Artigos e Opinião

ARTIGO

Luiz Fernando Mirault Pinto: "Em busca da paz"

Físico e administrador

Redação

15/09/2015 - 00h00
Continue lendo...

Dizer um “bom dia”, lavar sua louça do café, apreciar e agradecer uma simples refeição a quem a preparou, são pequenos hábitos que revelam nossa aptidão de reconhecer nossas obrigações de urbanidade com seu semelhante, é um bom inicio para vivenciarmos a paz.  Eliminar os maus hábitos de alimentar a negatividade e descobrir o lado positivo das situações, assim como desarmar o espírito, também é um bom aprendizado para se estabelecer a paz.

A paz interna é o princípio da não violência e o primeiro passo em direção da paz integral é reconhecermos e aceitarmos  nossas limitações e as diferenças características do ser humano.

“Quando um ser muda, tudo muda”, assim dizia Pe. Paul-Eugène Charbonneau (teólogo, filósofo, sacerdote católico, e educador), que acreditava na paz e na conciliação entre os conflitos sociais que vivenciamos cotidianamente.  No momento em que nós mesmos reconhecêssemos que a paz está dentro de cada ser e quando deixássemos de impor nossas idéias a outrem, evitássemos controlar as pessoas do nosso entorno como se superiores fossemos, alimentando falsas expectativas de propriedade sobre as coisas, seria o inicio da paz; caso contrario nada mudaria se ficássemos esperando que ela surgisse a partir do outro. 

Constantemente a paz no mundo é ameaçada sendo a história da humanidade retratada pelos inúmeros conflitos entre nações, frente às contradições vivenciadas pelo homem quando proclama a paz enquanto se arma, propala harmonia enquanto se resguarda se diz solidário, mas acumula riquezas em benefício próprio.

Muitos imaginam que o contrario de paz, é a guerra! Engano! Paz é ausência de conflitos, é união, harmonia, entendimento. Significa também trégua, um momento em que cessa a discórdia, ou um tempo necessário para que se restabeleça a tranqüilidade e com serenidade sejam feitos acordos como base da conciliação.

Por outro lado guerra não é antônimo de paz! Significa uma ação hostil resultante de conflito, em que se confrontam interesses por meio de uma disputa armada, com armas físicas, psicológicas ou mesmo econômicas, tendo como cenário diversos motivos relacionados a crenças, raças, e demonstração de superioridade.

Há sempre um evento em destaque que nos tira a tranqüilidade como as moças da minoria yazidi seqüestradas pelo Estado Islâmico, no norte do Iraque, um fato específico como a imagem forte do pequenino de camisinha vermelha e bermuda azul, ainda calçado, nas areias de Bodrum na Turquia, a fumaça do dia 11 das Torres na América, ou a vitória sofrida da paquistanesa Malala de rosto marcado em prol da liberdade de expressão. Esses momentos  se destacam do cotidiano para que façamos a necessária reflexão do porque aqui estamos nesse mundo e ao abrigo dessas mazelas as quais indiretamente somos responsáveis por nossa omissão e pelo egoísmo de pensarmos que somos diferentes ou melhores daqueles que sofrem diariamente na expectativa de viverem a paz.

Apesar disso tais avisos passam ao longe sem deixar quaisquer rastros, e em alguns dias serão deletados de nossas mentes e se acumularão no passado da retrospectiva do ano. Os conflitos são milenares, criaram raízes, se perpetuam dando a impressão que são essenciais à vida humana e quando associados à comunicação instantânea, e a maciça informação, simplesmente se banalizam. 

A semente da paz vive em nosso coração. Ela se desenvolverá se plantada na família cujos pais terão a responsabilidade de estruturá-la pela educação respeitando as crianças ao eliminar os castigos (em especial os psicológicos, humilhantes e ameaçadores), participando da vida comum mas  impondo os limites sociais que evitem a lassidão e servindo para formatar um ser humano adjetivado (bondoso, generoso, compreensivo e tolerante) capaz de transcender as dificuldades sem perder a noção da realidade. 

Parafraseando a articulista Maria Ângela Mirault sobre “o 11 de setembro de todos nós...”, “é preciso, antes de tudo, que aprendamos a pensar e a agir em prol de uma conquista efetiva de paz, em nosso mundo particular, promovendo pequenas ações que sejam realmente potenciais para a quebra desse paradigma de violência, em toda a instância e em todos os lugares, a partir de ações individuais, locais e coletivas em benefício de nós, de toda a sociedade; enfim, de toda a humanidade”, ou seja, a mudança está dentro nós e depende apenas de pequenas ações. Curiosamente  Pe Charbonneau  faleceu há 28 anos, no dia 11 de setembro de 1987.

ARTIGOS

Melhor idade: um convite para grandes aventuras

03/12/2024 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

As pessoas necessitam de um período para reavaliar as escolhas, explorar novos interesses e adquirir experiências inovadoras. O termo sabático, oriundo do hebraico shabat, está relacionado à tradição judaica de descansar a terra a cada seis anos de cultivo ininterrupto. Na terceira idade, um momento de pausa pode ser especial. Não é uma decisão fácil ou imediata, mas sim fruto de um processo de autoconhecimento e de estar disposto a sair da zona de conforto (ou de desconforto), enfrentando medos e desafios. Para que o projeto se torne exitoso, há três palavras fundamentais: antecedência, organização e planejamento.

Compartilho aqui a experiência que tive com meu marido, Paulo, de nosso período de pausa, após eu pedir afastamento do cargo de gestão que exercia há mais de 10 anos. Apesar de gostar imensamente do que fazia, não desvinculava o cansaço e o estresse que sentia a esse trabalho. Essa constatação me fez refletir e ver que era hora de “passar o bastão”, não sem antes praticar o desapego. O que fazer? O mundo tinha aberto as portas e o céu seria o limite!

Quantas possibilidades! Depois de várias “tempestades de ideias”, decidimos viajar por aproximadamente seis meses para a Europa em 2018, guiados por interesses comuns em história, cultura e arte do Velho Mundo.

Iniciamos a jornada pela Inglaterra e tivemos a oportunidade de conhecer e de interagir com pessoas de várias partes do mundo. Todo o roteiro foi em função do desejo de conhecermos as grandes obras de arte, como as contidas no British Museum, na capital inglesa, no Museu do Prado, em Madri, e no Louvre, de Paris, além de patrimônios históricos e culturais da humanidade, em lugares como Portugal e Alemanha. As vivências espirituais foram outro ponto alto do passeio, em espaços como a Sacré-Coeur, de Paris, o Self Realization Fellowship, de Dublin, e o templo de Neasden, em Londres.

Ao término de nossa viagem, voltamos com uma bagagem extraordinária de vivências e de conhecimentos que gostaríamos de passar para outras pessoas. Descobri o prazer de escrever e publiquei dois livros sobre a experiência, e Paulo entrou para o ramo do turismo. Valeu a pena? Muito!

Essa decisão precisa ter uma razão e um propósito, um plano de ação muito bem estruturado, com definição do tempo da pausa, do destino, dos custos e da preparação para o retorno, garantindo que essa experiência se reverta em crescimento pessoal ou profissional. Desperte sua criatividade e explore potencialidades que talvez nunca tenha imaginado, permitindo-se um período de pausa transformador!

Assine o Correio do Estado

ARTIGOS

Recomendações de Herman Benjamin para os juízes

03/12/2024 07h30

Arquivo

Continue Lendo...

Sempre tive uma vontade grande de conhecer pessoalmente o ministro presidente do STJ, Herman Benjamin, paraibano de Catolé do Rocha, e conversar com ele para beber seus vastos conhecimentos jurídicos, filosóficos, teológicos e humanitários tão importantes para sedimentar as suas sentenças e engalanar a cátedra onde sustenta com absoluta competência. Esse sempre foi um dos meus acalentados sonhos.

O ministro está tão próximo da minha cidade Ponta Porã e não pude concretizar essa aspiração em razão da fragilidade da minha saúde. Mas as oportunidades se renovam e quem sabe um pouco mais à frente poderei concretizar esse desiderato precioso. Mas é certo também, em outra vertente, que as suas decisões inseridas nos anais dos tribunais por onde peregrinou e ainda peregrina são sábias e pedagógicas e de valor inigualável. Não são conversas vazias e destituídas de fundamentos esse indicativo lançado pelo articulista. 

São provas robustas e insofismáveis emanadas daqueles que verdadeiramente amam o Direito e ainda consagram a sua vida inteira a serviço da Justiça como instrumento fomentador da paz social. Sim, porque o Direito, embora seja uma ciência abstrata, ele atrai, seduz e nunca chega a satisfazer a inteligência do seu estudioso diante da sua grandeza e do alcance dos seus propósitos.

Desde que nascemos, com o registro de nascimento, até quando morremos, com o atestado de óbito, tudo o que fazemos ou realizamos no curso da nossa peregrinação terrena está regulamentado por normas, regulamentos, portarias, decretos e leis que formam o nosso ordenamento jurídico. Base fundamental para referendar a justa distribuição da Justiça sempre que esse reclamo bater às portas dos juízos, instâncias ou tribunais.

Nessa linha de pensamento e de coexistência pacífica entre o Estado e a sociedade civil organizada surge o Judiciário como instrumento valioso para assentar a paz social, sobretudo quando foi esse o propósito do Estado para chamar para si a responsabilidade de distribuir a Justiça. Como o Estado se trata de um ente abstrato, ele mostra a sua face na pessoa física do juiz como responsável pela aplicação da Justiça. Não pode existir nada mais sublime do que isso. 

Consolidar a paz social com a aplicação da norma jurídica capaz de serenar os ânimos dos que buscam na Justiça o último guardião para a defesa dos seus direitos. E isso se torna mais evidente quando se constata a lisura dos nossos juízes, suas condutas morais, culturais, sociais, éticas e jurídicas no contexto da sociedade em que convive, como expressão maior para conquistar a respeitabilidade dos seus jurisdicionados.

Na primeira entrevista que concedeu, e que está estampada nas páginas amarelas da edição da Veja de setembro/24, disse a cada jovem magistrado com quem se encontra que a ambição da riqueza material ou quem sonha com um emprego glamouroso não deve ser juiz, estará na profissão errada. E sentenciou dizendo que o juiz no exercício da sua função judicante nunca será rico, e quem quer ser rico, não deve fazer concurso para juiz. 

Foi o desabafo diante de tantos tormentos que sacudiram os tribunais estaduais com os afastamentos de desembargadores de seu ofícios judicantes. Mas esse desejo enlouquecido que embrutece o ser humano não reside apenas nos limites do Judiciário. Outras tantas instituições sofrem com esse pesadelo. Nem o papa Francisco com o seu colégio de cardeais rebelde, e de outros tantos padres que se utilizam da sotaina para destruir sonhos justos e santos, vive momentos do seu pontificado sem tormentos. 

Em razão desses ditames, a nossa Carta Constitucional, para evitar essa vontade condenável, reservou aos integrantes do Judiciário as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos como instrumentos robustos para enfrentar os poderosos e vencer os desafios que todos os dias surgem na sua rotina de trabalho.

Parabéns ao nosso Estado, que recebe as mais altas autoridades do Judiciário brasileiro pelo colóquio. Parabéns a nossa sempre linda Campo Grande, terra de José Antônio Pereira, plantador de uma cidade de gente honesta, trabalhadora e que respeita a ordem, a lei e as autoridades constituídas. 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).