Cidades

Farmácia popular

Após denúncia de fraudes, ministério retira 100 farmácias de programa na Capital

Em julho, a Polícia Federal revelou investigação contra estabelecimentos que usavam o projeto para desviar dinheiro público

Continue lendo...

Após a Polícia Federal anunciar investigação sobre desvios de verba pública e uso do programa Farmácia Popular do Brasil, do Ministério da Saúde, para lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas, o governo federal descredenciou 100 estabelecimentos em Campo Grande. O projeto garante medicação gratuita ou mais barata a toda a população. A medida veio por meio de dois informes publicados na sexta-feira e ontem pela União.

Nas duas listas que se encontram no site oficial da Pasta, 9.180 estabelecimentos farmacêuticos em todo o Brasil foram descredenciados, destes, 218 estão em Mato Grosso do Sul – 97 na Capital, onde há 103 farmácias ativas. Ainda há estabelecimentos de Cassilândia, Três Lagoas, Dourados, Fátima do Sul e outras cidades do interior do Estado na relação. 

No primeiro informe, publicado na sexta-feira, o Ministério da Saúde explica que os estabelecimentos foram descredenciados por estarem com o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) baixado. 

“A baixa do CNPJ ocorre em casos como encerramento da empresa, liquidação, falência, fusão, cisão total ou incorporação”, diz a publicação.

 Diante deste cenário, as drogarias que estão descredenciadas perderam a capacidade de firmar contratos e convênios públicos.

O segundo documento, publicado ontem, afirma que o descredenciamento ocorreu pela não realização da “renovação anual obrigatória do credenciamento e que não estavam realizando vendas”.

Oito anos depois, o processo de renovação obrigatório do credenciamento foi aberto no dia 17 de abril e encerrou-se em 31 de julho. 

Ao todo, são exigidos 12 documentos que comprovem a regularidade e informações do estabelecimento, são eles: CNPJ; documento constitutivo PJ; documento do responsável legal; comprovante de endereço do responsável legal; comprovante de endereço da empresa; Certidão de Regularidade Fiscal (CND); autorização da Anvisa; licença de funcionamento; Certificado de Regularidade Técnica; emissor de cupom fiscal; e documento do farmacêutico.

INVESTIGAÇÃO

A medida veio semanas depois de reportagem do “Fantástico”, da Rede Globo, apontar a investigação da Polícia Federal que identificou um grupo criminoso que usou farmácias de fachada em várias regiões do Brasil, inclusive em Dourados, para desviar milhões do programa Farmácia Popular e lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas, além de financiar a compra de cocaína em países como a Bolívia e o Peru.

Conforme a reportagem, a Polícia Federal identificou que, ao todo, foram desviados do programa R$ 40 milhões pelos criminosos. As fraudes envolviam o uso de CPFs e endereços de pessoas inocentes, além da compra e venda de CNPJs por laranjas.

DESCREDENCIADOS

Roberto Martins, proprietário da DrogaFic, localizada no Jardim Leblon, em Campo Grande, uma das farmácias que constam na lista de descredenciamento, afirmou que está em processo de renovação do credenciamento do seu estabelecimento no programa, que ainda não foi lançado por questões burocráticas. Porém, mesmo ainda tentando estar apto ao programa Farmácia Popular, ele diz que não compensa, por questões financeiras.

“Para nós não faz muita diferença, já que não há lucro para a farmácia. Muitas vezes, eu pego o medicamento por R$ 7,00 e vendo por R$ 6,00 ou até de forma gratuita. Eu ainda estou tentando renovar [o credenciamento], mas confesso que, atualmente, não me importo muito com essa questão financeira”, explica.

Ele reforçou que está presente no programa praticamente desde quando foi criado, mas que, principalmente após o relançamento do Farmácia Popular, os repasses estão desproporcionais e resultam em prejuízo para o estabelecimento.

“Converso com colegas proprietários de outras farmácias e eles também estão desmotivados acerca do programa. Então, mesmo que o recredenciamento saia, não ligo tanto, hoje vale mais estar fora do que dentro, mas ainda tento estar presente por causa dos clientes mesmo, que ainda vêm aqui”, complementa.

DADOS

Como reportado pelo Correio do Estado em janeiro deste ano, apenas 16% das farmácias de Mato Grosso do Sul faziam parte do programa federal. Quando a matéria foi publicada, eram 419 das 2.546 farmácias do Estado, de acordo com dados do Ministério da Saúde repassados à reportagem.

O Farmácia Popular está presente em 70 dos 79 municípios sul-mato-grossenses, dos quais Corguinho, Coronel Sapucaia, Figueirão, Japorã, Jaraguari, Jateí, Ladário, Paraíso das Águas e Terenos não são contemplados com o benefício. É importante lembrar que o programa foi relançado em junho de 2023.

Na matéria, a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF-MS), Daniely Proença dos Santos, destacou ao Correio do Estado que o programa é fundamental para garantir que parte da população tenha acesso a medicamentos essenciais oferecidos em programas de saúde.

Porém, apesar da oferta, Daniely declarou que muitos idosos deixam de conseguir o medicamento mais barato ou de forma gratuita por falta de informação ou mesmo por questões burocráticas. 

“Quando conversamos com os farmacêuticos, ouvimos que muitas pessoas deixam de receber o serviço [mais barato] por burocracia, demora de atendimento ou mesmo por não ter as informações necessárias. Se o cliente vai até a farmácia e encontra o medicamento com valor acessível, não vai atrás dessa informação”, disse a presidente do CRF-MS ao Correio do Estado, em janeiro.

PROGRAMA

O programa Farmácia Popular foi criado durante o primeiro mandato do presidente Lula, mais especificamente, em abril de 2004. O programa se concentrava apenas em estabelecimentos estaduais ou municipais, por meio de uma rede estatal com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Posteriormente, em 2006, foi ampliado para atuar em farmácias privadas.

Somente no ano passado, mais de 24,7 milhões de brasileiros foram beneficiados pelo programa, que contempla 85% dos municípios. Em 2023, quando foi relançado, a gratuidade chegou para medicamentos contra osteoporose e anticoncepcionais.

Em janeiro de 2024, o Farmácia Popular passou a disponibilizar, como parte do Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual, absorventes para estudantes de baixa renda da rede pública e pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, este benefício atingiu 24 milhões de pessoas de 10 anos a 49 anos no ano passado.

Há seis meses, o governo federal anunciou a a oferta gratuita de 41 medicamentos e itens, que vão desde remédios contra diabetes até fraldas geriátricas.

Saiba

As farmácias que não encaminharam até o dia 31 de julho a documentação exigida terão a conexão com o sistema de vendas suspensa. Ele só voltará a funcionar após a regularização no programa.

Assine o Correio do Estado

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

Continue Lendo...

Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

Continue Lendo...

O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).