Faltando apenas cinco dias para as eleições de conselheiro tutelar de Campo Grande, a comissão especial do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) impugnou a candidatura de Indiani Carolini Domingues Mercado da Silva, por apadrinhamento político e propaganda eleitoral em templo religioso.
Durante um culto de jovens da Igreja Assembleia de Deus Missões, o deputado estadual Lídio Lopes (Patriota), que é pastor e esposo da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), aproveitou para pedir votos para a candidata.
“Eu fui vereador em Campo Grande, como candidato da igreja e estou no quarto mandato como deputado estadual, pela igreja, e a Adriane hoje é prefeita de Campo Grande pela igreja, missionária desta igreja. Mas nada mais importante do que termos irmãos e irmãs no Conselho Tutelar, porque é lá que começa tudo, meus amados”.
Quem também usou o púlpito para propaganda eleitoral, foi o marido da candidata Indiani, pastor Wellington Gomes, que questionou: “quem aqui tem título de eleitor?” e em seguida pediu votos para a esposa.
“Você sabia que agora, dia 1º de outubro, tem a eleição para o Conselho Tutelar? Eu preguei a palavra e tudo que estava travado vai ser destravado. A primeira coisa é você começar a votar no Conselho Tutelar tá? ‘Pastor, como que eu faço?’ Você tem que ir no seu local, na zona eleitoral e votar. Qual é o número? É muito fácil: 29992. Nós vamos estar enviando para os líderes de setor, líderes de congregação e você faça esse esforço de estar lá porque certamente você vai abençoar as nossas vidas e você também será abençoado”.
Confira o vídeo na íntegra:
A impugnação da candidata foi publicada no Diogrande desta terça-feira (26). Mesmo assim, a candidata continua com sua campanha pelas redes sociais.
Cabe destacar que Indiani Caroline tem o prazo de dois dias para apresentar defesa. Nossa equipe de reportagem questionou a candidata sobre sua impugnação, mas até o fechamento desta reportagem não tivemos retorno.
Violação das regras do edital
Conforme o edital publicado pelo CMDCA no Diogrande, cabe à Comissão Especial do processo de escolha, criada por Resolução do Conselho, analisar e decidir, em primeira instância administrativa, os pedidos de impugnação, denúncias e outros incidentes ocorridos durante a campanha.
Entre o desrespeito às regras, estão: “Abuso do poder político-partidário assim entendido como a utilização da estrutura e financiamento das candidaturas pelos partidos políticos no processo de escolha (…) e abuso do poder religioso, assim entendido como o financiamento das candidaturas pelas entidades religiosas no processo de escolha e veiculação de propaganda em templos de qualquer religião (…)”.
Nossa reportagem também questionou a assessoria de imprensa do deputado Lídio Lopes e o CMDCA, mas não obtivemos respostas.


