As eleições municipais que estão prestes a acontecer no País, em primeiro turno, revelaram, desde o curso das candidaturas e das campanhas deflagradas, que grande parte do eleitorado brasileiro, embora tenha escolhido seu candidato, não está devidamente entusiasmado, sob aquela sensação de que “não há nada de novo sob o sol”.
Embora se aponte, aqui e ali, uma mudança de tema de representantes eleitos, em razão da chegada de novos nomes que ainda não exerceram mandatos, os critérios de escolha tradicionalmente adotados pelos eleitores ainda não são, geralmente, bem definidos.
Comparando-se às eleições municipais, com a última ocorrida em 2020, conclui-se que aquelas eclodiram em meio a uma situação bem incomum: as campanhas de divulgação de candidaturas ficaram muito restritas, em função das limitações impostas pela pandemia.
Somado a isso, o desinteresse em se buscar saber mais sobre os candidatos ou o desencanto natural que foi tomando conta do eleitor nos últimos anos fizeram-no ir às urnas mais por um sentimento de obrigação ou por desencargo de consciência que propriamente por alguma convicção firmada em propostas ou projetos.
A partir daí, foi possível detectarmos, por meio do resultado das eleições, que ainda subsistem algumas formas de se exercer a cidadania ainda não desejosamente ultrapassadas, tais como o voto de protesto, daquele eleitor que escolhe algum nome só para subverter a seriedade da escolha.
Ou ainda o voto de cabresto, daquele que escolhe algum nome por cega ou compulsória obediência a “mandões” da política. Cresce a cada dia, porém, o ceticismo quase absoluto dos que votam nulo ou em branco, sob uma forte e indesejável desesperança.
Entre tantos, o mais preocupante mesmo é a constatação de que ainda existem aqueles que até as vésperas das eleições não sabem em quem votar, seja por desconhecimento acerca das reais propostas e intenções dos candidatos, seja pela desimportância que atribuíram a essa manifestação de exercício democrático.
Tenho certeza de que muitos (e)leitores ainda se deparam com questionamentos relacionados a pelo menos um desses perfis referidos, o que é até compreensível, por já vivenciarem tantas desilusões, que hoje estão soterradas sob os escombros dos sonhos acumulados, ao longo da caminhada como cidadãos.
Todavia, embora esse sentimento de incerteza, que de nós fatalmente se apodera, insista em nos rodear, o recado aqui é para que cada eleitor não deixe de ir às urnas, não só pela oportunidade que se tem de escolher, democraticamente, seus representantes, mas por ser direito e dever moral, que nos cobrará durante mais uma jornada de quatro anos.
Basta uma análise ou comparação com outros períodos eleitorais pretéritos para se chegar à conclusão de que ainda precisamos de muita maturidade e de conhecimento sobre a responsabilidade de nossas escolhas, tendo em vista que muitos deixaram de votar sem justificativa ou empecilho.
Aproveitemos o tempo e a oportunidade que, diferentemente de alguns países, temos do livre direito de escolher, constitucionalmente assegurado, sempre lembrando que foram tão duros os percursos e percalços para a conquista do voto universal e de valor igual, sem distinção de qualquer natureza.