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Como democratizar o acesso à IA pode mudar a economia brasileira

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A inteligência artificial (IA) deixou de ser promessa futurista e se tornou um motor de transformação econômica atual. Estimativas de especialistas indicam que a adoção da IA pode adicionar até 13 pontos porcentuais ao PIB brasileiro até 2035, um impacto que ilustra não apenas o potencial da tecnologia, mas também a urgência de torná-la acessível a todas as pessoas e empresas. Afinal, os ganhos não podem ficar restritos a grandes corporações: precisam ser compartilhados com todo o ecossistema produtivo.

Esse movimento já está em andamento. Dados do IBGE mostram que a indústria nacional tem avançado na incorporação da inteligência artificial em processos produtivos. E não se trata de uma realidade distante das pequenas empresas: estudos recentes apontam que 61% das PMEs brasileiras já utilizam algum tipo de ferramenta de IA. A transformação digital, portanto, não é e nem deve ser exclusividade de gigantes.

O desafio está na profundidade do uso. Embora a adoção esteja em curso, a maior parte das PMEs ainda explora a IA apenas para funções operacionais básicas. Segundo a AWS, 80% das PMEs brasileiras utilizam a tecnologia de maneira limitada, enquanto apenas 10% conseguem avançar para usos mais sofisticados, como análises preditivas ou automação estratégica. Isso revela um paradoxo: a tecnologia já chegou até elas, mas seu potencial permanece subutilizado.

É aqui que a democratização se torna essencial. Tornar a IA acessível não significa apenas disponibilizar ferramentas, mas também garantir conhecimento, capacitação e integração estratégica para que empresas de todos os portes consigam extrair valor real da tecnologia. Democratizar a inteligência artificial é reduzir desigualdades entre grandes e pequenas empresas, equilibrar a competitividade e, sobretudo, acelerar a modernização de um país em que a maioria dos negócios é formada por PMEs.

Por fim, vale concluir que a inteligência artificial já mostrou que pode transformar a forma como trabalhamos e produzimos. O próximo passo é garantir que essa mudança alcance a todos. Pois esse é o caminho para que o Brasil realize plenamente o potencial de crescimento que já está ao nosso alcance.

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Consumo sustentável no Natal: por que queremos fazer diferente, mas repetimos velhos padrões?

24/12/2025 07h45

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Entra ano, sai ano e você está lendo um outro texto sobre “todo ano”. Sim, repetimos os mesmos rituais. Rituais são importantes, mas quando engessam nossos comportamentos comprometendo a saúde do planeta, merecem ser repensados.

Pense nas notícias que apontam o aumento das compras de Natal, enquanto as redes sociais exibem discursos apaixonados pela ideia de sustentabilidade. Há intenções bonitas por toda parte: consumir menos, reciclar mais, trocar presentes artesanais. Mas, quando chega dezembro, o fluxo arrasta todo mundo para o mesmo lugar; e quem planejou um Natal minimalista sai do shopping com três sacolas e uma boa desculpa.

Se isso parece familiar, é porque é mesmo! O Natal é um terreno emocional poderoso, em que a gente caminha entre presentes que funcionam como gestos simbólicos importantes – e qualquer tentativa de reduzir consumo parece, no fundo, uma declaração afetiva arriscada. “Se eu não der um presente, será que a pessoa vai achar que não me importo?” A mente interpreta essa dúvida como ameaça social e empurra a decisão para o lado que garante nosso pertencimento, não nossa sustentabilidade.

Talvez seja por isso que muitas famílias até mencionam a ideia da troca simbólica, mas na hora h alguém aparece com lembrancinhas extras “só para não ficar chato”. É a velha lógica do comportamento automático, em que o esperado pela tradição pesa mais do que aquilo que a pessoa acredita ser o ideal. E a conveniência completa o ciclo. Quando a alternativa sustentável exige mais esforço, tempo ou coordenação, a mente escolhe o caminho fácil. Afinal, dezembro já é cheio demais!

Não é só isso. Existe o fenômeno da compensação emocional. A pessoa recicla embalagens e, com isso, sente que ganhou “créditos” para consumir sem culpa. É o famoso “eu fiz minha parte, agora mereço”. A consciência alivia, mas o padrão permanece intocado. Ao mesmo tempo, cresce o mercado do “natal sustentável” vendendo novos objetos para diminuir o excesso de objetos. É um paradoxo quase poético: compramos ferramentas para reduzir compras. Uma engenharia emocional sofisticada, e bem pouco eficiente.

Influenciadores minimalistas ganham espaço, mas ainda disputam atenção com campanhas natalinas que ativam nostalgia, pertencimento e emoção forte. A mensagem implícita é que amor se mede em quantidade de caixas, e não em qualidade das trocas (já sabemos disso também, mas afinal estamos revivendo o ritual reflexivo do fim do ano). Existe saída? Certamente que sim, mas ela não começa na prateleira. Começa na negociação afetiva. Sustentabilidade natalina depende de redefinir simbolismos, conversar com a família sobre combinações possíveis e estabelecer limites antes do gatilho emocional dos últimos dias do ano.

Presentes podem mudar de forma sem perder significado. Quando todo mundo entender que o afeto não está no objeto – e sim na intenção e na história que o acompanha –, a rigidez do ritual é que precisa ser revisada.

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Natal: espírito do tempo e sua influência na política

24/12/2025 07h30

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O Natal é, antes de tudo, um tempo simbólico. Um marco no calendário que convida à pausa, à reflexão e ao reencontro com valores que, no cotidiano, ficam soterrados pela pressa, pelo conflito e pelo excesso de ruído. Num mundo marcado por tensões crescentes, polarizações profundas e debates cada vez mais agressivos, o espírito do Natal nos provoca a olhar para além das diferenças e a resgatar aquilo que nos une como sociedade.

Neste contexto, tenho insistido numa ideia simples, mas poderosa: mais gestão e menos polarização. Tal expressão não nasce da negação do debate político, tampouco do apagamento das divergências –que são naturais e até saudáveis num regime democrático. Ela surge da constatação de que o excesso de confronto, de ódio e de disputas estéreis tem afastado a política de sua finalidade maior: melhorar de forma concreta a vida das pessoas.

Falar em mais gestão é tratar de problemas reais do dia a dia, de serviços públicos que funcionam, de cidades mais humanizadas, de políticas públicas baseadas em planejamento, evidências e responsabilidade. É compreender que o cidadão comum não acorda preocupado com rótulos ideológicos, mas com o transporte que não chega, com a fila da saúde, com a qualidade (ou não) da escola dos filhos, com a segurança da sua rua e com as oportunidades de trabalho. Gestão é, portanto, um exercício permanente de escuta, de técnica e de compromisso com resultados.

Por outro lado, falar em menos polarização é reconhecer que o clima constante de antagonismo corrói a confiança social, fragiliza as instituições e dificulta a construção de soluções coletivas. A polarização excessiva transforma o adversário em inimigo, substitui o diálogo pelo ataque e empobrece o debate público. Quando isso acontece, todos perdem: a política, em qualidade; a Democracia, em densidade; e a sociedade, em coesão.

É justamente neste ponto que o espírito natalino se torna tão atual e necessário. O Natal nos lembra valores universais, como empatia, solidariedade, fraternidade e diálogo, e que não pertencem a um campo ideológico específico, a “um lado”, mas à própria condição humana. O gesto de acolher, de ouvir o outro e de buscar pontes em vez de muros carrega força transformadora, que ultrapassa o âmbito pessoal e alcança o espaço público.

Quando transportamos este sentimento para a Política, estamos falando de uma prática mais madura e responsável, capaz de reconhecer diferenças sem transformá-las em ódio; de discordar sem desumanizar; de competir sem destruir.

Que possamos aproveitar este tempo simbólico para desacelerar, rever posturas e repensar prioridades. Que o espírito do Natal nos inspire a construir uma sociedade menos agressiva, mais justa e mais solidária. Que esta época do ano nos lembre que o caminho do diálogo, da boa gestão e do compromisso com o bem comum é sempre o mais difícil – e, justamente por isso, o mais necessário.

Que o Natal renove em todos nós a esperança de que é possível fazer diferente – e, acima de tudo, fazer melhor e com mais empatia, solidariedade e humanidade.

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