Cidades

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Anvisa proíbe venda de cosméticos que sugerem presença de cannabis na formulação

Conforme a resolução, o rótulo dos produtos não deve conter nomes ou imagens que induzam o consumidor ao erro. A empresa afirma que o nome não faz referência a substância química nem à presença de determinadas substâncias

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda de quatro cosméticos de uma empresa que utilizou o nome “Hemp” - palavra em inglês que, em português, faz referência à cannabis.

A decisão que proíbe a venda dos produtos da empresa Be Factory Laboratories Indústria, Comércio, Importação e Exportação Ltda. foi publicada nesta terça-feira (22) no Diário Oficial da União (DOU).

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 907/2024 determina que a embalagem dos cosméticos não deve conter nomes como “Hemp”, que levem o consumidor a acreditar que a substância esteja presente na fórmula.

Isso significa que está expressamente proibido rotular cosméticos com nomes, marcas ou imagens que causem erro ou confusão quanto à sua fórmula e composição.

A determinação afeta todos os lotes dos seguintes produtos:

  • Califórnia Drop Sérum Facial Hemp Vegan;
  • PsiloGlow Lip Balm Hemp Vegan;
  • Magic LSD Máscara Capilar Hemp Vegan;
  • Alucina Creme Hidratante Facial Hemp Vegan.
Crédito: Hempa Vegan / Divulgação

A Anvisa esclareceu que, no país, o uso de derivados de cannabis é permitido apenas para medicamentos e outros produtos autorizados pelo órgão. Esses itens passam por um regime de controle especial, conforme a legislação nacional.

Como medida de segurança, a agência recomendou que os consumidores fiquem atentos às informações nos rótulos e, caso encontrem irregularidades, denunciem aos órgãos fiscalizadores.

Outro lado

No site, a empresa suspendeu a venda dos produtos e publicou um alerta ao lado, informando que ele está temporariamente indisponível devido a uma notificação da Anvisa. A empresa também informou que seguirá com o processo de defesa legal, afirmando que o produto - que, segundo eles, foi censurado - retornará ao mercado.

Por meio de nota, a empresa afirmou que os produtos da linha Hemp Vegan são formulados com ingredientes permitidos pela legislação brasileira e negou que qualquer um deles contenha canabidiol (CBD), tetrahidrocanabinol (THC), LSD (dietilamida do ácido lisérgico) ou qualquer outra substância psicoativa ou de uso controlado.

“A composição de cada produto pode ser comprovada por laudos laboratoriais e documentação técnica, presentes nos dossiês submetidos à ANVISA desde o registro dos produtos, atestando sua conformidade regulatória e transparência desde o início da comercialização”, diz a nota.


Leia a nota na íntegra:

“Hemp Vegan é uma marca registrada legalmente aprovada junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Seu uso em rótulos, embalagens e canais de comunicação é legítimo e representa a identidade institucional da empresa, não se referindo à composição química ou à presença de substâncias específicas nos produtos.

A interpretação da ANVISA de que a simples presença do termo “hemp” indicaria, por si só, a existência de derivados da planta Cannabis sativa na formulação do produto é incorreta, desprovida de base técnica, e ignora o direito legal à marca.

Nome dos produtos:

  • O nome do produto “Magic LSD” foi desenvolvido com base em uma sigla original e de uso próprio da marca, significando “Liso, Solto e Desembaraçado” — referência direta às propriedades cosméticas desejáveis do produto capilar. O uso criativo de siglas é prática amplamente aceita no mercado, especialmente no setor de beleza, e não deve ser confundido com a referência a substâncias de uso controlado. Não há, portanto, qualquer relação entre o nome do produto e o psicotrópico LSD (dietilamida do ácido lisérgico), sendo indevida e desproporcional a interpretação adotada pela ANVISA.
  • O termo “CB2+”, por sua vez, está relacionado a um conceito cosmético global inspirado no sistema endocanabinoide da pele — amplamente estudado na literatura científica internacional — e não representa presença de CBD, THC ou qualquer derivado direto da cannabis na formulação. Tal referência é de uso comum em tendências internacionais da cosmetologia, especialmente em produtos que exploram o potencial de equilíbrio e reparação da barreira cutânea, utilizando ingredientes naturais não controlados.
  • Expressões como “hemp”, “CB2+” ou nomes criativos fazem parte de um contexto de branding, não devendo ser tratadas como comprovação de presença de ingredientes proibidos sem análise técnica individualizada.

A medida da ANVISA se baseia em interpretações subjetivas e desproporcionais, desconsiderando:

  • O princípio da livre iniciativa e liberdade econômica, garantido pelo artigo 170 da Constituição Federal;
  • O direito à livre criação e utilização de marca registrada (Art. 129 da Lei da Propriedade Industrial);
  • A presunção de boa-fé nas práticas comerciais (Art. 422 do Código Civil);
  • A exigência de prova objetiva para caracterização de infração (Art. 37 do Código de Defesa do Consumidor).


Não há qualquer infração sanitária configurada na simples presença de nomes conceituais ou marcas registradas, sobretudo diante da ausência comprovada de substâncias controladas na composição dos produtos”.
 

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LOA

Poderes ignoram crise e projetam gastança de era das 'vacas gordas'

Executivo prevê alta de 2,9% nas receitas, mas a Assembleia, TJ, MPE, TCE e Defensoria estimam alta de 7,9% nos gastos

16/12/2025 12h15

Em ano eleitoral, dentre as cinco instituições, o maior aumento de gastos está previsto na Assembleia Legislativa de MS

Em ano eleitoral, dentre as cinco instituições, o maior aumento de gastos está previsto na Assembleia Legislativa de MS

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Em meio ao cenário de corte de gastos por conta da queda na arrecadação de tributos, a Lei Orçamentária Anual (LOA) do Governo do Estado publicada no diário oficial desta terça-feira revela que os chamados Poderes estão longe de qualquer crise.

Prova disso é que seus orçamentos para o próximo ano cresceram 7,9%. Enquanto isso, a estimativa de crescimento geral de receitas do Executivo, responsável pelos repasses a estes órgãos públicos, teve acréscimo de apenas 2,9%. 

Na LOA do ano passado o Governo do Estado estimava despesas e receitas da ordem R$ 26,402 bilhões. Para o próximo ano, a expectativa é de que o montante passe para R$ 27,190 bilhões. O crescimento de 2,9% fica está abaixo do índice oficial da inflação dos últimos 12 meses, que é de 4,46%. Ou seja, em valores reais orçamento de 2026 está menor que o deste ano. 

Ao mesmo tempo,  a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Defensoria Pública fizeram orçamentos prevendo aumento médio de 7,9% em seus duodécimos, que passarão de um máximo de R$ 3,353 bilhões para R$ 3,620 bilhões. 

Os mais afoitos para aumentarem seus gastos foram os deputados, que passaram de um orçamento R$ 520.202.200,00 para R$ 567.574.000,00, o que representa aumento de 9%, ou mais que o dobro da inflação dos últimos  12 meses. 

A Defensoria Pública, que historicamente se dizia  o "primo pobre" dos poderes, aparece em segundo lugar neste ranking de aumento na gastança. Sua proposta orçamentária teve um acréscimo de 8,6%, saltando de R$ 347.325.900,00 para R$ 377.319.900,00. 

Logo em seguida aparece o Ministério Público, que tem a atribuição legal de fiscalizar a legalidade e a moralidade dos gastos públicos, com aumento de 8,3% na previsão de gastos. O orçamento anual subiu de R$ 705.520.700,00 R$ 767.151.800,00. 

O Tribunal de Justiça, o mais caro de todos, simplesmente acrescentou R$ 100 milhões e está elevando seu orçamento dos atuais  R$ 1.364.912.200,00 para R$ 1.464.780.100,00, o que equivale a um acréscimo de 7,3%.

Por último, mas também com um índice mais de 100% acima do percentual do Executivo, aparece o Tribunal de Contas, que está elevando em 6,9% seu orçamento, que passa de R$ 415.307.900,00 para R$ 444.019.300,00. 

Praticamente 90% destes valores são destinados ao pagamento de salários e justamente por conta dos generosos repasses do Executivo é que existem os supersalários, principalmente no Tribunal de Justiça, no Ministério Público e no Tribunal de Contas. 

CORTE DE GASTOS

E, ao mesmo tempo em que os aumentos de orçamento nos Poderes apontam para a criação de novos benefícios salariais, o Executivo deixa claro que está prevendo uma espécie de arrocho. 

Na LOA publicada no fim do ano passado, a administração central destinou R$ 14.159.962.800,00 para despesas com pessoal e encargos. Para o próximo ano, estão sendo destinados R$ 12.986.205.400,00,  o que representa redução de 8,3%. 

Situação parecida está prevista no que se refere às despesas com custeio, que devem recuar de R$ 7,69 bilhões para R$ 6,37 bilhões. Despesas com custeio envolvem, entre outros, gastos com combustíveis, energia, água e material de consumo nas diferentes secretarias. 

Mas, em ano eleitoral, os repasses aos deputados para as chamadas emendas parlamentares terão um generoso aumento, de 33%. O orçamento do ano passado previu R$ 72 milhões. Agora, serão R$ 96 milhões. Isso significa que cada deputado terá R$ 4 milhões para agradar suas bases eleitorais. Em 2025 este valor foi de R$ 3 milhões. 

 

FISCALIZAÇÃO

Em meio a crise, TCE faz pente fino em postos de saúde

Fiscalização do Tribunal de Contas começou nesta terça-feira (16) por unidade do Guanandi e vai avaliar 74 UBS e unidades de saúde da família em Campo Grande

16/12/2025 11h45

Ao todo, 74 unidades de saúde da Capital serão avaliadas ao longo da ação

Ao todo, 74 unidades de saúde da Capital serão avaliadas ao longo da ação Marcelo Victor

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Em meio às reclamações da população e denúncias de desabastecimento de medicamentos, o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) iniciou, na manhã desta terça-feira (16), mais uma etapa da II Fiscalização Ordenada da Atenção Primária à Saúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família de Campo Grande. A primeira unidade visitada foi a UBS Dona Neta, localizada no bairro Guanandi.

Ao todo, 74 unidades de saúde da Capital serão avaliadas ao longo da ação, que integra o calendário anual de fiscalizações do órgão e ocorre em um momento considerado sensível para a rede pública municipal de saúde.

Equipes formadas por auditores do TCE-MS percorrem as unidades para inspeção física, registros fotográficos, análise documental, entrevistas com servidores e usuários, além da aplicação de questionários técnicos.

Segundo o Tribunal, o objetivo é levantar um diagnóstico situacional detalhado das unidades, identificar falhas e apontar oportunidades de melhoria, como a elaboração de planos de ação que garantam atendimento mais eficiente à população.

A Atenção Primária à Saúde é considerada a principal porta de entrada dos usuários no Sistema Único de Saúde (SUS) e responde, em média, por cerca de 80% das demandas de saúde da população, resolvendo diretamente os casos ou encaminhando para níveis mais especializados de atendimento.

De acordo com o chefe de fiscalização de saúde do TCE-MS, Haroldo Oliveira Souza, a escolha pela atenção primária não é aleatória. “A nossa estratégia foi começar pela atenção primária porque ela impacta diretamente a população. É o primeiro contato que as pessoas têm com o SUS e onde muitos problemas podem ser resolvidos de forma mais rápida”, explicou.

Ele destacou ainda que a fiscalização em Campo Grande representa a etapa final de um trabalho iniciado ao longo do ano em municípios do interior do Estado. “Nós somos divididos por regiões de atuação e a Capital fecha esse ciclo de fiscalizações em 2025”, afirmou.

Infraestrutura, medicamentos e recursos 

Durante as visitas, os auditores seguem uma metodologia baseada em critérios da Política Nacional de Atenção Básica. Entre os principais pontos avaliados estão a infraestrutura das unidades, a distribuição e o acondicionamento de medicamentos, a disponibilidade de recursos humanos, além de itens como atendimento à gestante, imunização, equipamentos, informações aos usuários e fluxo assistencial.

A fiscalização funciona como um checklist. “O auditor confere item por item. Se algo não estiver de acordo com os critérios, isso vira um achado de auditoria”, explicou Haroldo. Esses achados são consolidados em um relatório que será encaminhado ao conselheiro relator, responsável por definir as providências, que podem incluir recomendações, orientações e até sanções.

A ação também foi impulsionada por denúncias recentes de desabastecimento de medicamentos em unidades da Capital, amplamente divulgadas por entidades médicas e pela imprensa.

“Dentro da nossa teoria do controle externo, a oportunidade é um fator importante. Nós já tínhamos a metodologia pronta, mas, diante das notícias sobre desabastecimento e da crise aparente na saúde de Campo Grande, decidimos ampliar e concluir esse trabalho agora, para colaborar com a solução do problema”, afirmou o chefe de fiscalização.

População cobra fiscalização

Para o TCE-MS, a iniciativa atende a uma demanda direta da sociedade. Segundo a diretora de controle externo do TCE-MS, Valéria Saes Cominale, que participa da ação, a saúde pública foi apontada como uma das principais áreas que a população deseja ver fiscalizada.

“Quase 50% da população, em consultas do nosso Plano Anual de Fiscalização Participativa, clamou por fiscalizações na área da saúde. Diante das denúncias e do que temos observado nas nossas matrizes de risco, ficou claro que Campo Grande precisava entrar nesse circuito de auditorias”, explicou.

Ela reforçou que o impacto da fiscalização é direto na vida dos usuários. “Avaliamos desde a estrutura física até a forma como a população é recepcionada. O cidadão tem direito a um bom serviço público, e é dever do Tribunal fiscalizar como esse serviço está sendo prestado.”

Na prática, os problemas apontados pelo Tribunal refletem o dia a dia de quem depende da rede básica. A doméstica Sueli Moreira de Oliveira, que buscava atendimento em uma unidade da Capital, relatou dificuldades para conseguir consulta médica.

“É a terceira vez que eu tento. Vim ontem e hoje de novo. Cheguei hoje às 5h30 da manhã e estou esperando até agora, sem saber que horas vou ser atendida”, contou. Segundo ela, a falta de médicos e a demora no atendimento acabam gerando prejuízos financeiros. “A gente perde o dia de serviço, paga Uber para vir e ainda corre o risco de ter o salário descontado.”

Apesar das dificuldades, ela avalia positivamente a fiscalização. “Eu acho excelente. Não só na saúde, mas em todo o Estado. Se levarem a sério, vai dar resultado. Não é possível passar ano após ano e continuar faltando medicamento.”

Além de Sueli, quem também estava aguardando um médico é a dona de casa, Edivânia Rodrigues dos Santos, que contou estar esperando antes das 6h um encaixe para sua filha, de acordo com ela, o médico havia saído para outro atendimento. 

"Não sei que horas ele chega, conversei com outra senhora que já tentou a consulta também e ela saiu 15h da tarde, eu não posso esperar até esse horário, é a primeira que estamos precisando", disse.

Maria da Silva também estava presente e afirmou que nem sempre consegue retirar o medicamento que precisa. “Não é qualquer remédio que tem. Alguns a gente consegue, outros não e aí todo mês tem que sair do nosso bolso né.”

Interior já revelou falhas graves

A primeira etapa da II Fiscalização Ordenada da Atenção Primária à Saúde ocorreu em municípios do interior, como Jaraguari, Rio Negro, Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Camapuã, Rochedo, Corguinho e Rio Verde de Mato Grosso. Ao todo, 40 unidades foram avaliadas por 12 auditores.

Entre os principais problemas identificados estavam a ausência de médicos no momento da fiscalização, precariedade na infraestrutura, falta de alvarás sanitários e do Corpo de Bombeiros, armazenamento inadequado de medicamentos, uso de geladeiras domésticas para imunização, equipamentos inoperantes e ausência de canais formais para reclamações dos usuários.

Agora, a expectativa é que o diagnóstico em Campo Grande sirva como base para correções imediatas e para o monitoramento contínuo das unidades, garantindo que a Atenção Primária cumpra seu papel de prevenir doenças, evitar a sobrecarga dos hospitais e assegurar atendimento digno à população.

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