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"Novos métodos de ensino: algo efetivo ou apenas capricho das políticas públicas?"

Octavio Luiz Franco é coordenador do S-Inova Biotech e professor do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UCDB

Redação

16/08/2017 - 02h00
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Fato é que os tempos mudaram, tecnologicamente falando. Outro dia, por uma infelicidade do destino ou estupidez momentânea, mergulhei na piscina portando meu celular. Apenas descobri que o telefone estava em meu poder, quando ele, submergido, vibrou em meu bolso. Ao atender, descobri tristemente que a importante ligação nada mais era do que uma daquelas irritantes televendedoras de produtos fantásticos e que meu celular faleceria momentos depois, dando seus últimos suspiros, não sendo reanimado nem mesmo em um pote de arroz. Mas o maior problema viria depois. 

Após perceber horas mais tarde que estava sem celular, me senti completamente estressado e perdido por não ter mais acesso ao mundo virtual. Como um louco varrido, comprei um celular dois dias depois e percebi, olhando a mim mesmo, que tanto eu quanto nossa sociedade hoje vivem um momento peculiar de contatos intermitentes e completa vida virtual. Percebi que, como viciados, sentimos a necessidade completa de estarmos conectados o tempo todo, fazendo coisas que tecnicamente são completamente desnecessárias. 

Aos 40 anos, percebi que nesse quesito específico, não era diferente de algum adolescente com um celular na mão que fica conectado por horas a fio. Diz-se que eles são uma geração perdida e alienada ao mundo virtual. Mas seriam realmente eles diferentes de nós? A resposta é não. 

A prestigiada revista Nature, esta semana, publicou uma matéria mostrando que pessoas de todas as idades estão completamente imersas no mundo virtual. Indivíduos que nasceram nas décadas de 70 e 80 e que basicamente não tiveram sua juventude submersa pela onda digital utilizam tanto essas ferramentas como qualquer adolescente nascido no século 21. Em comparação direta, os vovôs digitais apresentam o mesmo número de amigos no Facebook ou seguidores no Instagran ou Twitter, com a diferença que esses indivíduos compram e gastam mais na internet. Mas esse fato nos leva a uma reflexão mais profunda, inclusive, nos métodos de ensino aos estudantes.  

Em um artigo publicado no mês passado na revista americana de ensino, conclui-se que, embora muitas escolas e universidades redobrem esforços para lidar com crianças e jovens adultos que são supostamente diferentes, isso aparentemente pode ser completamente desnecessário. Em suma, a aprendizagem colaborativa na sala de aula e o fornecimento de módulos de e-learning em cursos de graduação aumentam a cada dia e o aumento dos nativos digitais tem sido usado como motivo claro para mudanças de políticas públicas significativas em todo o mundo. Entretanto, a política educacional pode ser particularmente vulnerável a caprichos políticos, modas e pressupostos não verificados. 

Desde a troca de evolução para o criacionismo até a ideia de que múltiplos tipos de inteligência exigem múltiplas abordagens, as gerações de crianças têm sido educadas de acordo com dogmas, e não com evidências. As pesquisas mostram, por exemplo, que professores e especialistas em educação se inscrevem em inúmeros estilos de aprendizagem diferentes e opostos. Sob esses focos, as crianças podem ser categorizadas como sem compromissos ou adeptos, ativistas ou teóricos, globistas ou analistas, organizadores ou inovadores, ou aprendizes profundos ou de superfície. 

Mas essas categorizações devem seguir com a premissa de que devemos alterar o acesso e a oferta de tecnologia na sala de aula, simplesmente porque se acredita que a juventude está mais familiarizada com isso? Se seguíssemos a mesma lógica, deveríamos trocar o almoço das crianças por sorvete e batata frita, uma vez que, nos últimos vinte anos, as crianças tiveram maior contato com esses alimentos. 

É incontestável que as pessoas criadas nas últimas décadas tenham sido expostas a muita tecnologia digital. Entretanto, não há evidências de que exista uma nova geração de alunos jovens que somente capturam os processos de mudança que estão ocorrendo. Muitos membros da geração tecnológica com experiência digital usam a tecnologia da mesma maneira que muitos idosos absorvem passivamente informações. Nem tudo novo é sempre bom e devemos avaliar com qualidade o que realmente é importante para nosso alunato. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.

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Melhor idade: um convite para grandes aventuras

03/12/2024 07h45

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As pessoas necessitam de um período para reavaliar as escolhas, explorar novos interesses e adquirir experiências inovadoras. O termo sabático, oriundo do hebraico shabat, está relacionado à tradição judaica de descansar a terra a cada seis anos de cultivo ininterrupto. Na terceira idade, um momento de pausa pode ser especial. Não é uma decisão fácil ou imediata, mas sim fruto de um processo de autoconhecimento e de estar disposto a sair da zona de conforto (ou de desconforto), enfrentando medos e desafios. Para que o projeto se torne exitoso, há três palavras fundamentais: antecedência, organização e planejamento.

Compartilho aqui a experiência que tive com meu marido, Paulo, de nosso período de pausa, após eu pedir afastamento do cargo de gestão que exercia há mais de 10 anos. Apesar de gostar imensamente do que fazia, não desvinculava o cansaço e o estresse que sentia a esse trabalho. Essa constatação me fez refletir e ver que era hora de “passar o bastão”, não sem antes praticar o desapego. O que fazer? O mundo tinha aberto as portas e o céu seria o limite!

Quantas possibilidades! Depois de várias “tempestades de ideias”, decidimos viajar por aproximadamente seis meses para a Europa em 2018, guiados por interesses comuns em história, cultura e arte do Velho Mundo.

Iniciamos a jornada pela Inglaterra e tivemos a oportunidade de conhecer e de interagir com pessoas de várias partes do mundo. Todo o roteiro foi em função do desejo de conhecermos as grandes obras de arte, como as contidas no British Museum, na capital inglesa, no Museu do Prado, em Madri, e no Louvre, de Paris, além de patrimônios históricos e culturais da humanidade, em lugares como Portugal e Alemanha. As vivências espirituais foram outro ponto alto do passeio, em espaços como a Sacré-Coeur, de Paris, o Self Realization Fellowship, de Dublin, e o templo de Neasden, em Londres.

Ao término de nossa viagem, voltamos com uma bagagem extraordinária de vivências e de conhecimentos que gostaríamos de passar para outras pessoas. Descobri o prazer de escrever e publiquei dois livros sobre a experiência, e Paulo entrou para o ramo do turismo. Valeu a pena? Muito!

Essa decisão precisa ter uma razão e um propósito, um plano de ação muito bem estruturado, com definição do tempo da pausa, do destino, dos custos e da preparação para o retorno, garantindo que essa experiência se reverta em crescimento pessoal ou profissional. Desperte sua criatividade e explore potencialidades que talvez nunca tenha imaginado, permitindo-se um período de pausa transformador!

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Recomendações de Herman Benjamin para os juízes

03/12/2024 07h30

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Sempre tive uma vontade grande de conhecer pessoalmente o ministro presidente do STJ, Herman Benjamin, paraibano de Catolé do Rocha, e conversar com ele para beber seus vastos conhecimentos jurídicos, filosóficos, teológicos e humanitários tão importantes para sedimentar as suas sentenças e engalanar a cátedra onde sustenta com absoluta competência. Esse sempre foi um dos meus acalentados sonhos.

O ministro está tão próximo da minha cidade Ponta Porã e não pude concretizar essa aspiração em razão da fragilidade da minha saúde. Mas as oportunidades se renovam e quem sabe um pouco mais à frente poderei concretizar esse desiderato precioso. Mas é certo também, em outra vertente, que as suas decisões inseridas nos anais dos tribunais por onde peregrinou e ainda peregrina são sábias e pedagógicas e de valor inigualável. Não são conversas vazias e destituídas de fundamentos esse indicativo lançado pelo articulista. 

São provas robustas e insofismáveis emanadas daqueles que verdadeiramente amam o Direito e ainda consagram a sua vida inteira a serviço da Justiça como instrumento fomentador da paz social. Sim, porque o Direito, embora seja uma ciência abstrata, ele atrai, seduz e nunca chega a satisfazer a inteligência do seu estudioso diante da sua grandeza e do alcance dos seus propósitos.

Desde que nascemos, com o registro de nascimento, até quando morremos, com o atestado de óbito, tudo o que fazemos ou realizamos no curso da nossa peregrinação terrena está regulamentado por normas, regulamentos, portarias, decretos e leis que formam o nosso ordenamento jurídico. Base fundamental para referendar a justa distribuição da Justiça sempre que esse reclamo bater às portas dos juízos, instâncias ou tribunais.

Nessa linha de pensamento e de coexistência pacífica entre o Estado e a sociedade civil organizada surge o Judiciário como instrumento valioso para assentar a paz social, sobretudo quando foi esse o propósito do Estado para chamar para si a responsabilidade de distribuir a Justiça. Como o Estado se trata de um ente abstrato, ele mostra a sua face na pessoa física do juiz como responsável pela aplicação da Justiça. Não pode existir nada mais sublime do que isso. 

Consolidar a paz social com a aplicação da norma jurídica capaz de serenar os ânimos dos que buscam na Justiça o último guardião para a defesa dos seus direitos. E isso se torna mais evidente quando se constata a lisura dos nossos juízes, suas condutas morais, culturais, sociais, éticas e jurídicas no contexto da sociedade em que convive, como expressão maior para conquistar a respeitabilidade dos seus jurisdicionados.

Na primeira entrevista que concedeu, e que está estampada nas páginas amarelas da edição da Veja de setembro/24, disse a cada jovem magistrado com quem se encontra que a ambição da riqueza material ou quem sonha com um emprego glamouroso não deve ser juiz, estará na profissão errada. E sentenciou dizendo que o juiz no exercício da sua função judicante nunca será rico, e quem quer ser rico, não deve fazer concurso para juiz. 

Foi o desabafo diante de tantos tormentos que sacudiram os tribunais estaduais com os afastamentos de desembargadores de seu ofícios judicantes. Mas esse desejo enlouquecido que embrutece o ser humano não reside apenas nos limites do Judiciário. Outras tantas instituições sofrem com esse pesadelo. Nem o papa Francisco com o seu colégio de cardeais rebelde, e de outros tantos padres que se utilizam da sotaina para destruir sonhos justos e santos, vive momentos do seu pontificado sem tormentos. 

Em razão desses ditames, a nossa Carta Constitucional, para evitar essa vontade condenável, reservou aos integrantes do Judiciário as garantias constitucionais da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos como instrumentos robustos para enfrentar os poderosos e vencer os desafios que todos os dias surgem na sua rotina de trabalho.

Parabéns ao nosso Estado, que recebe as mais altas autoridades do Judiciário brasileiro pelo colóquio. Parabéns a nossa sempre linda Campo Grande, terra de José Antônio Pereira, plantador de uma cidade de gente honesta, trabalhadora e que respeita a ordem, a lei e as autoridades constituídas. 

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