Cidades

Nova versão

Após cobrança do conselho de Saúde, Prefeitura dá outra versão sobre pagamento a Consórcio

Em entrevista, secretária da Fazenda de Campo Grande havia afirmado que dívida com o Consórcio Guaicurus seria paga pelo Fundo Municipal de Saúde, no valor de R$1,03 milhão, o que foi repudiado pelo CMS

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Em reunião com o Conselho Municipal de Saúde (CMS), a Prefeitura de Campo Grande afirmou nesta segunda-feira (27) que o valor destinado à regularização das contas com o Consórcio Guaicurus seriam apenas os valores voltados ao pagamento do vale transporte dos funcionários, não o valor total de R$1,03 milhão como foi dito pela secretária da Fazenda de Campo Grande em entrevista. 

“O único valor que é pago via Fundo Municipal [de Saúde] para o Consórcio Guaicurus são os descontos que são feitos em olerite para os servidores da Sesau, que desconta o vale-transporte dos profissionais que optam por essa opção. Esse valor descontado é repassado para o Consórcio”, explicou Jader Vasconcelos, coordenador do CMS ao Correio do Estado.

A reunião entre os órgãos aconteceu após o Conselho emitir um ofício endereçado ao Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Saúde repudiando as falas da secretária de Fazenda de Campo Grande, Márcia Helena Okama, que afirmou, na última sexta-feira (24) que o valor de R$1,03 milhão em atraso ao Consórcio Guaicurus seria pago com recursos oriundos do Fundo Municipal de Saúde (FMS). 

No documento, o Conselho ressalta que a decisão é “temerária e juridicamente questionável”, já que o dinheiro vinculado ao Fundo só pode ser aplicado em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS). 

Durante a entrevista de sexta-feira, o diretor da Agência de Trânsito (Agetran), Paulo Silva, afirmou que o uso dos recursos vindos da Saúde para custear o transporte público na Capital também são destinados a pagar as gratuidades dos idosos, portadores de deficiência e mães atípicas. 

“Depende de onde isso [as gratuidades] está enquadrado — se é da Secretaria de Assistência Social (SAS), Semed, Sesau. Cada ente desses é responsável por organizar esses pagamentos, para que sejam feitos a tempo e sem erro. É um processo em que cada secretaria tem a responsabilidade de fazer”, alegou. 

À essa afirmação, o CMS ressaltou que despesas que não se destinam à manutenção e funcionamento das ações do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o custeio de transporte público urbano e outras políticas setoriais. 

“Assim, mesmo que se alegue que os valores se destinam ao transporte de pacientes renais crônicos, pessoas ostomizadas ou portadores de HIV/AIDS, tal despesa não se enquadra como gasto em saúde, pois não corresponde a uma ação direta de atenção, vigilância, prevenção ou recuperação em saúde”, afirmou Jader.

Ele relembrou, ainda, que a decisão se dá em um momento de crise na saúde municipal, marcada por falta de pagamento de servidores e fornecedores, ocasionando uma escassez de medicamentos básicos como antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios, além de insumos hospitalares, laboratoriais e odontológicos, comprometendo “gravemente o acesso da população aos serviços do SUS”. 

O CMS encaminhou no ofício a recomendação para a imediata suspensão do pagamento programado do valor de R$1,03 milhão via FMS com possibilidade de abertura de processo judicial junto ao Ministério Público, Tribunal de Contas e demais órgãos “para apuração de eventual desvio de finalidade na aplicação dos recursos da saúde”, completa o documento. 

O Correio do Estado entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Campo Grande nesta segunda-feira para averiguar se o pagamento já havia sido realizado. 

Em nota, o órgão respondeu que “está em dia com suas obrigações financeiras perante o Consórcio Guaicurus, tendo como prioridade a manutenção do serviço de transporte coletivo, de forma a evitar prejuízos à população. Há atualmente um processo de pagamento em tramitação, no valor de R$1,07 milhão, onde estão incluídas despesas oriundas de vários órgãos municipais, inclusive da Saúde. Tal processo está dentro dos prazos legais previstos, sem atrasos, e deve ser concluído nos próximos dias”. 

Transporte público

Na última quarta-feira (22), os motoristas do Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande, promoveram uma paralisação de, aproximadamente, três horas no início da manhã, pegando os usuários de surpresa e causando transtornos. 

O motivo foi o atraso no pagamento do vale (adiantamento salarial) aos trabalhadores, devido ao atraso no pagamento de parcelas atrasadas do subsídio ao Consórcio pela Prefeitura. 

O fato trouxe à tona o fato de que nem a prefeitura e nem o governo do Estado haviam pago um montante de R$3,3 milhões referentes aos dois últimos meses de subsídio. devido a um bloqueio no Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) em razão da não prestação de contas de um convênio envolvendo a União e a Casa da Mulher Brasileira. 

Com os motoristas às ruas, uma operação de emergência foi acionada para colocar em dia parte dos subsídios por parte da prefeitura, o que fez com que, em dois dias, um valor de R$2,3 milhões fosse transferido ao Consórcio Guaicurus, aliviando os ânimos e cancelando uma greve programada para esta terça-feira (28). 

Fake News

Mesmo com as falas da secretária de Fazenda e do diretor-presidente da Agetran gravadas, após a veiculação, a Prefeitura de Campo Grande divulgou nota neste domingo (26) afirmando a existência do débito de R$1,07 milhão e que deve ser realizado nos próximos dias e criticou a imprensa que noticiou as declarações.

“A Prefeitura de Campo Grande manifesta repúdio a qualquer tipo de fake news, que apenas prestam desserviço à sociedade. Mantém-se à disposição dos veículos de imprensa que prezam pela seriedade e atuam em favor da verdade dos fatos, reforçando que não tem medido esforços para evitar que a população seja prejudicada por paralisações indevidas do sistema de transporte coletivo”, concluiu a nota.

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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