A construção de um sistema de transporte coletivo mais integrado, eficiente, justo e confortável passa por toda a população, e não somente pelas pessoas diretamente envolvidas.
É saudável para a sociedade civil que os cidadãos tenham visões diferentes sobre a forma de organizar a vida em comum. Alguns têm uma postura mais conservadora, voltada à austeridade e ao rígido funcionamento das leis e das regras. Outros, mais flexíveis e liberais, também são adeptos do respeito às leis, mas são mais flexíveis para mudá-las. É da busca pelo consenso, por meio do diálogo e da transigência entre os envolvidos, que nascem soluções que beneficiam a todos.
Em qualquer ambiente onde há a concentração de muitas pessoas – um condomínio, uma grande indústria ou uma cidade – são necessárias regras para levar organização ao meio e, ao mesmo tempo, ideias para melhorar a convivência e o relacionamento entre os presentes, além da elaboração de estratégias para tornar o cotidiano dos envolvidos mais leve.
E quando se fala em melhorar o dia a dia de um grupo, também é preciso que um ou outro tenha de ceder; afinal, em um contexto urbano, onde o espaço é compartilhado, prioridades devem ser estabelecidas. É importante elogiar a disposição em dialogar por parte de todos os envolvidos no sistema de transporte coletivo de Campo Grande. Ontem, a Câmara Municipal foi sede de importante debate entre os responsáveis pelo serviço que transporta milhares de moradores da cidade todos os dias: as autoridades municipais da área de regulação e trânsito, o Consórcio Guaicurus (concessionário do serviço público) e representantes dos usuários e da sociedade civil.
Apesar de divergirem em vários aspectos, todos os envolvidos no debate convergem em um ponto: eles defendem a implantação, de forma urgente, de um corredor exclusivo para os ônibus nas vias públicas do centro de Campo Grande, além de melhores condições dos pavimentos das ruas. As duas medidas poderiam trazer – poucos dias após a implantação – mais rapidez e conforto ao serviço prestado, sem contar com uma maior economia de combustível nos veículos que poderia impactar em várias medidas: por exemplo, aliviando os custos fixos que servem de base à tarifa e também liberando o consórcio para tornar a frota mais nova. Foi justamente o descumprimento das cláusulas contratuais que tratam sobre o limite de uso dos veículos pelo consórcio que gerou a abertura do debate.
Chegou o momento de soluções inteligentes e de planejamento para o transporte coletivo. Faixas exclusivas na Avenida Afonso Pena? Transferência de parte das linhas para vias alternativas, como 7 de Setembro, Maracaju, Rui Barbosa e Calógeras? Boas ideias serão bem-vindas neste processo para tornar a frota de Campo Grande mais eficiente, pontual e confortável.