Desde o começo do ano, o uso de celular pelos estudantes está proibido em sala de aula. Em alguns casos, até nos corredores das instituições, nos períodos de intervalo, os aparelhos estão sendo barrados. Antes da adoção das restrições, havia grande temor de que pudesse haver reações negativas, tanto de estudantes quanto de seus familiares. Mesmo assim, pesquisas apontaram que 86% da população era favorável à adoção de medidas restritivas.
Isso porque essas mesmas pesquisas apontavam que o uso excessivo está diretamente relacionado ao aumento da distração, ao prejuízo no aprendizado e a impactos negativos na saúde emocional dos alunos. Cerca de 80% dos estudantes afirmam que o celular prejudica sua concentração em sala de aula. Outro dado relevante aponta que o uso excessivo de redes sociais aumenta em 13% o risco de sintomas depressivos após dois anos. Estudos também mostram que adolescentes que usam as redes sociais de modo excessivo apresentam comprometimento nos indicadores de inteligência emocional, quando comparados àqueles que não apresentam esse comportamento.
Agora, porém, uma pesquisa feita com os diretores de 342 escolas públicas estaduais revelou que os efeitos positivos estão indo muito além daquilo que se esperava. Na percepção quase unânime (98%) destes educadores, os índices de agressividade e de violência no ambiente escolar caíram. A eles foi feita a pergunta: “Desde a implantação da lei, você percebeu algum impacto no comportamento social dos estudantes?” A pergunta se refere à agressividade dos estudantes no ambiente escolar. Diante do questionamento, 65% disseram ter visto “impacto muito positivo”. Outros 30% disseram ter visto uma “leve melhora”. E, apenas 0,87%, ou 3 diretores, relataram “impacto negativo”, com o aumento da agressividade dos estudantes.
Os responsáveis pela pesquisa não têm números de registros policiais envolvendo brigas entre adolescentes, dentro ou nas imediações de escolas, antes e depois do início das restrições ao uso do celular. Porém, segundo o secretário estadual de Educação, a redução no número de ocorrências tem sido relatado em praticamente todas as cidades de Mato Grosso do Sul. A queda da agressividade, embora seja uma percepção empírica, foi feita por educadores experientes que, com certeza, têm longa trajetória no ambiente escolar e conhecem o antes e o depois.
É evidente que as restrições ao uso do celular não são milagrosas, mas os resultados que ainda serão demonstrados com as avaliações relativas ao desempenho na aprendizagem tendem a ser ainda mais promissores do que esta impressão inicial relativa à agressividade. A percepção dos diretores é uma espécie de efeito colateral, extremamente positivo e até inesperado. Porém, o que se espera mesmo é que as notas e as avaliações de médio e longo prazo apontem que o sistema educacional está em evolução.



