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A escalada da fome no Mundo

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Recente pesquisa divulgada pelo “Estado de Segurança Alimentar e da Desnutrição no Mundo” (SOFI) mostrou que mais de 700 milhões de pessoas passaram fome no ano de 2023, em todo o Planeta.

Esses dados, quando comparados aos de anos anteriores, podem até não causar mais tanta surpresa na sociedade atual, visto que o Mundo vem se acostumando com o que antes era deveras estarrecedor, tanto em tema de crise alimentar, como de saúde.

Entretanto, refletindo sobre as causas que levam a tão alarmantes números, temos de perquirir porque até hoje nossos governantes nunca conseguiram erradicar tamanho mal que quando não mata, muito maltrata o ser humano.

A primeira inquietação que nos vem à mente é a desproporcionalidade que têm esse contigente, quando relacionado com outros números, como, por exemplo, o do incontido crescimento da corrupção, que tanto subtrai da humanidade; ou mesmo do desacerto em tema de gastos públicos, cujas verbas poderiam ter como prioridade de destinação um real combate à fome.
No Brasil, com o duvidoso caminhar que o País trilhou, no campo econômico, já sentimos, naturalmente, onde o sapato aperta.

Os pré-falados dados mostraram, por exemplo, que o País atravessou o ano de 2023, a duras (e sangrentas) penas, atingida por um expressivo (e indesejável) número de pessoas acometidas pelo pior dos opróbrios humanos, que é a fome. 

Um cenário que antes era comum aos países da África e da Ásia, agora virou praga em todos os continentes, sem deixar nosso Brasil insulado nesse horripilante crescendo.

Indubitavelmente, a situação se agravou com a eclosão da Pandemia da Covid-19, que trouxe perdas ainda hoje não reparadas, em razão do aumento do desemprego e da escassez de trabalho, inflada com uma inexplicável multiplicação de pessoas que passaram a mendigar e a viver nas ruas, com certa naturalidade.

Com a retomada das atividades comerciais e de vida social como um todo, não foram promovidas as devidas políticas públicas de recuperação das perdas que tivemos, o que alastrou ainda mais o campo já tão minado de miséria.

Em um 2º “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19”, promovido no Brasil pela Rede Penssan, em 2022, revelou-se que mais de 33 milhões de brasileiros, literalmente, não tiveram o que comer, contabilizando um aumento de 14 milhões a mais em relação ao ano anterior.

Nesse contingente, mais da metade da população (58%), viveu sob algum grau, sob insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave.

Presentemente, não só no Brasil, mas em outros países em que a questão da fome toma assento nas discussões de governantes, tem-se a consciência de que estamos diante de um desafio gerado, a partir de complexos fenômenos, de ordem política, econômica, climática e até estrutural.

O Geógrafo Melhem Adas, mergulhando fundo no tema, com a Obra “A fome – crise ou escândalo?”, concluiu que “a fome é uma criação humana diretamente relacionada com o tipo de civilização que construímos; um grande e sério problema político, econômico e social, e sua existência, ainda nos dias atuais, é a prova contundente do fracasso de nossa civilização”.

Combatê-la com o fito de erradicá-la é dever inadiável dos governos, que deve ser um problema posto em regime de urgência, em tudo o que concirna ao seu enfrentamento.

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O envelhecimento e a vulnerabilidade do corpo: o que a saúde do papa nos ensina?

21/02/2025 07h45

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O avanço da idade traz consigo uma série de transformações no organismo, tornando-o mais vulnerável a doenças. Com o tempo, o sistema imunológico perde eficiência, os músculos e ossos se enfraquecem e órgãos como o cérebro, o coração e os pulmões podem não funcionar com a mesma força de antes. Aos poucos, o corpo perde resiliência, ou seja, a capacidade de se adaptar e se recuperar diante de desafios como doenças, perdas e outros fatores estressores. Isso explica porque infecções simples podem se tornar mais graves e porque a recuperação de uma enfermidade tende a ser mais lenta em pessoas idosas.

O papa Francisco, com seus 88 anos, é um exemplo vivo dessas mudanças. Nos últimos anos, tem enfrentado problemas respiratórios, dificuldades de locomoção e internações recorrentes por infecções. Sua trajetória ilustra uma realidade comum a milhões de idosos no mundo: mesmo com acompanhamento médico de excelência, o envelhecimento impõe desafios à saúde.

Por isso, a longevidade deve ser acompanhada de cuidados constantes. A adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física e acompanhamento médico regular, contribui para a manutenção da qualidade de vida na velhice. Envelhecer é um grande privilégio. Que possamos encarar essa fase desafiadora com saúde, dignidade e autonomia.

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Onde falhamos no caso da Vanessa Ricarte? Algumas reflexões.

21/02/2025 07h15

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A Casa da Mulher Brasileira (CMB) é um espaço público que agrega um conjunto articulado de ações da União, do Estado e do município para a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, trabalho, entre outras. 

É um modelo revolucionário de enfrentamento à violência contra a mulher, pois integra e articula os equipamentos públicos voltados às mulheres em situação de violência. Foi inaugurada em 2015 pelo governo federal e representa o sonho da efetivação de uma política pública integrada e de um atendimento humanizado para as mulheres. Dessa forma, todos os órgãos e serviços da CMB buscam, de forma integrada, oferecer os serviços especializados, no mesmo espaço público, para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres. 

Nessa nota, vamos refletir sobre o feminicídio ocorrido no dia 12/2/2025 da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, que mostra uma triste realidade de falha de um conjunto de procedimentos legais e de acolhimento existentes, procedimentos esses que deveriam ser eficazes e ágeis em defesa e proteção das mulheres.

Em áudio, Vanessa descreve ter informado a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) a decisão de retornar a sua casa, onde estava o agressor. Nesse caso, o percurso deveria ocorrer com a escolta da Patrulha Maria da Penha ou da Segurança Pública, conforme o protocolo de avaliação de risco para as mulheres em situação de violência que orienta o atendimento da CMB.

Cabe avaliar todos os procedimentos da CMB, mas vamos nos ater a algumas situações que foram relatadas nos áudios de Vanessa, divulgados pela mídia. Destacamos abaixo algumas dessas situações/constatações:

  • Não pode haver dúvidas em relação ao relato da vítima, o interrogatório não pode parecer uma acusação. Não podem ser tratadas com desconfiança em nenhum setor da Casa, o ambiente deve ser de confiança e respeito às mulheres;
  • A vítima deve ser esclarecida sobre o que vai acontecer depois do B.O. e também quanto aos diferentes e possíveis atendimentos;
  • O formulário de avaliação de risco é importante para os encaminhamentos necessários e pode ser aplicado por todas as instituições da CMB;
  • Na maioria das vezes, a mulher não tem percepção do risco existente, mas a equipe da Casa deve avaliar a partir do histórico do agressor e aplicar medidas rigorosas de proteção;
  • É preciso implantar protocolos para vítimas a partir do histórico do agressor (B.O.s anteriores);
  • O atendimento psicossocial é de responsabilidade do município e precisa ser reforçado, cumprindo o seu papel, principalmente no sentido de monitorar as mulheres a partir dos pedidos de medida protetiva de urgência;
  • A formação/capacitação da equipe de atendimento e acolhimento à vítima deve ser continuada; 
  • É preciso diminuir o tempo de espera das mulheres para serem atendidas.

É importante que o colegiado gestor da Casa, que tem a função de integrar as diferentes áreas no sentido de oferecer intervenções positivas e humanizadas às situações de violência contra mulheres que procuram o serviço, possa avaliar e entender quais as falhas do mecanismo de proteção às mulheres em todos os serviços e rever os processos de atendimento.

Ressaltamos que a elaboração de documentos/ protocolos/registros é tão importante quanto o acolhimento e o atendimento humanizado, que consta nas diretrizes gerais da Casa. A vítima deve ser recebida de forma a se sentir confiante para aceitar as propostas e aderir às recomendações. 

O setor psicossocial da CMB tem uma grande responsabilidade nesse processo de acolhimento, na prestação de atendimento continuado. Inclusive, todos os outros serviços da CMB podem encaminhar as mulheres para o atendimento pela equipe de apoio psicossocial, caso seja identificada essa necessidade. No caso de violência recorrente, a equipe precisa orientar e mostrar à vítima que o risco aumentou.

Se a gente se colocar no lugar dessas mulheres, o que a gente quer? Ser bem atendida, não é? Para a mulher, faz toda a diferença ser bem atendida. Assim, todos os serviços da Casa devem assumir o compromisso de oferecer um atendimento integral e humanizado às mulheres. É um lugar que acolhe, apoia e liberta. 

Nosso sonho é que a CMB continue contribuindo para que possamos ter uma sociedade mais humana, menos machista e uma cultura de respeito, dignidade e igualdade de gênero na sociedade. Não vamos mais permitir que a força física e o machismo destruam a dignidade e/ou a vida das mulheres.

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