 2022.
FRONTEIRA
O cenário de insegurança em dois territórios da Bolívia, um deles com fronteira em Mato Grosso do Sul, tem sido tratado como um tema de alta prioridade para o setor de inteligência das forças de segurança do país vizinho.
Foram registrados três diferentes fatos nas regiões de Santa Cruz de la Sierra e em Beni (fronteira com Mato Grosso).
Em 16 de setembro, houve divulgação de ameaças contra um ex-fiscal departamental de Beni e o vice-ministro de Regime do Interior, Jhonny Aguilera, veiculadas por Yasser Andrés “Coco” Vásquez Cardona e publicadas em um meio de comunicação.
Já em 23 de outubro, em redes sociais, houve o vídeo com imagens ligadas ao PCC, que passaram a circular com ameaças contra Ivar García.
O terceiro caso não foi de ameaça, mas do assassinato de Jhonatan López Rodríguez, filho da prefeita de San Ramón, Estela Rodríguez. Jhonatan já tinha sofrido um atentado em abril deste ano, em Santa Cruz.
Conforme o jornal El Deber, o setor de inteligência da polícia boliviana realizou diferentes levantamentos e elaborou um documento que identificou as estruturas criminais presentes no país, com ramificações ao crime organizado do Brasil.
Nessa investigação, foi identificada uma rede transnacional de tráfico, liderada pelo uruguaio Sebastián Marset, conhecido como Rei do Sul, que supostamente estaria escondido em Santa Cruz, e uma outra organização encabeçada por Yasser Andrés “Coco” Vásquez Cardona.
Apesar de poderem entrar em rota de colisão dentro da Bolívia para disputar território, ambas estariam aliadas ao PCC para fornecimento de drogas e outros ilícitos.
MONITORAMENTO
Em meio a esse aumento de tensão na Bolívia por conta de disputa territorial, em Corumbá, a Polícia Federal (PF) está buscando monitorar a situação de diferentes formas para tentar agir contra organizações criminosas.
“No âmbito nacional, a Polícia Federal tem tabulado convênios com as seguranças públicas de vários estados, há também uma integração com todas as capitais do País. A ideia é aprimorar a troca de informações em todas as agências e órgãos. Temos que ter bem mapeada a atuação dessas organizações criminosas para a gente conseguir agir o mais rápido possível”, defendeu o delegado-chefe da Delegacia da PF em Corumbá, Alexsandro Pereira de Carvalho.
*SAIBA
Apesar de ser uruguaio, segundo as investigações, ao ser preso em 2013 já por tráfico, ele teria conhecido integrantes do PCC, dentro da prisão Libertad, quando teria virado membro da facção.
Divulgação PMA


