Cidades

SIDROLÂNDIA

Após 11 anos, morte de indígena segue sem reconhecimento de culpados

Mesmo com o MPF-MS concluindo que o disparo que matou Oziel foi feito pela PF, Justiça negou indenização de R$ 1,5 milhão

Continue lendo...

Com a volta das tratativas com o governo federal para a demarcação da Terra Indígena (TI) Buriti, a família do indígena Oziel Gabriel, que foi morto na região em 2013, pediu ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e ao governo estadual a atribuição da responsabilidade pelo crime. O caso voltou a ser discutido após compromisso assumido pelas partes.

O indígena terena foi morto durante reintegração de posse feita pela Polícia Federal (PF) em 2013. Na época, indígenas de Sidrolândia iniciaram uma retomada para revindicar a TI Buriti, tomando posse de quatro fazendas localizadas dentro do território. 

Ao Correio do Estado, o irmão de Oziel Gabriel, Otoniel Terena, de 43 anos, que fez um pronunciamento durante a visita da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, à TI Buriti, em tom de indignação, pediu justiça pela morte do irmão.

“A nossa luta é pela vida e pela demarcação, mas aqui aconteceu uma morte, perdemos uma vida, e minha fala é de indignação. São 11 anos de dor e ainda não se fez justiça, por isso fizemos a nossa cobrança para o governo do Estado e, principalmente, para o governo federal”, declarou Otoniel.

Durante a fala de Otoniel aos representantes do MPI, a titular da Secretaria de Estado de Cidadania (SEC),

Viviane Luiza, indicou que o governo do Estado poderia levar adiante o processo de atribuição de responsabilidade pela morte do indígena.

“Nós tivemos um posicionamento muito importante da secretária de Cidadania. Vamos procurar ela nos próximos dias, para criar um canal de diálogo com o governo do Estado. Esperamos que haja um encaminhamento para buscarmos a justiça”, informou o irmão de Oziel.

Durante à Aldeia Córrego do Meio, que faz parte da TI Buriti, em novembro, Sonia Guajajara chegou a assinar um documento em que constava o pedido de Otoniel para a retomada do processo de buscar a responsabilidade pela morte de Oziel.

A ministra foi até a aldeia para discutir com lideranças terena a volta da mesa de conciliação entre indígenas e fazendeiros pela posse da área de 17,2 mil hectares, localizada entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti.

Com a aprovação das lideranças terena e também de fazendeiros da região, o Ministério dos Povos Indígenas se reunirá com representantes do governo do Estado e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) para voltar às tratativas para indenizar os produtores rurais e garantir a posse da terra aos terena.

SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA

No cerimonial feito para receber a ministra Sonia Guajajara e o secretário-executivo do MPI, Luiz Eloy Terena, os indígenas apresentaram um vídeo sobre o conflito que levou à morte de Oziel, como uma homenagem ao indígena, que é tratado como guerreiro terena.

Um memorial também foi montado pela comunidade indígena com fotos de Oziel e, durante apresentação do grupo de guerreiros da etnia, a frase “Oziel vive” estava pintada no corpo de uma criança.

“Oziel foi uma liderança muito importante e morreu dentro deste processo histórico de luta pela demarcação. Hoje, deixa seu legado e nossa responsabilidade. Mas o mais importante ele deixou, o compromisso para mim, como irmão, de lutar por justiça. A terra só não basta, eu quero justiça”, disse Otoniel.

Alberto Terena, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), também falou sobre a importância da luta por justiça da família do Oziel. 

“Eu creio que é importante essa cobrança, porque o Estado tem que pagar pelos seus erros, ele tem que indenizar a família por esta morte, e nós estamos pagando caro, com a nossa vida”, falou Alberto.

INDENIZAÇÃO NEGADA

Em setembro de 2023, quando completou uma década da morte do indígena Oziel Gabriel, baleado no peito durante reintegração de posse da Fazenda Buriti, no dia 30 de maio de 2013, a Justiça Federal negou a indenização de R$ 1,5 milhão pedida por seus parentes após o ocorrido. 

Assinada pelo juiz da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Igor Kita Conrado, segundo a sentença, os policiais cumpriam ordem judicial “de forma planejada e cautelosa, repelindo de forma proporcional, quando necessário, injusta e letal agressão cometida pelos indígenas”. 

Conforme o documento expedido pelo Judiciário, o pedido era para que a União pagasse R$ 1 milhão por danos morais aos familiares e outros R$ 500 mil pelo mesmo motivo aos patrícios da comunidade. 

A sentença reforçou que, como o projétil que vitimou Oziel foi “extraviado” (durante transporte da fazenda ao hospital ou atendimento médico, como cita a sentença), foi impossível identificar o calibre e de qual arma de fogo teria vindo.

Porém, o inquérito publicado em 2016 pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF-MS) concluiu que a bala que matou o indígena Oziel Gabriel foi disparada pela Polícia Federal.

CRONOLOGIA

2013 > No dia 30 de maio de 2013, o indígena Oziel Gabriel foi morto durante retomada de fazenda na TI Buriti, em Sidrolândia. 

2016 > Inquérito do MPF-MS concluiu que o projétil que atingiu Oziel saiu de uma arma da Polícia Federal.

2023 > Mesmo com o relatório do MPF-MS apontando culpa da PF, a Justiça Federal, em setembro do ano passado, afirmou que não havia como atribuir a responsabilidade à corporação e negou indenização pela morte do indígena.

Assine o Correio do Estado

 

TRAGÉDIA

Ponte entre Tocantins e Maranhão desaba; uma morte é confirmada

Bombeiros buscam por desaparecidos no Rio Tocantins

22/12/2024 19h00

Ponte que liga os estados de Tocantins e Maranhão desabou

Ponte que liga os estados de Tocantins e Maranhão desabou Divulgação / Bombeiros

Continue Lendo...

A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, sobre o Rio Tocantins, desabou na tarde deste domingo (22). A ponte liga os estados de Tocantins e Maranhão. O governador do Maranhão, Carlos Brandão, confirmou uma morte, uma pessoa resgatada e dois desaparecidos.

A ponte na BR-226 liga os municípios de Estreito (MA) e de Aguiarnópolis (TO). “Lamentamos pelas vítimas do colapso da ponte que liga o Maranhão ao Tocantins. Até o momento temos um óbito confirmado, uma vítima resgatada, hospitalizada em Estreito, e duas vítimas desaparecidas. Somente com o resultado das operações de mergulho teremos como comprovar o número total de desaparecidos”, escreveu, em publicação nas redes sociais.

“As equipes do nosso governo do Maranhão seguem oferecendo todo o suporte necessário aos técnicos do governo federal, para garantir o socorro e contornar os transtornos causados pela interrupção da via”, acrescentou Brandão.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o colapso ocorreu por volta de 14h50. O Corpo de Bombeiros do Maranhão e do Tocantins estão realizando buscas no rio por pessoas desaparecidas.

O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, também confirmou que há vítimas, que houve a queda de veículos e motocicletas e que a profundidade no local é acima de 50 metros. “Nos unimos no apoio ao resgate de vítimas”, se manifestou, também pelas redes sociais.

O vão central da estrutura de 533 metros de extensão cedeu e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) alertou para interdição total no local. “Equipes da autarquia estão se deslocando para o local visando avaliar a situação, apurar as possíveis causas e tomar as medidas necessárias”, informou.

Rotas alternativas

O órgão divulgou as rotas alternativas. Os usuários do Tocantins devem acessar a estrada que vai de Darcinópolis a Luzinópolis, chegar na BR-230 e seguir até o km 101 (cidade de São Bento). Em seguida pegar a direita, sentido Axixá e Imperatriz (MA).

Quem vai do Maranhão deve acessar a BR-226 em Estreito até Porto Franco. De Porto Franco os usuários devem seguir pela BR-010 até Imperatriz.

previsão

Semana do Natal será chuvosa em todo o Mato Grosso do Sul, mas calor continua

Segunda-feira tem alerta de perigo para chuvas intensas, enquanto nos demais devem ocorrer as chamadas chuvas de verão, que são pancadas rápidas e isoladas

22/12/2024 18h00

Semana será chuvosa em Mato Grosso do Sul

Semana será chuvosa em Mato Grosso do Sul Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado

Continue Lendo...

O verão mal começou, mas as condições climáticas características da estação já predominam na semana do Natal em Mato Grosso do Sul, com calor e chuvas rápidas e isoladas. Para esta segunda-feira (23), há alerta de perigo potencial de temporais no Estado.

De acordo com o Climatempo, a grande disponibilidade de umidade e de calor que existe sobre o Brasil facilita a formação das nuvens carregadas, com potencial para a chuva forte.

Além disso, a organização da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) será responsável por grande parte da chuva em algumas regiões, de intensidade mais fraca a moderada.

Na segunda, alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) coloca os 79 municípios em perigo potencial de chuvas intensas, entre 20 e 30 milímetros por hora, e ventos de até 60 km/h.

Desta forma, há o risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.

Para os demais dias, são esperadas as chamadas chuvas de verão, que são precipitações irregulares, com pancadas de chuvas rápidas e isoladas, mas eventualmente fortes.

O calor continua e a máxima deve ficar acima de 30°C em todo o Estado.

Em Campo Grande, as temperaturas oscilam entre 21°C e 31°C na semana. Há possibilidade de tempestade na segunda-feira, enquanto nos outros dias o céu deve ter períodos de abertura de sol e nublado.

Na regiões oeste, o calor será maior, com máxima prevista de 34°C. No entanto, o início e fim dos dias deve ter temperaturas amenas, com mínima de 18°C, e fazer mais calor na parte da tarde. Deve chover de forma isolada de segunda a sexta.

Coxim, no norte, a semana do Natal será bem chuvosa. Previsão do Inmet aponta para a possibilidade de chuvas e trovoadas ao decorrer de todos os dias, com temperaturas entre 20°C e 34°C.

Verão

Conforme prognóstico do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), o verão, que começou no último sábado (21), será de calor intenso, forte 'mormaço' e chuvas de rápida duração, as famosas "chuvas de verão".

A estação vai até 20 de março e será marcada por forte calor, que deve superar as médias históricas para o período.

Este cenário favorece a formação de ondas de calor, nos momentos em que não houver ocorrência de nuvens e chuvas.

As chuvas, contudo, deverão ter rápida duração e ocorrer de maneira irregular. Essa irregularidade pode agravar a recuperação das condições hídricas da região, o que acende um alerta para o setor agropecuário.

Conforme o Cemtec, mesmo que as chuvas se mantenham dentro da média histórica no próximos meses, isso não será suficiente para reverter o cenário de seca que afeta a região central do país, incluindo o estado de Mato Grosso do Sul. Nesse sentido, para os pesquisadores, o cenário é de incerteza.

Essa tendência incerta está diretamente relacionada ao fenômeno La Niña. O evento climático provoca o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, o que impacta na ocorrência irregular das chuvas e na imprevisibilidade do clima no estado.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).