Locutor de 49 anos, morador no Residencial Canguru, em Campo Grande, alega ter sido agredido e ameaçado de morte por quase 200 vizinhos após ser acusado de assediar crianças. Até o apartamento dele foi supostamente invadido e depredado, lhe causando prejuízo aproximado de R$ 50 mil com a destruição de equipamentos de som.
Ele se apresenta como inocente e diz ser alvo de perseguição incitada por um dos porteiros do condomínio, tanto que registrou dois boletins de ocorrência, dentre os quais um por ameaça e agressão e outro por danos. “Não me mataram porque a polícia chegou”, conta.
Em contato com a reportagem enquanto denunciava o caso na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) da Vila Piratininga, o homem explicou que tudo aconteceu entre a tarde de sábado e a madrugada de hoje.
A suspeita de moradores do residencial é a de que ele estivesse, há dias, fotografando e aliciando crianças com doces, pela janela do apartamento que fica em frente à área de playground. Por este motivo, no sábado, o porteiro e outra pessoa lhe procuraram para tirar satisfações e passaram a agredi-lo. Até mesmo o celular chegou a ser tomado, mas ele conseguiu recuperar.
Assustado, conta que se trancou no apartamento e foi encurralado. “Eles ficavam chamando mais moradores para me pegar. Quando vi, a casa toda estava cercada e começaram a jogar pedras na janela”, disse o locutor.
O grupo forçava a porta com a intenção de linchá-lo. “Diziam que iam me matar, me cortar inteiro, mas ninguém sequer tentou ouvir o que eu tinha a dizer”. Depois do sufoco, a Polícia Militar foi acionada e conseguiu retirá-lo da residência com segurança, para que pudesse ser levado para a delegacia. O primeiro boletim de ocorrência, por ameaça e agressão, foi feito na Depac Centro.
Segundo o homem, na ocasião a autoridade policial chegou a periciar o celular em busca de imagens de crianças, mas nada teria sido encontrado. Temendo pela própria vida, solicitou escolta da PM para retornar ao imóvel, já no início da madrugada, quando se deparou com a casa revirada.
“Arrombaram a porta e quebraram tudo. Meus equipamentos de som estavam todos quebrados lá fora, o prejuízo foi mais de R$ 50 mil”, pontuou. Entretanto, neste ponto ele entrou em contradição dizendo que depois de terem arrombado a casa, os próprios invasores colocaram outra porta e deixaram as chaves com uma vizinha.
Diante deste cenário, foi à Depac Piratininga, onde a equipe comandada pelo delegado Giuliano Biacio registrou a denúncia de danos. Conforme o delegado, a perícia técnica foi designada para avaliar a situação.
“É preciso checar se de fato houve invasão como ele diz e o que aconteceu. Em casos assim não é incomum pequenos furtos, por isso a importância do trabalho pericial”, detalhou Biacio.
Porém, até o fechamento desta edição, não havia detalhes sobre a situação do apartamento. “Nada justifica as agressões, mas é preciso tentar entender porque os vizinhos fizeram isso com este homem”, pontuou.
DEFESA
O locutor alega não ter qualquer tipo de envolvimento com pedofilia e que esta sendo perseguido por moradores, mesmo não conseguindo justificar o porque de tanta revolta dos vizinhos.
Ele conta que trabalha como locutor em lojas e que sempre pega doces para dar aos clientes. Boa parte destes doces ele leva para a casa e dá para as crianças da comunidade. “Eu fico da janela chamando elas e perguntando quem quer doce, daí depois jogo por uma sacola lá embaixo para eles pegarem”.
Entretanto, moradores afirmam que usava este artifício para se aproximar e assediar os pequenos, mesmo tendo sido avisado por pais.