O ano já caminha para o início de seu último trimestre. Foi um período em que o Brasil, e em especial o estado de Mato Grosso do Sul, demonstrou resiliência e boa performance no comércio internacional. Os números falam por si: no acumulado até agosto, Mato Grosso do Sul já superou a marca de US$ 7 bilhões em exportações, consolidando-se como uma das regiões mais dinâmicas do País, quando se trata de colocar produtos no mercado global.
Esse desempenho é motivo de celebração, mas não significa que o caminho tenha sido livre de obstáculos. No decorrer do ano, vivemos momentos de incerteza, que provocaram receio não apenas aqui, mas em todo o mundo. O mais emblemático deles foi o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que mirou diversos países e trouxe turbulência às cadeias globais de comércio.
Nesta edição, apresentamos de forma detalhada os produtos de Mato Grosso do Sul mais expostos a esse tarifaço. Em valores absolutos, trata-se de aproximadamente US$ 200 milhões, uma quantia relativamente pequena se comparada ao total exportado pelo Estado no ano passado – mais de uma dezena de bilhões de dólares. Ainda assim, como costumamos dizer na forma coloquial: “dinheiro é dinheiro”.
Não se pode subestimar o impacto que a taxação pode trazer a determinados segmentos produtivos, especialmente àqueles cuja dependência do mercado norte-americano é quase total.
Entre os produtos mais vulneráveis estão o ferro fundido, o sebo bovino, o couro, a carne bovina salgada e derivados, além de gorduras e ovos. Em alguns casos, como o do sebo e da carne salgada, praticamente toda a exportação de Mato Grosso do Sul tem como destino os Estados Unidos. É exatamente aí que reside o risco: se o mercado se fecha, produtores e indústrias locais precisam buscar alternativas rapidamente para não comprometer suas cadeias e receitas.
Esse desafio nos remete a uma reflexão maior. A economia global é um espaço cada vez mais competitivo e sujeito a mudanças abruptas de rumo. Tarifas, embargos e disputas geopolíticas não são novidades, mas vêm ganhando peso no comércio internacional contemporâneo. O Brasil, e particularmente Mato Grosso do Sul, precisa se preparar continuamente para lidar com esses fatores externos, diversificando mercados e fortalecendo acordos comerciais.
Mas, apesar das dificuldades, há razões sólidas para o otimismo. Em primeiro lugar, pela capacidade produtiva do Estado, que se reinventa a cada ano. Mato Grosso do Sul é, hoje, referência não apenas em commodities como soja, celulose e carne bovina, mas também em cadeias industriais que vêm ganhando relevância no cenário externo. Em segundo lugar, pela atuação do corpo diplomático brasileiro, que tem a responsabilidade de abrir portas e construir pontes comerciais em todos os continentes.
Não se trata de ingenuidade, mas de reconhecer que mesmo os entraves deste ano podem se tornar mais leves nos dias que virão. As negociações em curso, as alternativas de mercado já identificadas e a consolidação de novos destinos para os produtos brasileiros sinalizam que o impacto do tarifaço pode ser amenizado. A lição é clara: diversificar mercados, planejar rotas alternativas e manter o otimismo realista são passos fundamentais para continuar crescendo em um mundo que, por vezes, impõe barreiras, mas também oferece inúmeras oportunidades.
Mato Grosso do Sul seguirá exportando, e o Brasil seguirá sendo um país de vocação global.


