O tema da redação da prova do Enem desse ano foi sobre a “intolerância religiosa”, perguntando aos alunos caminhos para combate-la em nosso País. Existe uma espécie de armadilha nessa questão, como se o Brasil fosse um país intolerante, nesse sentido. Quando, na verdade, sabemos que o nosso País é um dos mais tolerantes em matéria cultural e religiosa.
O tema exigiu evidentemente muita atenção e uma dose maior de informações, que talvez nem todos tenham, para responder com precisão o assunto. Uma leitura, por exemplo, do “Casa Grande & Senzala”, do Gilberto Freyre, mostra claramente como somos um País de grande diversidade cultural, e que, inclusive por termos uma formação que contou com uma grande influência católica, nunca existiu entre nós níveis de hostilidades e agressões por motivos religiosos como ocorrem em outros países.
Nós sempre convivemos com todas as culturas, raças e credos, num clima de aceitação das diferenças muito maior que em muitos outros lugares do mundo. É fato inegável que somos um país tolerante culturalmente.
Conversando com estudantes que fizeram a prova, muitos estavam preparados para o tema, mas muitos deles foram unânimes em dizer que a palavra-chave, nesse contexto, é o respeito. Nós devemos respeitar os que pensam diferente de nós, e não impor nossa fé e convicções a quem quer que seja. Isso é importante. Qualquer imposição, nesse sentido, acaba sendo uma ato de intolerância, e até mesmo uma forma de violência, mesmo quando sutil.
Por isso, um dos caminhos para combater a intolerância religiosa está na base do respeito, em afirmar uma cultura que aceite a diferença do próximo, respeitando em suas opiniões e posicionamentos. É o primeiro passo, digamos assim, para expressar a cultura da tolerância.
Numa sociedade de pluralismo cultural, como a nossa, temos uma maior tendência ao diálogo, ao entendimento, á conciliação. Faz parte da nossa identidade cultural.
Por isso, dificilmente vicejaria no Brasil uma cultura de extremismos, como infelizmente ocorre em várias partes do mundo, com violências cometidas, por diversas formas, muitas vezes, por motivações religiosas e não somente políticas. Precisamos combater qualquer espécie de fundamentalismo, seja político ou religioso. Assim estaremos fortalecendo a nossa democracia e, em particular, nossa cultura da tolerância.


