Existe quem confunde crer com admitir. Crer é uma conquista espiritual enquanto admitir é uma opção intelectual. Crer é sair de si para se deixar amar e conduzir por alguém ou por alguma força sobrenatural. Admitir é uma escolha de interesse intelectual.
Crer, de acordo com a doutrina cristã, é uma atitude de pessoa adulta. É opção de quem não se contenta com aquilo que alguém lhe transmite e desafia sua própria capacidade em seguir uma determinada crença.
Muitos são os comportamentos e variadas são as escolhas para quem pensa e faz do pensar uma forma original de construir seu caminho. Respeita outros caminhos e constrói o seu próprio sem interferir no dos outros. Vive livre e satisfeito por saber que se encontra seguro em seu modo de caminhar e definir seu pensar.
Sabe ainda que pelo fato de ter optado por um determinado caminho terá que respeitar os demais que tambem conduzem a um objetivo de valor. Pois todos são iluminados pela fé e alimentados pela esperança de chegar a bom termo nesse seu caminhar.
Todo o caminhar exige convicções sérias e seguras. Não há como andar apenas sonhando ou aventurando conquistas. Tudo tem seu peso. Tudo tem seu preço e suas normas. E conduz ao sagrado. Crer será, então, caminhar para o sagrado e com o sagrado. E se concretiza nas obras.
O apóstolo Tiago dizia para seus seguidores: “Meus irmãos, se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta isso? A fé sem obras está completamente morta”. (Tg.2,14-16) A fé não é uma teoria, não é um sentimento interior. A fé é um compromisso que deve se manifestar através de atitudes e de obras que testemunhem a crença.
Esse compromisso produzirá frutos se houve desprendimento pessoal, se realizar sua tarefa com alegria e caminhar sempre no caminho do Senhor. Sabemos que nesse mundo existem muitos homens e mulheres dizendo que crêem em Deus, mas não respeitam as criaturas de Deus. São falsos e mentirosos. Podem enganar os homens, mas não enganarão a Deus.
Existem tambem homens e mulheres que, apesar das limitações pessoais, encontram energias e forças para materializar sua fé e sua comunhão com os irmãos e com Deus. São pessoas que nem sempre pertencem a alguma igreja, ou instituição espiritualista, mas amam o ser humano nas mais variadas situações. E fazem dele um altar onde imolam seus sentimentos de amor e de ternura. E garantem que retomará a esperança e a alegria.
São seres humanos sem certidão de batismo, sem carteirinha de dizimista, mas com um coração apaixonado pela vida e pela dignidade e voltados carinhosamente para o sofrimento humano transformando-o em vida nova e alegria sem limites.
São seres humanos conscientes de sua fé que corajosamente decidem colocar suas forças a serviço de quem não tem como sobreviver. São pessoas humanas de natureza e divinas por opção. São pessoas frágeis por suas fraquezas e fortes em sua fé. São pessoas limitadas em sua inteligência e mártires em sua opção.