Artigos e Opinião

CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial desta quarta-feira: "Colapso constante"

Confira o editorial desta quarta-feira: "Colapso constante"

Redação

09/08/2017 - 03h00
Continue lendo...

O caos revela-se no pronto-socorro fechado, agendamento de cirurgias suspenso e paralisação de funcionários.

Aauditoria completa nas contas da Santa Casa de Campo Grande mostra-se cada vez mais necessária e urgente. Só com esse resultado baseado em cálculos, no acompanhamento de receitas e despesas será possível “estancar a sangria” dos recursos públicos que nunca parecem suficientes para acompanhar os gastos com atendimento. Ou, quem sabe, esse mesmo levantamento será capaz de comprovar que as verbas são, de fato, escassas.

Hoje, porém, as providências não podem esperar mais. A população não pode temer ser barrada ou ficar sem vaga em uma emergência. Por isso, é preciso retomar o controle da administração do hospital, que está completamente desorganizada. O caos revela-se no pronto-socorro fechado, agendamento de cirurgias suspenso e paralisação de funcionários. Está evidente que o maior hospital do Estado não está oferecendo atendimento correspondente a sua capacidade.   

Tornaram-se quase rotineiras as paralisações promovidas por enfermeiros e técnicos de enfermagem que reivindicam pagamento dos salários atrasados. Os trabalhos são parcialmente interrompidos e faixas são colocadas na entrada do hospital em ações organizadas pelo sindicato da categoria. A direção da Associação Beneficente, mantenedora do hospital, é pressionada a cumprir seu dever, mas acaba aproveitando essa situação para alegar mais e mais dificuldades financeiras, jogando a culpa e responsabilidade ao poder público que precisaria ter ampliado os repasses mensais. Tanto que há faixas cobrando o prefeito, o que demonstra o direcionamento desse movimento. Essa “briga” arrasta-se há anos e não é possível ter expectativas de quando, enfim, haverá consenso. 

O momento caótico exige esforço conjunto, o que ainda não aconteceu na prática. O governador Reinaldo Azambuja não demonstrou grande preocupação com esse problema. Em agenda pública na segunda-feira, disse apenas que “a prefeitura não tem um hospital municipal, então ela precisa demandar aos hospitais públicos, em especial ao pronto-socorro que atende a Capital, que é a Santa Casa”. Em sua fala, desprezou o fato de sua gestão ter atrasado repasse de R$ 40 milhões para a saúde de 79 municípios, sendo R$ 21 milhões apenas para Campo Grande. Delegou a resolução do impasse apenas à prefeitura e à diretoria da Santa Casa. Até mesmo a participação limitada do Hospital Regional nos atendimentos foi minimizada. 

Caso de tamanha importância para todos os sul-mato-grossenses depende, sem dúvida, de esforço conjunto. Por enquanto, houve reunião promovida pelo Ministério Público Estadual, mas sem resultados práticos. Foram feitas críticas à regulação, mas a “pressão” e até chantagem frequentemente usadas como estratégia para reivindicar mais dinheiro não foram colocadas em pauta conforme esperado. A recusa de pacientes, como ocorreu no último fim de semana quando bombeiros levaram vítima de acidente, precisa ser avaliada, mensurados os riscos das graves consequências que essa omissão pode causar.  

É preciso pensar em soluções definitivas, chegando a quantitativo real dos gastos do hospital, amparado em análises transparentes e imparciais. Sem isso, as chantagens continuarão e administração da Santa Casa permanecerá sendo norteada pelo colapso constante, com graves riscos aos pacientes. 
 

ARTIGOS

Melhor idade: um convite para grandes aventuras

03/12/2024 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

As pessoas necessitam de um período para reavaliar as escolhas, explorar novos interesses e adquirir experiências inovadoras. O termo sabático, oriundo do hebraico shabat, está relacionado à tradição judaica de descansar a terra a cada seis anos de cultivo ininterrupto. Na terceira idade, um momento de pausa pode ser especial. Não é uma decisão fácil ou imediata, mas sim fruto de um processo de autoconhecimento e de estar disposto a sair da zona de conforto (ou de desconforto), enfrentando medos e desafios. Para que o projeto se torne exitoso, há três palavras fundamentais: antecedência, organização e planejamento.

Compartilho aqui a experiência que tive com meu marido, Paulo, de nosso período de pausa, após eu pedir afastamento do cargo de gestão que exercia há mais de 10 anos. Apesar de gostar imensamente do que fazia, não desvinculava o cansaço e o estresse que sentia a esse trabalho. Essa constatação me fez refletir e ver que era hora de “passar o bastão”, não sem antes praticar o desapego. O que fazer? O mundo tinha aberto as portas e o céu seria o limite!

Quantas possibilidades! Depois de várias “tempestades de ideias”, decidimos viajar por aproximadamente seis meses para a Europa em 2018, guiados por interesses comuns em história, cultura e arte do Velho Mundo.

Iniciamos a jornada pela Inglaterra e tivemos a oportunidade de conhecer e de interagir com pessoas de várias partes do mundo. Todo o roteiro foi em função do desejo de conhecermos as grandes obras de arte, como as contidas no British Museum, na capital inglesa, no Museu do Prado, em Madri, e no Louvre, de Paris, além de patrimônios históricos e culturais da humanidade, em lugares como Portugal e Alemanha. As vivências espirituais foram outro ponto alto do passeio, em espaços como a Sacré-Coeur, de Paris, o Self Realization Fellowship, de Dublin, e o templo de Neasden, em Londres.

Ao término de nossa viagem, voltamos com uma bagagem extraordinária de vivências e de conhecimentos que gostaríamos de passar para outras pessoas. Descobri o prazer de escrever e publiquei dois livros sobre a experiência, e Paulo entrou para o ramo do turismo. Valeu a pena? Muito!

Essa decisão precisa ter uma razão e um propósito, um plano de ação muito bem estruturado, com definição do tempo da pausa, do destino, dos custos e da preparação para o retorno, garantindo que essa experiência se reverta em crescimento pessoal ou profissional. Desperte sua criatividade e explore potencialidades que talvez nunca tenha imaginado, permitindo-se um período de pausa transformador!

Assine o Correio do Estado

ARTIGOS

Recomendações de Herman Benjamin para os juízes

03/12/2024 07h30

Arquivo

Continue Lendo...

Sempre tive uma vontade grande de conhecer pessoalmente o ministro presidente do STJ, Herman Benjamin, paraibano de Catolé do Rocha, e conversar com ele para beber seus vastos conhecimentos jurídicos, filosóficos, teológicos e humanitários tão importantes para sedimentar as suas sentenças e engalanar a cátedra onde sustenta com absoluta competência. Esse sempre foi um dos meus acalentados sonhos.

O ministro está tão próximo da minha cidade Ponta Porã e não pude concretizar essa aspiração em razão da fragilidade da minha saúde. Mas as oportunidades se renovam e quem sabe um pouco mais à frente poderei concretizar esse desiderato precioso. Mas é certo também, em outra vertente, que as suas decisões inseridas nos anais dos tribunais por onde peregrinou e ainda peregrina são sábias e pedagógicas e de valor inigualável. Não são conversas vazias e destituídas de fundamentos esse indicativo lançado pelo articulista. 

São provas robustas e insofismáveis emanadas daqueles que verdadeiramente amam o Direito e ainda consagram a sua vida inteira a serviço da Justiça como instrumento fomentador da paz social. Sim, porque o Direito, embora seja uma ciência abstrata, ele atrai, seduz e nunca chega a satisfazer a inteligência do seu estudioso diante da sua grandeza e do alcance dos seus propósitos.

Desde que nascemos, com o registro de nascimento, até quando morremos, com o atestado de óbito, tudo o que fazemos ou realizamos no curso da nossa peregrinação terrena está regulamentado por normas, regulamentos, portarias, decretos e leis que formam o nosso ordenamento jurídico. Base fundamental para referendar a justa distribuição da Justiça sempre que esse reclamo bater às portas dos juízos, instâncias ou tribunais.

Nessa linha de pensamento e de coexistência pacífica entre o Estado e a sociedade civil organizada surge o Judiciário como instrumento valioso para assentar a paz social, sobretudo quando foi esse o propósito do Estado para chamar para si a responsabilidade de distribuir a Justiça. Como o Estado se trata de um ente abstrato, ele mostra a sua face na pessoa física do juiz como responsável pela aplicação da Justiça. Não pode existir nada mais sublime do que isso. 

Consolidar a paz social com a aplicação da norma jurídica capaz de serenar os ânimos dos que buscam na Justiça o último guardião para a defesa dos seus direitos. E isso se torna mais evidente quando se constata a lisura dos nossos juízes, suas condutas morais, culturais, sociais, éticas e jurídicas no contexto da sociedade em que convive, como expressão maior para conquistar a respeitabilidade dos seus jurisdicionados.

Na primeira entrevista que concedeu, e que está estampada nas páginas amarelas da edição da Veja de setembro/24, disse a cada jovem magistrado com quem se encontra que a ambição da riqueza material ou quem sonha com um emprego glamouroso não deve ser juiz, estará na profissão errada. E sentenciou dizendo que o juiz no exercício da sua função judicante nunca será rico, e quem quer ser rico, não deve fazer concurso para juiz. 

Foi o desabafo diante de tantos tormentos que sacudiram os tribunais estaduais com os afastamentos de desembargadores de seu ofícios judicantes. Mas esse desejo enlouquecido que embrutece o ser humano não reside apenas nos limites do Judiciário. Outras tantas instituições sofrem com esse pesadelo. Nem o papa Francisco com o seu colégio de cardeais rebelde, e de outros tantos padres que se utilizam da sotaina para destruir sonhos justos e santos, vive momentos do seu pontificado sem tormentos. 

Em razão desses ditames, a nossa Carta Constitucional, para evitar essa vontade condenável, reservou aos integrantes do Judiciário as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos como instrumentos robustos para enfrentar os poderosos e vencer os desafios que todos os dias surgem na sua rotina de trabalho.

Parabéns ao nosso Estado, que recebe as mais altas autoridades do Judiciário brasileiro pelo colóquio. Parabéns a nossa sempre linda Campo Grande, terra de José Antônio Pereira, plantador de uma cidade de gente honesta, trabalhadora e que respeita a ordem, a lei e as autoridades constituídas. 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).