Mato Grosso do Sul ocupa uma posição geográfica que poucos territórios no Brasil – e mesmo na América do Sul – podem reivindicar. Ainda assim, essa vantagem estratégica parece não ser plenamente compreendida por parte significativa da população e, em alguns casos, nem mesmo por segmentos do setor empresarial local. Trata-se de um paradoxo que precisa ser enfrentado com mais informação, debate público e visão de longo prazo.
As autoridades que comandam o Estado já demonstram ter clareza sobre o valor dessa localização privilegiada. Projetos estruturantes vêm sendo discutidos e, em alguns casos, executados. No entanto, é fundamental que essa consciência ultrapasse os gabinetes e alcance a sociedade como um todo, para que decisões políticas, econômicas e empresariais caminhem na mesma direção.
Reportagem publicada pelo Correio do Estado chama atenção para um dado revelador: China e Estados Unidos estão atentos ao potencial da hidrovia do Rio Paraguai. Não se trata de um detalhe geopolítico irrelevante. A hidrovia é um dos principais corredores logísticos naturais da América do Sul, responsável pelo escoamento da produção de Mato Grosso do Sul e de parte de Mato Grosso, além de atender a Bolívia e a quase todo o Paraguai. O interesse de duas das maiores potências econômicas do mundo evidencia o valor estratégico dessa rota.
A hidrovia do Rio Paraguai tem uma importância logística que vai além do transporte de commodities. Ela poderia ser melhor explorada não apenas como via de saída da produção regional, mas também como corredor de entrada de cargas, insumos e bens industrializados, reduzindo custos, ampliando mercados e fortalecendo a competitividade do Estado.
Esse potencial se soma a outra vantagem decisiva: Mato Grosso do Sul está no centro geográfico da América do Sul. Isso não é pouca coisa. Projetos como o corredor bioceânico, que liga o Brasil aos portos do Pacífico, reforçam essa posição estratégica e desenham um cenário em que o Estado pode se tornar um verdadeiro hub logístico continental.
Quando se observa o mapa de forma ampliada, fica claro que a combinação de hidrovia, rodovias, ferrovias e corredores internacionais coloca Mato Grosso do Sul em uma posição singular. Cabe ao Estado – poder público, iniciativa privada e sociedade – compreender melhor essa realidade e agir de forma coordenada.
Temos vantagens que poucos têm. Falta, talvez, explorá-las com mais ousadia, planejamento e consciência coletiva.



