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CORREIO DO ESTADO

Confira o editorial deste sábado: "Espera interminável"

Confira o editorial deste sábado: "Espera interminável"

Redação

08/10/2016 - 03h00
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Há, historicamente, denúncias de favorecimento em que os programas de habitação acabaram transformados em esculhambação política.

A fila de pessoas à espera de auxílio para conseguir acesso à casa própria só aumenta, sem que o poder público consiga ampliar os investimentos no setor. Os gastos do Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional para pessoas de baixa renda, somaram R$ 4,188 bilhões no País, de janeiro a agosto deste ano, queda real de 62,3%, no comparativo com mesmo período do ano anterior.

Na mesma linha de contingenciamento, os investimentos feitos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) reduziram 16,2% neste período. Reflexos da crise econômica nacional que impacta diretamente em todos os municípios. Essa estagnação, aliada ao alto índice de desemprego (também influenciado pela diminuição de obras e outros investimentos), levou a preocupante proliferação da quantidade de favelas. Carência que segue sem perspectiva de solução.

Sem recursos suficientes, diante da queda na arrecadação e sem esse auxílio da União, os gestores precisam improvisar “gambiarras” para, ao menos, tentar diminuir essa fila. O Governo de Mato Grosso do Sul publicou decreto normatizando  o Projeto Lote Urbanizado, voltado à população de baixa renda. A ideia é, resumidamente, que a Agência Estadual de Habitação Popular (Agehab) subsidie a construção da residência até o contrapiso, fossa séptica e sumidouro. As demais etapas da obra serão executadas pelo próprio morador, que poderá contar com assistência técnica e, no mínimo, um profissional técnico e um mestre de bras, para repassar as orientações da autoconstrução. Esse trabalho poderá ser feito pelo município, que também terá de doar o terreno, em caso de parceria.

A obra deverá ficar pronta dentro de dois anos, porém, se em seis meses o levantamento de alvenaria não for concluído, o selecionado perderá direito a casa. Trata-se de um modelo diferenciado, que pode dar certo, mas que dependerá da ajuda dos municípios.

Como sabe-se,a crise financeira que afeta a arrecadação do poder público também atinge diretamente o cidadão, que certamente precisará de auxílio para adquirir os materiais de construção e contar com suporte para executar a obra. Há, sem dúvida, benefícios em envolver o morador, pois são vários exemplos de mutirões com participação da comunidade que deram resultados positivos. Mas, há pessoas em condições de vulnerabilidade social, morando em barracos, que não podem continuar invisíveis, a exemplo de idosos que precisariam de assistência ainda maior.

Em Mato Grosso do Sul, são 32,5 mil famílias à espera de uma moradia. Fila que parece não diminuir, seja pela demanda que continua a aumentar ou pela falta de critérios para escolher os beneficiados. Em todo País, há, historicamente, denúncias de favorecimento em que os programas de habitação acabaram transformados em esculhambação política. Por isso, revisões são necessárias e, também, fiscalização para saber se essas moradias não acabaram vendidas pouco tempo depois.

A recessão econômica impôs aos governos a necessidade de recorrer a alternativas para, ao menos, tentar assegurar alguns investimentos indispensáveis, como ocorre no setor da habitação. Será opção para evitar a estagnação e tentar atender necessidades que, há muito, estão esquecidas. 
 

ARTIGO

Caminhos da vida

Algo que se encontra na vida e na lida de qualquer ser humano é a figura do Ídolo. Poderá ser manifestada em seres humanos, em seres sobrenaturais ou em seres espirituais.

14/09/2024 08h30

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Algo que se encontra na vida e na lida de qualquer ser humano é a figura do Ídolo. Poderá ser manifestada em seres humanos, em seres sobrenaturais ou em seres espirituais. São seres com enorme influência sobre comportamentos, controles sentimentais e até relacionamentos espirituais. 

São seres, uns severos e outros afáveis. Todos marcando com seus dons os limites da liberdade da ação e da locomoção. Quem se colocar sob sua proteção, terá privilégios e obrigações. Os privilégios relacionados mais com o lado espiritual, com o poder de bênçãos e de milagres. 

Quanto às obrigações, trata de ser fiel na observância das normas e dos comportamentos, seguindo à risca o descrito no livro da vida, que, diga-se, são muito exigentes e severos, impondo sacrifícios e castigos. Mas o mundo é assim. É feito por seres que buscam o bem e seres que buscam o mal. 

Seres que semeiam valores e seres que espalham discórdias, desavenças, e guerras. Bem claro se manifesta que esse mundo vive dividido entre o bem e o mal. Por onde andar encontrará seres comprometidos com o bem e seres comprometidos com o mal. 

E a escolha ficará por conta de cada um. Se esse mundo clamasse pela paz, se esse mundo promulgasse a união na paz, se esse mundo implantasse a paz, tudo estaria como o Criador, no princípio, estabeleceu. Isto é, que tudo estivesse em seu lugar, exercendo sua missão e cumprindo sua tarefa. 

Como os humanos não se comprometeram, o Criador enviou seu Filho único para apaziguar as nações e retomar a tarefa de construir e fazer com que a paz estivesse viva em cada coração, em cada família e em toda a terra. Esse é o ídolo que a humanidade necessita. Esse é o ídolo que a humanidade está procurando. 

Mas os que administram o poder têm em suas mãos o controle. E a felicidade continuará apenas um sonho. Infelizmente nem todos aceitam. Continua a preferência pela falsidade, pela mentira, pela discórdia e pela guerra. São esses que continuam fabricando armas e alegando que estão assegurando a paz e abolindo as guerras. 

E os inocentes continuam morrendo de fome, os jovens continuam desesperançados. Enquanto temos tempo e temos a mente sadia e o coração compassivo, unamos as forças na luta contra tanto sofrimento e tanto abandono. Enquanto Deus se compadece, façamos o mesmo para que não tenhamos um dia que nos arrepender. 

Nosso Mestre e Senhor, nosso Ídolo e nosso guia nos chama. Qual será nossa resposta? Continuar de braços cruzados? Dar graças a Deus por não estar na mira das armas de guerra? Ficar longe e lamentar os acontecimentos desumanos contra os povos mais pobres? Não nos contentemos em orar por eles. Busquemos recursos com os quais possamos diminuir a dor e contribuir com a desejada paz. 

Felizmente existem esperanças. Creio na boa vontade das nações e dos povos que creem em Deus. Vão mudar os conceitos. Vão mudar as maneiras de governar. Pois o mundo está cansando de tanta violência, de tanta injustiça. Finalmente a paz voltará. As nações vão se abraçar os povos vão se amar. E Deus vai abençoar. 

ARTIGO

(Não) É assim que acaba

Se, como sentenciou Shakespeare, entre a ficção e a realidade há mais mistérios do que a nossa vã filosofia possa ensinar, tratando-se da ficção artística, seja literária, seja cinematográfica, essa assertiva é mais constatável

14/09/2024 08h00

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Se, como sentenciou Shakespeare, entre a ficção e a realidade há mais mistérios do que a nossa vã filosofia possa ensinar, tratando-se da ficção artística, seja literária, seja cinematográfica, essa assertiva é mais constatável.

O badalado livro de Coollen Hoover, cujo título original é “It Ends With Us”, e que se tornou mais badalado recentemente, quando adaptado para as telas de cinema, é um típico exemplo de que o mundo da ficção nem sempre concorda (em gênero, número e grau) com esse mundinho em que vivemos.

Sem querer dar spoiler (e já querendo), parafraseando aqui o saudoso Jô Soares, o fim do filme não acaba da mesma forma que (no real) se encerram as turbulentas relações entre casais quando são permeadas pela indesejável violência doméstica, que hoje virou uma praga quase indizimável entre nós.

Nos últimos anos, o aumento do número de casos de violência doméstica praticados no País vem se tornando tão corriqueiro que, além de negligenciado, passou para o patamar da banalização.

Neste ano, por exemplo, só até junho, já haviam sido contabilizados 1.693 casos de feminicídio, e 793 tiveram o indesejado resultado letal, segundo levantamento realizado pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), que monitora esses casos no País.

Ao lado dessas fatalidades, ainda convivemos com a angustiante constatação de impunidade, seja em decorrência da ausência de maior austeridade na apuração dos crimes que chegam às autoridades, seja em razão das próprias subversões à ordem que os autores do delito conseguem empreender.

Esses dados não deveriam ser visitados somente quando nos aproximamos de datas que celebrem algum dia especial, como, por exemplo, o Dia Internacional da Mulher, já que isso acaba revelando a pura ineficácia em matéria de combate ao grave problema que insiste em permear nosso meio.

Voltando ao comparativo entre o que assistimos ao fim da ficção e o que diuturnamente temos em nosso cotidiano, um ponto chama bem a atenção. Em nossa dura e crua realidade, quando a mulher decide seguir seu caminho sozinha, sem mais a companhia da opressão que lhe subtrai a paz e o verdadeiro sentido de amar na vida, ela acaba mesmo é sendo perseguida até a eclosão de uma fatalidade pelo simples fato de o agressor “não aceitar o fim do relacionamento”.

Se realmente a vítima, mesmo que não denunciasse às autoridades ou a a pessoas próximas o que estivesse sofrendo, pudesse ao menos escolher ir embora e que o agressor a deixasse em paz, já seria uma conquista.

Entretanto, o que presentemente ocorre é que, quando ela decide pôr um fim ao “inferno de relacionamento” em que vive, acaba sendo inserida em outra penosa situação de subjugação praticamente interminável. E o que é pior, não conta com a segurança que deveria ser prestada pela sociedade e pelo Estado.

Não é raro que ela seja até desacreditada, não só por esses entes, mas até pela família, que lhe aponta o dedo, culpando-a por um relacionamento contraído que não deu certo.

Isso certamente só lhe afligirá e aumentará sua sensação de impotência, já tão medonhamente atingida a essa altura.

É preciso que esse debate ocupe as primeiras fileiras e pautas nas entidades e órgãos competentes, sob pena de que a dignidade e a liberdade das vítimas não venham a ser, no porvir, mais que uma mera ficção, um sonho impossível.

 

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