Artigos e Opinião

EDITORIAL

Santa Casa refém da própria má gestão

A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, responsabilidade na gestão e respeito por quem sustenta sua missão

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A situação vivida pela Santa Casa de Campo Grande ao fim de mais um ano é, infelizmente, a repetição de um roteiro conhecido – e previsível.

Há, pelo menos, uma década, o maior hospital filantrópico do Estado é vítima não apenas de um sistema público de saúde subfinanciado, mas, sobretudo, de escolhas administrativas equivocadas, da falta de planejamento e de uma gestão que parece incapaz de romper com seus erros históricos.

Neste fim de ano, o cenário chega a um ponto simbólico e constrangedor: a instituição depende, literalmente, de um milagre para pagar o 13º salário de seus funcionários.

Profissionais que sustentam o atendimento diário de milhares de pacientes, que enfrentam plantões exaustivos, superlotação, escassez de insumos e pressão constante, agora convivem com a angústia de não saber se receberão um direito básico. Isso não honra o nome “Santa Casa”.

Não há justiça social, não há moralidade administrativa e tampouco humanidade em deixar esses trabalhadores à mercê da incerteza.

É evidente que o problema não se resume à gestão interna. O subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma realidade nacional, e a Santa Casa, como tantas outras instituições filantrópicas, sofre com valores defasados, repasses insuficientes e atrasos frequentes.

O poder público tem, sim, parcela relevante de responsabilidade nesse quadro. Ignorar isso seria desonesto. No entanto, usar essa realidade como justificativa permanente para a ineficiência interna é igualmente inaceitável.

O que salta aos olhos é a aparente falta de disposição da administração do hospital em buscar eficiência, especialmente no campo financeiro.

Os números mostram que apenas o serviço da dívida – os juros e encargos pagos anualmente aos bancos – seria suficiente para quitar não apenas o 13º salário e evitar o acúmulo de outras obrigações em atraso, mas também de quitar quase toda a folha anual. Isso revela um modelo de gestão que prioriza a manutenção de passivos bancários em detrimento do compromisso com seus trabalhadores.

Mais uma vez, a saída apontada parece ser recorrer a novos empréstimos ou aguardar aportes emergenciais do poder público. Trata-se de um ciclo perverso. Endividar-se para cobrir despesas correntes, como folha de pagamento, não é uma estratégia de sustentabilidade; é um atalho para o colapso.

Empréstimos deveriam servir para investimentos, modernização, ganho de eficiência e redução de custos futuros – não para tapar buracos mensais de um caixa cronicamente desequilibrado.

O resultado é uma dívida cada vez menos saudável, maior dependência externa e nenhuma solução estrutural. Enquanto isso, a transparência sobre gastos, contratos e decisões estratégicas segue insuficiente, o que apenas aprofunda a desconfiança da sociedade e dos funcionários.

É lamentável que um hospital com tamanha importância social, histórica e simbólica chegue a esse ponto ano após ano. A Santa Casa precisa de mais do que socorros emergenciais: precisa de coragem para mudar, de responsabilidade na gestão e de respeito por quem sustenta a sua missão.

Sem isso, continuará sobrevivendo de milagres – e milagres, como se sabe, não fazem planejamento financeiro.

ARTIGOS

Terrorismo e religiosidade

Fundamentalismo dos terroristas de todos os matizes é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio

22/12/2025 07h45

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A propósito do recente e trágico ataque ocorrido na Austrália, que vitimou diversas pessoas – algumas delas fatalmente – durante a pacífica celebração do Hanukkah, a festa das luzes da comunidade judaica, impõem-se algumas reflexões sobre os motivos e as consequências de tal ato.

À falta de definição mais apropriada, e sem entenderem bem o que teria motivado os ataques, aparentemente praticados por pessoas isoladas, os analistas chamaram a atenção para a facilidade com que se adquirem armamentos hoje em dia, fenômeno que ocorre também em nosso País.

É simbólico que a festa das luzes seja muito próxima dos festejos de Natal. Também no Tempo do Advento as luzes da coroa vão sendo acesas em crescente até que a Luz do Mundo venha a nascer na noite tão esperada pelos cristãos.

Jesus Cristo não selecionava ninguém. Qualquer pessoa seria bem acolhida por Ele, bastando que professasse o único mandamento propriamente cristão: ama o próximo como a ti mesmo. Aliás, o Cristo ia além e dizia: amai vossos inimigos, o que revela, igualmente, o modelo mais aberto de compreensão da pessoa do próximo.

Na verdade, o fundamentalismo dos terroristas – de todos os matizes – é antissemita, anticristão e anti-hislamista, porque se vale da inimizade aos valores religiosos para disseminar o ódio, a cultura de morte a que já se referia São João Paulo II.

Trata-se, portanto, do mesmo tipo de fundamentalismo que outros grupos de terroristas praticam para excluir as minorias de todo o tipo, mesmo as que não professem nenhuma crença.

É simbólico que tenha sido Ahmed, o sírio, a desarmar um dos terroristas, o que lhe custou dois ferimentos.

Esses terroristas disparam, inclusive pelos meios de comunicação virtual, contra todos aqueles que não pensam como eles. Eis quem são, em certo sentido, os verdadeiros fundamentalistas do ódio. Por que teriam escolhido a reunião do Hanukkah, tão plena de simbolismos?

Não nos prendamos a esse vetor. Basta atentar para os recentes ataques a uma mesquita e a uma feira natalina para que se ponha foco na essência do que está em jogo.

A enorme confusão ideológica e doutrinal do terrorismo revela, antes de tudo, mentes perturbadas, incapazes de discernir entre o bem e o mal. Ou, se quisermos embaralhar ainda mais as cartas, incapazes de discernir a esquerda da direita.

A confusão ideológica, aliás, não é apenas um sintoma de desordem mental, mas a estratégia consciente de aniquilar a pluralidade inerente à condição humana.

O extremismo, ao se apropriar de símbolos sagrados e transformá-los em bandeiras de exclusão, trai a própria essência de qualquer fé que pregue a transcendência e o amor ao Criador, pois desumaniza a criatura feita à sua imagem.

Desta forma, o verdadeiro combate ao terrorismo não se limita à repressão policial ou militar, mas passa necessariamente pela defesa intransigente da educação e do diálogo inter-religioso.

É a luz da razão e da tolerância que deve ser acesa para dissipar a escuridão do fanatismo, provando que a diferença de crença jamais pode ser motivo para a guerra, mas sim o motor para um enriquecimento mútuo da civilização.

Urge que os homens de boa vontade se ergam, em uníssono, em favor de uma cultura de paz e de liberdade religiosa, e que todas as luzes se acendam em alerta contra toda e qualquer manifestação terrorista.

ARTIGOS

A Câmara Municipal de Campo Grande foi atuante e presente no dia a dia da Capital

Depois de anos, a Câmara ouviu o clamor popular e retomou uma de suas funções mais importantes: investigar

22/12/2025 07h30

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Assumir a presidência da Câmara Municipal de Campo Grande nesta legislatura que se iniciou este ano significou representar a Casa de Leis com o compromisso de estar presente de verdade no cotidiano da Capital.

Presente nos debates, nas decisões difíceis e nas cobranças que a população faz todos os dias. Ao longo deste primeiro ano, mostramos na prática o que sempre defendemos. Câmara CG, Presente por Você não é um conceito vazio. É postura. É trabalho diário. É compromisso com quem vive a cidade e espera soluções.

Logo no início do ano, tivemos a CPI do Transporte Público. Depois de anos, a Câmara ouviu o clamor popular e retomou uma de suas funções mais importantes: investigar.

A CPI não foi espetáculo, foi trabalho sério. Produziu relatórios técnicos, apontou falhas, identificou responsabilidades e apresentou encaminhamentos concretos, hoje, nas mãos dos órgãos executores.

Prova disso foi a instauração de inquérito por parte do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para dar continuidade às apurações iniciadas pelos vereadores da nossa Casa de Leis. A Câmara esteve presente onde precisava estar, enfrentando um problema histórico e dando respostas à população.

Outro marco deste ano foi o Projeto Pronto pro Trabalho, construído em parceria com o Senai e a Fiems, com a meta de capacitar até 10 mil pessoas para o mercado de trabalho.

É a Câmara atuando além do plenário, preparando a população para as oportunidades que estão surgindo e ainda vão surgir. Qualificação profissional sempre foi um caminho seguro para gerar emprego, renda e dignidade. E a Câmara fez sua parte.

Neste ano, mais de 1,5 mil profissionais foram capacitados para o mercado de trabalho. Uma conquista que aproxima os parlamentares de trabalhadores e de parceiros estratégicos.

Nada disso seria possível sem articulação política e institucional. Este é um plenário plural, com posições diferentes, visões distintas e debates intensos.

Ainda assim, a Mesa Diretora atuou com diálogo, respeito e capacidade de interlocução, sempre criando pontes. A Câmara buscou parcerias com instituições, entidades representativas, universidades, setores produtivos, além da classe política e das bancadas federal e estadual.

Essa atuação ativa permitiu construir agendas que transformaram diálogo em resultados concretos para Campo Grande. Divergências não paralisaram a Casa. Pelo contrário, fortaleceram um ambiente propositivo, em que a Câmara esteve presente para unir esforços e entregar resultados.

Os problemas da cidade existem e nunca foram ignorados. Falta de medicamentos, buracos nas ruas, demandas urgentes em todas as regiões. A Câmara não se omitiu. Fiscalizou, cobrou, dialogou e buscou soluções.

Um exemplo claro foi a devolução de R$ 9 milhões do duodécimo para apoiar a prefeitura na Operação Tapa-Buracos. Foi uma decisão responsável, tomada com foco no interesse coletivo. Em momentos difíceis, a Câmara esteve presente, ajudando a cidade a seguir em frente.

Também reafirmamos, ao longo do ano, a autonomia e a independência do Legislativo. Atuamos com equilíbrio, mas sem submissão.

A derrubada de vetos do Executivo garantiu a destinação de emendas remanescentes para a compra de insumos voltados às mães atípicas e assegurou o pagamento de emendas do Fundo Municipal de Assistência Social para entidades do Terceiro Setor, que atendem a população em situação de vulnerabilidade. Quando foi preciso decidir, a Câmara esteve presente e foi firme.

Nada disso é obra de um único vereador ou da Mesa Diretora isoladamente. Agradeço aos colegas vereadores e vereadoras, que compreenderam a importância do diálogo institucional e do compromisso com Campo Grande. Cada avanço é fruto de construção coletiva.

Encerramos este primeiro ano da atual legislatura com a consciência tranquila de que o trabalho foi feito. Seguimos para 2026 com responsabilidade, respeito à história desta Casa e foco no cidadão.

A Câmara Municipal continuará presente, vigilante, atuante e disponível. Porque o nosso compromisso é claro, todos os dias: Câmara CG, Presente por Você.

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